Reconhecimento PORTO Cycling Team “Douro Granfondo” 2015
(também disponível em
http://www.facebook.com/notes/porto-cycling-team/reconhecimento-douro-granfondo-2015/883123448418102 Aproveitem para passar na nossa página e deixar um like...)
Tudo tem um início. E o nosso Reconhecimento do “Douro Granfondo” não é exceção. E cá está a tradicional “foto da partida”, onde se juntaram todos os companheiros que participaram nesta jornada. Para além dos suspeitos do costume, tivémos a companhia da malta da Régua e de Tarouca, que demonstraram bem que estas terras, para além das belas paisagens, da gastronomia e do excelente vinho, são povoadas por muito boa gente que, ainda por cima, pedala que se farta.
Recordamos ainda que já fizemos o reconhecimento do trajeto do “Douro Mediofondo”, onde poderão encontrar as nossas considerações habituais, bem como os conselhos para quem vai para a Régua no dia da prova.
O plano para este dia era fazer o Reconhecimento do percurso oficial do “Douro Granfondo”, sendo que a última subida, de Vacalar, ou Armamar, tal como é designada no roadbook da prova, já era conhecida e seria sempre uma opção a avaliar posteriormente.
Mapa Oficial do Percurso do “Douro Granfondo” (
www.dourogranfondo.com)Mapa (
www.dourogranfondo.com)
E, já que estamos a falar em roadbooks, como não poderia deixar de ser, tínhamos de fazer o nosso que, para além de útil, estava muito bem feito, como de costume… Claro que o peso compromete um pouco a performance, mas o ar profissional compensa!
O roadbook PORTO Cycling Team para o trajeto do Granfondo
Um último momento antes da partida, para garantir o sucesso da operação. O grupo era composto por ciclistas com andamentos muito diferentes, em que alguns iriam, neste dia, superar o registo de volta com maior acumulado, enquanto outros estão numa forma invejável, umas verdadeiras máquinas de esmagar cranks. Mas, como pensamos em (quase) tudo e colocamos o bem estar dos nossos “atletas” em primeiro lugar, tivémos o cuidado de levar um importante equipamento, que ajuda a resolver todas as diferenças de andamento, que designámos por “Nivelador de Performance”.
Entrega do “nivelador de performance”. (Sim, é uma “Sopa de Letras”. Continua a ser um meio muito eficaz para matar o tempo...)Entrega do “nivelador de performance”. (Sim, é uma “Sopa de Letras”. Continua a ser um meio muito eficaz para matar o tempo...)
Bem, vamos lá pedalar neste magnífico trajeto. São 163 kms, 3330 m de Acumulado, paisagens lindas de morrer, estradas fantásticas, enfim, já conhecem a história. E fica já aqui um compromisso para o resto deste texto: não nos iremos referir (muito) à beleza natural do percurso, ao apelo irresistível a parar para tirar fotos e contemplar a paisagem única. É que, se entrássemos neste campo, nunca mais sairíamos daqui...
Ponte pedonal na Régua, sobre o Rio DouroPonte pedonal na Régua, sobre o Rio Douro
Km. 0 ao Km. 24: “O Plano Maravilhoso”
Régua - Pinhão
Demos-lhe o nome no Reconhecimento do “MedioFondo” e não há motivos para mudar: “O Plano Maravilhoso”, uma vez que Miguel Torga chamava a estas terras “O Reino Maravilhoso”. A N222, entre a Régua e o Pinhão constitui a porta de entrada nesse Reino, e não há muito a dizer. Uma estrada larga, em bom estado, sem inclinações dignas de registo, em que a única dificuldade, no dia da prova, será acompanhar o ritmo diabólico que já se adivinha.
Neste ponto, já muito perto do Pinhão, faz-se a separação dos trajetos do Mediofondo e do Granfondo. Virar à direita e fazer o Granfondo é uma excelente ideia. Mas é necessário ter consciência que se trata de uma decisão que, tal como na vida, tem as suas consequências. A foto abaixo mostra este local. Também se diz que aquele tasco que ali aparece tinha os melhores peixes do rio das redondezas. É, seguramente, uma informação a apurar melhor…. noutro dia.
O local da separação Mediofondo / Granfondo
[/url]
Km. 24 ao Km. 38: A 1ª Subida: São João da Pesqueira
Segmento Strava:
http://www.strava.com/segments/7630248
Subida para São João da Pesqueira
Não vamos dizer adeus ao Douro, mas sim um breve até já. Começa aqui a primeira subida do dia. São 14 kms., com uma inclinação média de 4,4%, que são relativamente constantes. A dificuldade, aqui, é apenas ditada pelos kms. e pelo ritmo escolhido.
A qualidade desta estrada faz-se notar logo nos primeiros quilómetros percorridos. Piso excelente, paisagem indescritível e muita simpatia por parte dos locais, que cumprimentavam e acenavam à nossa passagem. No topo, a maior exposição ao vento pode ser um fator a ter em consideração, no dia da prova.
Mais uma pequena amostra do que irão encontrar nesta primeira subida do dia
Km. 38 ao Km. 52: De São João da Pesqueira à Barragem da Valeira
O topo da primeira subida do dia deixa-nos a cerca de 2 kms. de São João da Pesqueira. É uma descida sem grandes dificuldades, mas após a travessia do centro desta bela localidade, o piso torna-se um pouco pior, com algumas curvas apertadas, até ao Km. 45. Não é nada de particularmente complicado, mas é muito diferente do que iremos encontrar no CM 1121, ou seja, a estrada que nos vai levar do tal Km. 45 até à Barragem da Valeira.
Descida até à Barragem da Valeira, com as tradicionais Laranjeiras em flor a decorar a paisagem....
Após o cruzamento retratado na foto, e até ao Km. 52, ou seja, até à travessia da Barragem propriamente dita, a descida é feita por uma estrada larga, com bom piso, sem grandes curvas. Toca a aproveitar esse ventinho na cara, que não é coisa para durar muito. E para olhar para a paisagem, porque na próxima subida, do outro lado da encosta, desconfiamos que ninguém vai ver coisa nenhuma….
Na foto acima, para além das “Laranjeiras” em flor, podem ver bem a diferença no piso. Mas, se dúvidas houvesse, cá vai uma comparação entre duas imagens retiradas do Google Maps.
A diferença entre o piso de duas zonas distintas desta descida
Uma nota relativamente ao Cachão da Valeira, local de lendas e perigos, onde se iniciaram as primeiras obras de desobstrução e melhoria da navegabilidade do Douro, em 1530. A barragem data de 1976, mas foi em 1861 que aqui se virou o barco do Barão de Forrester, que foi arrastado até ao fundo do rio por causa do cinto carregado de dinheiro que levava consigo. D. Antónia Adelaide Ferreira, a “Ferreirinha”, não se terá afogado porque as saias de balão a fizeram flutuar... Mas esta é “só” uma história de muitas que poderão encontrar ao longo de todo o percurso. E serve apenas para reconhecer, com humildade, que pouco mais fizemos que ver e admirar o Douro. Porque, para conhecer o Douro, meus amigos, ainda há que percorrer muito quilómetro, com outra calma e outro tempo.
Km. 52 ao Km. 67: A 2ª Subida: Carrazeda de Ansiães
Segmento Strava (só primeiros 7,5 Kms.):
http://www.strava.com/segments/7301823
Cachão da Valeira
No Strava, o segmento existente aponta apenas para os primeiros 7,5 Kms. desta subida que, no roadbook da prova, assinala 15 Km. a 4,3%. Quase igual à anterior, certo? Nada mais errado!
O primeiro Km. desta subida é pacífico. Bela paisagem, pouca inclinação. Mas os 3 Kms. seguintes são muito duros, com o declive a superar, muitas vezes, os 10%. Depois, a coisa alterna entre o razoável e o duro, até cerca do Km. 59.
A partir daí, e até Carrazeda de Ansiães, é só rolar. Em subida, claro, mas com inclinações muito moderadas. Em Marzagão, pelo Km. 62, existe uma breve passagem por piso empedrado. O final desta segunda subida é no centro de Carrazeda de Ansiães.
Subida, junto à Barragem da Valeira
Km. 67 ao Km. 87: De Carrazeda de Ansiães ao Tua
Não há grande coisa a assinalar nesta descida. É tudo perfeitamente normal nestas paragens: estrada fabulosa, paisagem de cortar a respiração (no bom sentido, claro), a sensação que o nosso País é um paraíso na terra e a pergunta que nos martela a cabeça durante todo o caminho: “Mas por que raio não venho para estes lados mais vezes e me ando a incomodar ali naquele inferno da N13, N14 ou de outra estrada miserável do género !!??”. O fim da descida é, também, o local onde se situa a estação ferroviária do Tua. Quem é que não vai ficar com vontade de regressar aqui? Já vejo o Cipollini a dizer: “Mamma mia! É la cosa più bella del mondo!”
Vista panorâmica da Estação do Tua
Km. 88 ao Km. 102: A 3ª Subida: Favaios
Segmento Strava:
http://www.strava.com/segments/7300372
A passagem pela estação ferroviária do Tua coincide com o início da 3ª subida do dia, que nos levará até Favaios, ou seja, ao ponto onde o percurso do Mediofondo e do Granfondo se juntam novamente. São 15 Kms. a 4% no segmento do Strava que indicamos, mas, na realidade, os últimos dois são praticamente planos, o que nos leva aos 13 Kms. que estão assinalados no roadbook oficial da prova.
Aqui, o destaque vai para o Km. 90, ou seja, para a passagem pela zona das obras na nova barragem. O sinal de trânsito que alerta para inclinações de 14% não engana. É um troço pequeno, mas bem duro. A partir daí, e até ao final da subida, as inclinações são muito moderadas.
A passagem pelas obras na Barragem do Tua e o sinal a avisar que isto não pode piorar muito...A passagem pelas obras na Barragem do Tua e o sinal a avisar que isto não pode piorar muito...
Olha... afinal pode...
A subida, perto de Alijó, já permite aqueles dois demostrar o seu ponto forte no ciclismo: a amena cavaqueiraA subida, perto de Alijó, já permite aqueles dois demostrar o seu ponto forte no ciclismo: a amena cavaqueira
Km. 102 ao Km. 111: Favaios / Rio Pinhão
A reunião do Mediofondo com o Granfondo é feita nesta rotunda, à entrada de Favaios. Uma nota: não vale a pena parar para ver se a pipa está cheia com o famoso moscatel. Nós já lá fomos e, infelizmente, não está…
A entrada em Favaios
A partir daqui, a nossa descrição do trajeto coincidirá com a efetuada para o Mediofondo, uma vez que, até final do percurso, ambos percorrerão exatamente as mesmas estradas.
No que diz respeito a esta descida, não há nada de muito relevante a assinalar, exceto as habituais recomendações de cautela, em especial, porque existem algumas curvas bem fechadas. Porém, ao chegar à localidade de Cheires, CUIDADO! Piso em pavé, inclinações na casa dos 10% e curvas fechadas… A organização deste evento tem provas mais do que dadas nestas coisas e, seguramente, no “dia D”, não faltarão avisos, bandeiras, alertas, etc.. Mas fica aqui mais um. Cheires é uma localidade que fica após Sanfins do Douro, algures lá pelo Km. 110.
Km. 111 ao Km. 115: A 4ª Subida do dia - Sabrosa
Segmento Strava:
http://www.strava.com/segments/8805194
O local onde se inicia a subida de Sabrosa, após a passagem por Cheires
No papel, é uma subida fácil: 4 Kms. a 8%. Mas, tendo em conta que, não raras vezes, a inclinação anda pelos 12%, já para não falar no cansaço acumulado, é certo que poucos serão aqueles que entrarão em Sabrosa com um sorriso nos lábios…
Perto do fim, a Porca vai torcer o rabo, ai vai, vai…
Km. 115 ao Km. 130: Sabrosa – Pinhão
Nova descida até ao Pinhão, desta feita composta por cerca de 15 Kms.. Novamente, nada a assinalar, para além de repetir os avisos de cautela. O piso é bom, mas as curvas são apertadas, por isso, juizinho, menos velocidade significa mais segurança e melhores oportunidades para apreciar a paisagem. O fim desta descida é no Pinhão, onde nos espera uma bela duma “massagem” durante pouco mais de 500 metros, cortesia do piso em paralelo, que termina na ponte do Pinhão.
A bela estação de comboios do Pinhão
Km. 130 a Km. 138: Pinhão – Ribeira de Temilobos
Logo após a saída do Pinhão, na direção da Régua, o regresso ao trajeto plano inicial, feito em sentido contrário, até ao cruzamento com a ribeira de Termilobos, a pouco mais de 8 Kms. da Régua. Nada de novo, exceto o peso nas pernas, que já deve ser bem superior ao que sentíamos, quando passámos por ali no início do dia.
Pinhão - Régua
Km. 138 ao Km. 145: A 5ª Subida do dia - Armamar
Segmento Strava:
http://www.strava.com/segments/6766918
Subida de Armamar
A viragem à esquerda, para Armamar, leva-nos à subida que apresenta a relação distância/acumulado mais dura do dia: 7 Kms. a 6,7% de média. Esta subida, designada por Armamar no roadbook da prova, e por Vacalar no Strava, é um belo rebuçado.
Na verdade, e uma vez que já conhecíamos “a peça”, optámos por dispensar o empeno final neste nosso reconhecimento. Ir a vacal(h)ar não é nada do outro mundo, mas é necessário ter consciência que, com 140 Kms. nas pernas, já não é um esforço ao alcance de qualquer um. Quanto à subida propriamente dita, note-se que é tudo menos constante, com troços a apresentar inclinações superiores a 10%. Mas, que diabo... a Régua está já ali à frente!
Km. 145 a Km. 163 – A descida final de um trajeto D’ouro
Do centro de Armamar até à entrada gloriosa da Régua, poucas são as dificuldades. A estrada é larga, o piso é bom e, seguramente, muito vai passar na cabeça de todos aqueles que chegarem até aqui. Até apostamos que o orgulho de ter participado numa prova mítica, o deslumbramento com a paisagem, a certeza que este dia vai ser recordado por muitos e longos anos, serão alguns dos pensamentos que não irão faltar. E outro ainda: Em que dia é a prova, p’ró o ano?
Médio ou Grande? As principais diferenças
Sabemos que ainda haverá por aí muitos indecisos. Médio ou Grande? Não temos a pretensão de dar conselhos ou recomendações, até porque, nestas coisas, cada um tem os seus objetivos e a sua condição física e o que é válido para um, não tem necessariamente que ser aplicável ou adequado para outro. Mas podemos transmitir uma ideia objetiva sobre o que entendemos serem as principais diferenças entre as duas provas, para além dos óbvios 1530 m de acumulado e 57 Kms. que constituem o diferencial dos dois trajetos.
Na prática, o Granfondo “substitui” a primeira subida do Mediofondo – Favaios -, com 14 Km., por 3 subidas similares: São João da Pesqueira, Carrazeda de Ansiães e Favaios (com o mesmo nome mas é uma subida diferente).
O resto do trajeto é exatamente o mesmo e estas 3 subidas do Granfondo são muito similares, em inclinação e em distância, à subida de Favaios do Mediofondo, exceptuando o início de Carrazeda de Ansiães e de Favaios do Granfondo, que são uns ossos mais duros de roer.
O Mediofondo é uma prova exigente, mas acessível ao “ciclista de fim de semana”, que está habilitado para fazer distâncias superiores a 100 Kms., com algum acumulado e que se encontra numa forma física razoável. O Granfondo também está ao alcance desse mesmo ciclista, mas vai exigir-lhe um esforço muito superior e um treino adequado para suportar os 3330 metros de acumulado.
Considerações finais
As avaliações ficam para o próximo dia 3 de maio. Mas o potencial desta prova é enorme. Podemos estar perante um evento gigante à escala internacional dentro de poucos anos. O trajeto é muito bom, a paisagem é única. A organização do evento é um elemento chave, mas o exemplo do trabalho desenvolvido no Gerês é motivo para um grande voto de confiança. A expectativa está bem lá em cima, mas algo nos diz que não haverá desilusões.
E terminamos aqui o nosso contributo, que foi elaborado, em grande medida, a pensar nos companheiros que não têm oportunidade de vir testar o percurso, mas que, tal como nós, gostam de conhecer, o melhor possível, o desafio que vão enfrentar. Foi feito com base na nossa experiência, no nosso modo apaixonado de viver esta modalidade e com as limitações próprias do ciclista amador. Que vos seja útil e… até ao dia da prova!
PORTO Cycling Team