Bem, que relato e passeio fantástico. Parabéns Duchene. Até já fico um pouco acanhado de relatar a minha volta de ontem, mas de qualquer forma fica a história:
Aproveitando o período de férias que foi sendo adiado de semana para semana por força do caudal de trabalho, ontem resolvi fazer mais uma incursão ao Montemuro. Desta feita fui à Serra de S. Pedro que, com os seus 1.100mts de altitude, penso ser o segundo ponto mais alto deste acidente montanhoso.
Não tenho mapa desenhado pois as estradas que escolhi para lá chegar são já bem conhecidas por todos e o desvio para a subida está muito bem identificado. Escolhi a 224 de Entre-os-Rios até Arouca, a 326 até Alvarenga. Aqui corte à direita em direcção a Castro D'Aire e meia dúzia de curvas à frente aparece o desvio para Bustelo, Noninha, Srª do Monte e Serra de São Pedro. Comecei a pedalar pelas 7:00 da manhã, sentia fadiga nas pernas e a determinada altura ponderava virar para Vila Viçosa em Alvarenga, mas decidi arriscar e ver como corriam as coisas.
Os primeiros 3kms da subida são duros, acessíveis e sem qualquer interesse. O piso é mau e a paisagem é "morna". Ao km 4 a paisagem muda radicalmente. Pode ver-se o Montemuro e suas eólicas, as aldeias de Bustelo e Noninha mais acima, e ainda mais acima o desfio asfáltico que me aguardava.
Até Bustelo é zona de descanso que chega mesmo a ter, para minha enorme surpresa, uma descida. Depois de se passar Bustelo, onde os simpáticos locais cumprimentam e ficam a olhar para o tolinho em cima da burra, começa-se a subir bem outra vez, mas ainda assim bastante acessível. Entretanto chega a aldeia de Noninha e vê-se na cara dos aldeões um misto de riso e espanto, e percebe-se bem porquê, pois a partir daqui começa a verdadeira subida. E que subida. São rectas e curvas com uma inclinação tremenda.
O conta voltinhas lá roçava os 6.5kms/h, mas o mais importante era manter as bpm estabilizadas. Ainda que não haja zonas de descanso, há apenas subida e rampas muito inclinadas, lá fui conseguindo "descansar" nalgumas zonas para fazer descer as batidas. O calor era imenso, o barulho de insectos a passarem de um lado para o outro e a inclinação a apertar comigo, mas estava mais ou menos controlado até à penúltima rampa acentuada. Aqui, não queria desmontar mas também não queria descontrolar as bpm mas para passar a rampa tive de me pôr em crenques o que disparou a batida. Felizmente a rampa deu lugar a subida e controlei-me um pouco mas mais à frente tinha a cereja no topo do bolo. Os últimos 600 / 800mts de estrada para os 1.100mts de altitude.
Infelizmente não consegui acalmar a bpm e optei por desmontar e fazer aquele pedaço a pé. Fiquei um pouco triste, pois, apesar de saber que ainda tenho poucos kms de experiência, o "fantasma do tabaco" voltou. Senti-me muito bem em termos musculares mas o pulmão e coração "traíram-me". Ainda sabendo que seja quase impossível, gostava de recuperar 100% dos estragos que os anos de fumador me fizeram.
Chegado ao topo o plano era descer por Casais e entroncar na 321 em Meridãos. Foi o que fiz, mas um bocado irritado pois a descida era, durante um par de kms, em paralelo. Felizmente foi só até Casais, mas mesmo descendo muiiiiito devagar as dores nas costas, braços e ombros eram inevitáveis. A estrada entre Casais e Meridãos é lindíssima. Nesta altura há muitas maias e o amarelo desta planta no meio do arvoredo é fantástico.
O resto é a descida para Entre-os-Rios sem qualquer ponto relevante. No final foram 120kms à média de 19.50kms/h. Esta subida é muito dura, na minha opinião mais dura que a subida de Faifa, mas não aconselho pois a descida em paralelo, ainda que por 2kms, é horrível. Cometi um erro que podia ter sido fatal, levei excesso de roupa, mas às 7 da manhã, quando comecei, estavam 8º e quando cheguei estavam 30. Estamos sempre a aprender...
Off topic
Ontem era dia de aniversário de namoro, e para meu espanto a minha mulher sugeriu irmos passear aonde eu já há muito tempo a queria levar, mas sem conseguir convence-la - a Estalagem Porto Antigo. Chegamos lá ao fim da tarde e acabamos por jantar lá. Ficou um pouco caro, mas era um dia especial, o pôr do sol no ancoradouro do hotel não tem preço e acabei por passar o dia numa zona realmente magnífica.
Abraços a todos