Se bem se lembram, tudo começou assim em princípios de Novembro em que coloquei um tópico relativo á possível aquisição de algumas bicicletas : (
http://www.forumciclismo.net/showthread.php?t=984)
…Restringi o perfil pretendido a um quadro em carbono de entrada de gama com um grupo 105, na versão compacta e com o objectivo duma montagem a rondar os 8.50kg iniciais e ao longo do tempo e fazer uns upgrades que a coloquem perto dos 7.50kg.
Com o pesquisar do assunto cheguei ao quadro C2C de 2010, que possui uma estética do outro mundo pelo que apesar de fugir um pouco ao orçamento, penso que acaba por preencher mais satisfatoriamente o perfil que tracei relativamente ao qual tinha descurado um pormenor.
- O factor emocional. As máquinas que usamos devem estar à exacta medida das expectativas dos nossos sonhos. Primeiro a emoção e depois a razão. Têm que ser um objecto de grande paixão.
Foi o tópico do user ALNM
http://www.forumciclismo.net/showthread.php?t=721 sobre sua B4P, o qual li desde o início com muita atenção e entusiasmo crescente (até demais) que me levou a inclinar-me, talvez decisivamente, pela Bianchi.
Desta introdução, retêm-se a frase que sintetiza o sentimento de possuir uma C2C Infinito Celeste, condimentado com uma espera de 4 meses.
“As máquinas que usamos, devem estar à exacta medida das expectativas dos nossos sonhos.
Primeiro a emoção e depois a razão. Têm de ser um objecto de grande paixão”.
Esta Bianchi, apesar de possuir uma pequena componente de competição, já que o tipo do carbono e o peso total do quadro, ser idêntico do quadro de competição (HOC) que equipa este ano o Team Cerâmica Flaminia de Riccardo Ricco, ambos com 1080gr. em tamanho 55, está posicionado na gama de conforto graças a uma geometria pouco agressiva com uma testa sobredimensionada e à inclusão de elementos em kevlar, quer nas escoras, quer na forqueta, esta totalmente em carbono e com um peso ao nível das forquetas mais leves (363gr. contra 330gr. da HOC).
Em particular a versão adquirida é a mais barata e a mais pesada (8,40kg sem pedais, de acordo com a tabela), equipada com um grupo 105, pedaleira FSA Gossamer megaexo e periféricos da FSA, designadamente espigão de selim, avanço e guiador, todos personalizados com cores especialmente estudados para esta Bianchi Celeste.
À partida optou-se por trocar dois componentes, nomeadamente a pedaleira que passou a ser uma Fulcrum Racing Torque (em carbono) na versão RS com cerca de 750gr.no total, o que significa um ganho de mais de 150gr. para além de uma estética e cores em que domina o negro e o vermelho, que se integra na perfeição com o objectivo de encontrar um contraponto harmonioso com a cor celeste. A outra troca foi mais simples, mas a pensar em upgrades futuros. Incidiu nas manetes ( 105 => Ultrega).
A montagem à saída da loja possuía 8,380gr.(8,41kg com o kit ciclometro), curiosamente cerca de 150gr. mais leve que as expectativas apontavam.
No entanto, a longa espera de mais de 4 meses, serviu para reflectir sobre outros pontos fracos da montagem inicial e com o tempo fomos adquirindo alguns componentes de maior qualidade e que permitiriam equilibrar a montagem relativamente à qualidade geral e reduzir o peso de acordo com as premissas traçadas muito antes da aquisição da bicicleta.
Conjunto das rodas :
A montagem inicial vinha com estas rodas – umas Fulcrum Racing 7, na base da gama Fulcrum, (1903gr. na tabela) equipadas com os apertos e os pneus Vittoria Rubino com a cassete 12x25 shimano 105.
No total: 3280gr. com 1890gr. para a roda posterior e 1390gr. para a roda da frente
Na troca, optamos pelas Campagnolo Eurus, com um peso efectivo de 1470gr ( frente - 620gr. e trás – 850gr.) cujo motivo, para além do peso, prende-se com o aspecto estético (incluindo as cores negra e vermelha), onde pontua o enraiamento 3G, exclusivo da Campy.
No total, 2430gr. com 1470gr. para a roda posterior e 960gr. para a roda da frente.
Naturalmente, não constituindo uma obsessão, o facto de ser uma marca italiana, favorece a imagem geral da bicicleta.
(Enraiamento 3G da Campy)
Também os apertos originais (com 125gr.) foram trocados por uns da New Ultimate, também vermelhos com apenas 35gr. no conjunto.
Os pneus Vittoria Rubbino com 340gr. cada foram trocados por uns Michelin Krilium (235gr.cada ) com vivos em vermelho, o que para além das vantagens estéticas, permitiu ganhar cerca de 210gr., o que, não sendo muito leves, não comprometem uma utilização normal sem os sempre inconvenientes furos. Efectivamente são pneus de treino, e cumprem na perfeição os objectivos para que foram adquiridos.
Em resumo, estas trocas contribuíram para um ganho efectivo de muitos gramas (precisamente 850gr.) para além de uma também efectiva melhoria decisiva no comportamento dinâmico da bicicleta, quer no que se refere às subidas, graças ao reduzido peso dentro da gama alumínio, quer no concerne ao plano, graças ao perfil médio dos aros (24mm / 28mm) e ao formato aerodinâmico do raios (21 atrás / 16 à frente).
Pedais : A Bianchi, à semelhança da maioria das marcas, não fornece bicicletas com pedais pelo que adquirimos previamente uns Look Keo Carbone, com 230gr. e umas cores que se harmonizam com os restantes componentes .
Selim : Á partida sabíamos que iríamos encontrar este selim montado – Um Fizzik Aliante Delta com um peso a rondar os 265gr. (confirmados) e uma estética, que apesar de personalizada com as cores do quadro, não era do meu agrado.
Depois de solicitadas algumas opiniões, a escolha incidiu sobre um Selle Itália Kit Carbonio Flow, que apesar do seu reduzido peso (cerca de 130gr.), se tem mostrado bastante confortável, mesmo nas longas kilometragens (uma etapa Porto – Coimbra com 170km feita com a Trek, já constituiu um bom teste prévio).
A montagem final que já inclui todas as alterações referidas, bem como o kit do ciclometro Sigma 1600 e o porta bidons montados, possui assim um peso bem inferior aos 7,50kg das expectativas iniciais, o que naturalmente constituiu uma agradável surpresa.
A Bicicleta:
“As máquinas que usamos, devem estar à medida dos nossos sonhos. Primeiro a emoção e depois a razão”.
Esta análise, ao contrário, do que acontece na maioria dos casos, não tem como objectivo mostrar os componentes ulta leves e eficazes que possibilitam tornar uma bicicleta de perfomances impressionantes.
Alguns dos componentes são bastante banais como a transmissão (105 e Ultrega) mas seguros e consistentes. Não é por aí que esta Bianchi se destaca nem é por isso que a Bianchi me atraiu. Para isso teria escolhido um puro-sangue de competição muito mais rígida, agressiva e leve, mas para quê se não faço competição?
A minha formação tem uma forte componente relacionada com artes plásticas pelo que naturalmente sou muito sensível a essa vertente nas coisas que me rodeiam.
E é disso que se refere este quadro. Um objecto de grande qualidade estética que vive do pormenor.
É um festival de curvas, ângulos e cores, cujo equilíbrio e harmonia resulta num conjunto extremamente virtuoso e belo.
Comecemos pela cor – Celeste (Azul ou verde, como queiram).
Todos gostamos de Ferraris, não gostamos?
Mas o vermelho ..., enfim, nem sou do Benfica, se fosse prata metalizado ou branco, às tantas era mais bonito.
Não existem Ferraris nessas cores, só vermelhos, negros e amarelos, contudo, se falamos em Ferraris, imagina-mo-los em vermelho, mesmo sem os vermos. Faz parte da nossa cultura, quer nos interessemos por carros ou não.
Um ferrari até podia possuir outras cores, lá isso até podia, mas não era a mesma coisa.
Assim acontece com a Bianchi, que tal como os Ferraris, também existem noutras cores.
Existirem até existem, mas não é a mesma coisa.
Mesmo que não se goste, Bianchi que não é Celeste, não é Bianchi, é uma aproximação.
Deixemo-nos de mais palavreado e admiremos esta Bianchi C2C no seu conjunto e dos vários ângulos.
E agora viremo-nos para os pormenores, de que vive no fundo a genialidade do design de qualquer objecto.
As decorações e informações escritas:
O símbolo na testa que dispensa comentários.
Os 125 anos de glórias
Feito à mão em Itália…o autocolante, ou o quadro inteiro?. Se assim é, constitui uma agradável surpresa.
O Infinito prazer de olhar o que é belo .
A personalização de alguns acessórios.
As subtilezas do quadro:
O esconder dos cabos, permitindo uma leitura mais limpa do quadro.
O suave elevar do tubo horizontal permitindo disfarçar o tamanho da testa.
A combinação das cores : O branco que permite suavizar a intensidade da cor do céu e o negro do carbono de revestimento 3K com o seu cruzamento de fibras típico.
As escoras – Reforçadas com kevlar para aborção de pequenas irregularidades do pavimento (não, não é uma btt de suspensão total).
O união das escoras superiores ao triângulo principal – em Whishbone, contribuindo para o conforto do quadro.
A união das escoras no eixo das rodas com o pormenor do aperto New Ultimate.
O remate da forqueta no eixo das rodas com o aperto rápido.
A união reforçada dos vários tubos junto ao eixo pedaleiro.
A forqueta : Full carbon com inserções em kevlar para absorção de irregularidades.
Conclusão : A conclusão desta análise das formas do quadro só pode ser uma :
“As máquinas que usamos, devem estar à exacta medida das expectativas dos nossos sonhos.