Castro Laboreiro ali tão... longe!!
Esta já está!!! Já ninguém ma tira!!!
Pois é pessoal, ontem foi dia de barrigada ciclística. Foram quase 12 horas em cima da bicicleta, que ao contrário que muitos possam pensar, foi um prazer. Era uma volta planeado há cerca de 8 meses, e que ontem se tornou realidade. Dados do meu garmin,
aqui
O planeado era começar a pedalar pelas 5,30, a partir de Famalicão, mas comecei cerca de meia hora depois, por opção. O Nikes ainda se mostrou interessado em me acompanhar, mas à última disse que não podia.
Vários contratempos surgiram, e logo à partida um deles me incomodou. Tinha-me esquecido das luvas. Sempre as utilizei, por isso senti logo a diferença, e durante todo o dia senti a sua falta. A temperatura igualmente muito baixa para a época, incomodou-me logo no início e não deixou de me prejudicar ao longo do dia, sobretudo nas descidas.
Às 6 da matina, a N14 estava muito tranquila, mas quando cheguei a Braga, já desejava sair dela o mais rapidamente possível. Pensava eu que a N101 (braga – Monção) me iria trazer mais calmaria, mas bem me enganei. Aliás só depois de Vila Verde é que comecei a entrar (lentamente) noutra dimensão. Por isto, decidi na volta não repetir a experiência. Para o regresso eu tinha 3 possibilidades, e uma delas seria a escolhida, mas iria fazê-lo ao longo do dia.
À entrada de Vila Verde
1ª grande dificuldade do dia. A subida, após, Vila Verde. É uma subidinha com cerca de 5 kms, muito gostosa porque a inclinação mantém constante, nos 4 -5%. Eu ia a aproveitar casa metro ou melhor… cada centímetro. Ponte da Barca ficou para trás, e depressa entrei em Arcos de Valdevez. Até ali o andamento tinha sido bastante constante e até um pouco elevado.
Foi nesta vila que fiz a minha 1ª paragem e a mais prolongada. Foram 10 minutos para beber um compal e comer uma sande. Foi igualmente a partir daqui que entrei noutra dimensão. Acabou-se o trânsito, e começou o silêncio e a tranquilidade.
As aldeias de Cabreiro, Sobreira e finalmente Sistelo, vivem ao ritmo do ambiente que os envolve. Mesmo o gado, paçorrento é condicionado por este ambiente. Dos Arcos a Sistelo, mais uma subida com cerca de 10 kms, em ritmo elevado, mas moderado, porque eu sabia o que me esperava. É mais uma daquelas subidas gostosas. Recomendo!! Logo no início da subida, eu perguntei (muitas vezes eu perguntoàs pessoas, somente para ver a diferença de opiniões. Seria interessante eu ter escrito todas elas, desde que ando de bicileta, porque iria dar um livro bastante interessante!!) a um senhor quanto kms faltavam para Merufe. Disse ele: “Faltam uns 30 kms”. Eu aceitei porque sabia que era verdade. Umas centenas de metros à frente perguntei a outro. Resposta dele: “ora, até Merufe, faltam uns………. 7kms”.
Aqui começaram as dificuldades.
Finalmente Merufe. Seria esta aldeia que marcaria o início da parte pior do percurso. E não me enganei. Logo a abrir as hostilidades, rampas de 16% a descer, com cotovelos apertadíssimos. Experimentem, e verão que não é muito agradável. Logo a seguir, rampas de 10, 11 e 12% durante unas intermináveis centenas de metros, antecedendo a entrada em Tangil. Como invejei o modo sereno e pacato daquelas gentes, nas suas lides agrícolas.
Nunca um santo esteve no sitio certo. Daqui para a frente foi mesmo a marcar passo.
Após esta aldeia, vieram então as verdadeiras dificuldades do dia. A longa, dolorosa e interminável subida a Santo António. Mas antes parei num café para me alimentar. Estava lá um sr. Que meteu conversa comigo. “Então o sr. Vem de onde?” “vai para onde?” e a pergunta que me partiu todo: “Faz a volta a Portugal!!!!?????” Apetecia-me rir, mas como ele foi tão franco, nem ousei esboçar um sorriso.
Rodas a rolar, pernas a bombar, lá fui eu muito lentamente, serra acima. São 12 kms muito duros de fazer. Para quem conhece: Misturem a subida Covilhã –Torre com a de Loriga – Torre e terão a subida. Foi nesta subida que fiz a minha primeira descoberta científica, que me deixou envergonhado. Descobri que as borboletas, conseguem voar a mais de 8 kms/h… a subir!!! Sim, é isso mesmo!!! Por várias vezes elas passaram por mim que ia a 8 kms/h.
A meio do calvário.
O topo.
Finalmente o topo, mas nem assim as dificuldades ficaram para trás. Até Castro Laboreiro, o carrossel é demolidor, com rampas de 11, 12, 14… 16%. Por fim Castro Laboreiro, aldeia que marcaria a mudança de rumo. Nesta aldeia parei para comer mais pesado. UMA sopa e uma sande vitela, vieram dar um novo alento ao meu estômago, já fustigado com “porcarias” que só me enjoam. Finalmente entrei em Espanha. A descida até Entrimo (Espanha) foi decepcionante. O forte vento contra a par dum alcatrão bom mas irregular, não me deixaram embalar e assim aumentar a velocidade como queria.
Gosto mesmo desta rapaziada. A sério!!
Entretanto, comecei nova escalada, desta vez em direcção à Portela do Homem. É mais uma subida de 13 kms, muito engraçada, com uma envolvência extraordinária. Divide-se em duas partes. A primeira, suave, é feita a bom ritmo, e a segunda, a seguir à ponte onde a estrada passa para a outra vertente da serra, já mais complicada, com inclinações a rondar os 7%.
Foi exactamente nesta subida que aconteceu o caso do dia. Eu caí… parado!!!!!! Passo a contar. Estava a precisar de encher os bidões, e decidi parar numa fonte ao lado da estrada. Ora, antes de parar, eu vi as condições de terreno junto à fonte e vi que estava ali uma armadilha. A fonte fica ligeiramente afastada da estrada, e os acessos um pouco difíceis para quem anda com sapatos de ciclismo. Do alcatrão à terra existe degrau significativo, e depois o terreno inclina muito até a um vala cheia de mato e água. Estupidamente decidi tentar colocar o pé na terra…. Já estão a ver o filma. O pé resvalou, e lá fui eu estatelar-me na vala, com a bicicleta por cima, e o pé esquerdo ainda engatado no pedal. Mas o pior ainda foi o desencaixar o pé esquerdo do pedal e levantar-me. Digo-vos que não foi fácil. Uns arranhões e uns picos espetados na pele, foi o resultado.
Portela do Homem ficou para trás, e a seguir veio a decepção do dia. Não me lembrava da subida até à Portela de Leonte. Foi demolidora e interminável, ao ponto de me irritar. Penso que como psicologicamente não estava a contar com ela, é que me custou tanto fazê-la. Mas à frente tinha a descida longa até à Caniçada. A meio ainda ponderei ir à Pedra Bela, mas descartei a possibilidade, visto ainda me faltarem cerca de 70 kms, e a hora já ir avançada. Fiquei com um amargo de boca, mas acho que optei pela possibilidade mais sensata.
mata de Albergaria.
Nova e última dificuldade: Cerdeirinhas. Na Caniçada tinha que optar ir por Amares, mas logo decidi subir as Cerdeirinhas. Sentia-me muito bem e com força, daí ter decidido fazer a subida. Fi-la com muito mais facilidade do que quando por lá andei com o Nikes, no ano passado. Finalmente o topo, na N106. Como me sentia tão bem, impus um andamento bastante forte, até porque o terreno a isso ajudava.
Finalmente tive que fazer a decisão final. Seguir em frente para Braga ou ir por Póvoa do Lanhoso, Taipas. Optei pela última, mas para reforçar a decisão parei junto de duas pessoas para colher informações porque não conhecia o caminho. Mas o que quero realçar é o que me disse um deles: “ Se você quiser cortar caminho para A Póvoa de Lanhoso. Segue por ali, sobe aquela serra e já lá está!” Eu já estava enjoado de subir e aib«nda tive que subir mais e de que maneira como pude ver. Não! Já chegava de subir! Assim lá fui eu, a ritmo sempre acima dos 30 kms/h. Os 35 kms que faltavam fi-los com muita facilidade a ponto de eu próprio ter ficado espantado com o meu estado físico, que estava excelente.
Por fim Famalicão. Satisfeito, aliás muito satisfeito, sobretudo por sentir uma frescura física que me impressionou, e de boa vontade vinha até ao Porto. Posso até dizer que há voltinhas de Domingo que me cansam e causam mais dano que a de ontem.
Dados do meu VDO Z1
Kms percorridos: 260
Média: 22,30
Tempo gasto: 11h38m
Velocidade máxima: 68,60kms/h
Acumulado positivo: 4407
Incl. Média positiva: 4%
Incl. Máxima positiva: 16%
Kms percorridos em ascenção: 100
Acumulado negativo: 4438
Incl. Média negativa: 3%
Incl. Máxima negativa: 15%
Kms percorridos em descida: 114