A questão não é ser fisicamente possível. Correr 100m é fácil e mesmo assim os 100m são a prova de atletismo como mais controlos positivos.
O que leva ao doping é a necessidade de ser melhor e isso é transversal a todo o desporto e a toda a sociedade. Aliás, o desporto é apenas um reflexo da sociedade nas suas virtudes e defeitos.
Se juntarem 200 ciclistas para passearem sem qualquer tipo de competição (sem dinheiro, sem classificação, sem ego) eles fazem-no limpo. Mas se houver competição, não demorará tempo nenhum para que o primeiro se dope para melhorar a sua classificação, ganhar mais dinheiro ou alimentar o seu ego. Independentemente do percurso ser fácil ou difícil. E isto é transversal a qualquer desporto.
Por exemplo, no futebol também eram todos limpos até alguém descobrir que dopado rendia mais. Corria mais, cansava-se menos e conseguia sprintar mais que os outros aos 80 minutos, conseguia rematar mais forte, saltar mais alto e estar mais fresco psicologicamente. E se o extremo esquerdo faz isto, o lateral direito do outro lado começa a ser papado. Surge a necessidade do adversário fazer o mesmo, ou arrisca-se a ir para o banco porque não dá conta do recado. O suplente não conseguia dar conta do recado mas estava farto de ficar no banco e ganhar metade do titular. Entretanto descobriu que havia uma forma de correr mais e dar conta do recado: o doping.
Não quero dizer com isto que todos se dopam. O que quero dizer é que nunca haverá um 100% pelotão limpo, um campeoanto de futebol, basquetebol ou do que seja 100% limpo, um meeting de atletismo 100% limpo ou um torneio de ténis 100% limpo.
Moral da história. Haverá sempre doping no desporto, desvios de dinheiro onde há dinheiro e corrupção. Onde existirem dois sujeitos a competir por algo, haverá batota.