Se alguém, por hipótese, me perguntasse hoje se a Etapa da Volta tinha valido a pena e se tenciono voltar para o ano, a minha resposta seria rápida, decidida e afirmativa. Aliás, das cinco edições até ao momento, estive presente em todas menos na primeira e mesmo essa única ausência deveu-se a não ter tido conhecimento prévio. E, naturalmente, também as edições anteriores me deixaram sempre pontos de desencanto e de crítica. Ponto assente, agora esse saldo final positivo não me impede de, numa perspectiva construtiva, apontar aspectos que pessoalmente achei errados e passíveis de melhoria nas edições futuras. Não existem organizações perfeitas em lado nenhum, existem organizações que procuram constantemente a melhoria e organizações que não primam pela exigência e pela qualidade do serviço que montam. As primeiras colhem as críticas, analisam-nas e corrigem os aspectos deficientes, as segundas acham-se perfeitas, ignoram as críticas e estão-se c... para o público que lhes serve de razão de ser. No meu caso, o objectivo da crítica e isso está expresso no último parágrafo da opinião que expressei anteriormente, é a esperança de que à organização da Etapa da Volta chegue a visão crítica do acontecimento para que possam conhecer uma observação de alguém descomprometido que participou e possam, se forem pertinentes os defeitos apontados, melhorar no futuro. No meu caso, gosto francamente, e admito-o sem reservas, do ambiente, da apreciação das bicicletas, da diversidade dos jerseys, do colorido do conjunto. Não me interessa minimamente se há ali gente apenas movida pelas tais vaidades de que por vezes se fala, considero isso apenas pormenores menores da condição humana que encontramos todos os dias em todos os lugares e em todas as actividades, são detalhes desinteressantes com os quais não perco tempo, basta-me gostar das bicicletas e quanto mais evoluidas e atraentes, mais eu gosto de as apreciar, sejam elas de vaidosos ou de modestos. A vaidade de alguns não me incomoda, quando muito pode em casos específicos motivar-me um disfarçado sorriso trocista, motiva-me, isso sim, quase sempre indiferença e não creio que isso seja importante na apreciação geral de um evento como a Etapa da Volta. Já não penso assim sobre a organização do acontecimento e os aspectos que envolvem as condições de participação, assunto sobre o qual penso que todos deviam expressar-se, independentemente de terem ficado agradados ou desagradados, de pensarem voltar a participar ou de terem feito uma cruz para o futuro. Até porque penso que os aspectos a corrigir não se corrigirão que não forem apontados... No caso concreto, como já fiz um comentário anterior em que até não foquei, por exemplo, a questão dos inúmeros casos de gente que furou e que não teve apoio (havia 2 carros de apoio que em princípio chegariam, houve furos a mais, porque razão aconteceu isso - além dos pneus mal cheios, seriam os pisos escolhidos, seria do calor? Enfim, pano para mangas e para posterior análise...), vou-me cingir à questão da distribuição da água no final da prova de superação pessoal.
Neste caso concreto da distribuição de água na chegada ao Caramulo, com o devido respeito pela opinião do JP - não duvido minimamente de que QUANDO CHEGOU A INFORMAÇÃO FOSSE CONSTANTEMENTE DADA - mas depois deixou de ser assim e a questão decisiva foi mesmo essa, a falta de sinalética e/ou de informação verbal logo a seguir à tomada dos tempos. Os participantes chegavam sequiosos e a preocupação de muitos era obter água fresca o mais rápido possível, acumulando-se naturalmente no primeiro ponto de distribuição, até porque ninguém sabia se havia mais. Em nenhum momento nos cerca de 20 minutos que estive nessa espécie de fila foi anunciado por alguém que havia outros postos de distribuição mais à frente. Essa informação foi apenas dada QUANDO A ÁGUA TERMINOU NESSE POSTO e mesmo nessa altura quem estava mais atrás duvido que tivesse ouvido. Pode não ter sido assim no princípio da chegada dos ciclistas, não terá sido mesmo, mas foi assim no tempo que lá estive! De resto, houve na altura comentários muito desagradados de que lá estava à espera e a fila parecia que não andava e gente a comentar mais tarde que só se "safou" porque se chateou de esperar na primeira tenda, desistiu da água e ao avançar para baixo descobriu que havia mais tendas de distribuição de líquidos e sólidos... Pessoalmente, registe-se, acabei depois por ter um atendimento perfeito por parte do pessoal de serviço na tenda dos sumos, tal como na tenda das bananas que estava a seguir. Ou seja, o problema foi mesmo a falta de indicações à chegada, pelo menos a partir de uma certa altura e essa, e desculpem a insistência, era de resolução simples mas foi uma falha grave, devia haver sinalização clara ou pessoal a instruir quem chegava. Ter-se-ia evitado a espera, o desagrado e até facilitado muito a circulação do pessoal com as bicicletas para um lado e para o outro. Assim como se tivessem chegado as tendas um pouco mais para baixo, espaço não faltava, e deixando-as mais espaçadas entre elas, ter-se-ia evitado tanta aglomeração de pessoas e máquinas. O Delta, aliás, resume muito bem o que se passou quando escreveu que os primeiros tinham visibilidade e a partir dos 200 ou 300 a coisa ficava mais complicada. Eu, se não vi a chegada dos primeiros e acredito que tenha sido muito mais tranquila e organizada, senti essa necessidade de melhor organização à medida que os outros iam chegando e depois de mim ainda chegaram 341...