@ Mig77:
Sim, o público em geral reclama do menor espetáculo, da falta do "ciclismo romântico", dos gajos com bolas para atacar.
E eu entendo essas queixas. Eu também adorava ver um ataque na base duma subida alpina de 15 km, de ver um Riis a vir atrás e a vir inspecionar que estava, a cor das meias de quem vinha no grupo restrito, fumar um charuto e depois arrancar e deixar outros gajos pregados na estrada. De vir tanques como o Ullrich e o Indurain a subirem junto da nata e depois num CR de 60 km irem como se fossem montados numa CBR 125.
De ver o Pantani e esgaçar subida à cima. O Lance a subir o Ventoux como quem vai ali comprar o pão
E nunca ter um dia mau (tirando o CR em 2003 e a etapa de montanha do dia seguinte, ou anterior, já não me lembro).
É claro que como show era fantástico, mas como reflexo da realidade estava muito deturpado.
Prefiro ver um GT com menos show mas em que os atletas são mais humanos, quebram, dão o peido. Por isso é que coloquei as referências do Steven K. pois mostram que o pelotão tem ETs com muito menos poder que há uns anos atrás.
E eles vão tão justos que não há como atacar de longe. Mesmo o Froome estava completamente nas cordas. Ainda teve que ser rebocado em algumas partes.
Quando se vai justo, e faltam uns 60 km com uns bons 20-25 km de subida brava, e talvez alguma parte rolante pelo meio, e uma descida a ligar as subidas finais, é kamikaze sair na penúltima subida (ou até na base da última).
Tu vais na frente de peito ao vento, e és perseguido não directamente pelo teu adversário, mas sim pelos gregários que ele leva. Com as margens tão pequenas entre os top dogs, basicamente é uma luta desigual.
Eu vejo uma competição como um GT, como o somatório dos tempos nas etapas. Não gosto de bonificações, são um deturpar do que aconteceu no terreno. Se chegaram a 1'' chegaram a 1'', e é isso que deve estar reflectido na geral.
Como nota, gostei do Giro (bastante), gostei do Tour e da Vuelta (bastante também).
E gosto cada vez mais das clássicas e provas de um dia. Quem quer emoção, de ver corridas desgarradas, de ver os gajos deixarem tudo na estrada, de ver grande nomes a estourarem, é seguir estas provas.
Algumas de 1 semana também conseguem ser muito engraçadas. O Dauphine o ano passado foi bem fixe.