Fool me once, shame on you; fool me twice, shame on me.
Não consegui ver em directo a etapa pelo que tive de contentar-me com um diferido. Esta foi a primeira frase que me veio à cabeça depois de ver os consecutivos esticões por parte da Etixx/BMC/Sky a ~ 60 km do final. A Movistar cometeu o mesmo erro há dois anos e conseguiu cair novamente na armadilha este ano, independentemente se as condições eram difíceis ou não. O Quintana até pode não se adaptar a este terreno e por essa razão mesmo deveria ter sido melhor colocado pela equipa. Fuga apanhada, fuga lançada. Estavam a entrar numa zona rápida da corrida, com vento lateral, já tinham havido tentativas de bordures anteriormente. Os ciclistas conhecem a zona de Zeeland como uma das mais ventosas da Holanda. Os indícios estavam lá de que muito provavelmente a corrida iria ser atacada. Não só desgastou as equipas na preseguição à frente da corrida como deixou Quintana a 1:39' de Froome...
E falo só na Movistar por ser uma das equipas mais completas do pelotão internacional. Houve outros líderes que também perderam tempo (Rodriguez, Pinot, Bardet, Rui Costa) mas que não têm a cobertura que Valverde e Quintana têm.
Outros perderam tempo (e oportunidade de ganhar) meramente por azares (Kelderman, Nibali, Bouhanni e até mesmo o Sagan). Ter sorte também se procura mas quando se fura não há sorte que nos valha ainda para mais numa etapa que terminou com média de quase 48 km/h!!
Relativamente ao sprint, a Etixx era das equipas melhor representadas com Tony Martin, Kwiatkowski e especialmente o Renshaw e ainda assim não conseguiram deixar o Cavendish perto da meta. Ok... fizeram um trabalho brutal durante os últimos 60-70 km mas deveriam ter especial atenção para no final pois se analisarmos os objectivos da Etixx, eles vêm cá para ganhar e não para lutar pela geral. Não precisavam de continuar a puxar na frente de forma a aumentar a distância para o grupo de trás. Isso deveria ser problema da Sky e BMC. Queimaram quase toda a gente e o Cavendish lançou-se muito longe da meta. Pareceu-me demasiado ansioso em ganhar. Os outros foram mais inteligentes e sobretudo mais rápidos.
Salientar o que já foi salientado aqui, que foi a recuperação do Sagan nos últimos quilómetros. Não fosse isso e talvez tivesse tido aquela energia disponível no final. Greipel a sprintar em grupos restritos sem muita confusão continua impecável mas não acredito que se mantenha por cá durante muito mais tempo. Não me admirava que abandonasse à etapa 8.
São as minhas observações da etapa de hoje. Grande etapa com muita emoção própria de uma clássica. Espero que esta primeira semana continue assim com imprevisibilidade todos os dias!