Uma série de rodas foram testadas em túnel de vento pela Roues Artisanales e os resultados não foram nada favoráveis às Mavic R-SYS. A Figura abaixo representa a potência absorvida por cada uma das rodas testadas a 50km/h - provavelmente o Gonçalo referia-se a este teste.
Os resultados mostram que, enquanto que as Zipp 808 absorvem menos de 17 Watt, as Mavic R-SYS absorvem 35 Watt, ou seja, o dobro. Deste ponto de vista podemos dizer que a aerodinâmica das Mavic R-SYS é muito má.
Mas têm outros méritos que advêm da utilização de raios em carbono. Ao contrário dos raios metálicos que são tensionados, os de compósito não são. Mas os raios metálicos só estão sob tensão quando não suportam o peso; quando estão virados para baixo e suportam o peso do ciclista a tensão é aliviada. O resultado é que, à medida que a roda gira, a tensão nos raios varia enormemente e muito rapidamente. Esta é uma das contribuições para uma menor rigidez da roda.
Os raios de compósito não são tensionados e, por isso, trabalham tanto à tracção, como à compressão. O resultado é uma roda mais rígida, sobretudo nas condições mais exigentes: pedalar em pé a subir e a sprintar.
Outra consequência da utilização deste tipo de raios é que o aro está sujeito a uma menor deformação e, por isso, foi possível à Mavic reduzir no material e, consequentemente, no peso. Ora, a diminuição do peso do aro contribui fortemente para diminuir o momento de inércia e, logo, para melhorar a capacidade de aceleração. A adicionar a isto, também os raios de compósito são mais leves do que os de aço.
Em resumo: a aerodinâmica das R-SYS vem penalizada mas o momento de inércia vem melhorado. Ainda por cima tendo em conta que se trata de umas rodas com aro em alumínio. É que, cerca de 1300 gramas (dependendo da gama) não é nada mau para umas rodas de alumínio mesmo tendo em conta que alguma da redução de peso foi conseguida nos cubos (que eu, pessoalmente, não gosto).
A questão a que eu queria dar resposta é que, pelo facto de as rodas terem um mau desempenho aerodinâmico, não faz delas umas rodas más. Vejamos este exemplo:
Retirei de um artigo que as R-SYS podem retirar até 2km/h de velocidade numa boa descida. Imagine-se, por isso que com as R-SYS se faz uma descida de 5km a 50 km/h em vez de a 52km/h. Perderam-se quase 14 segundos.
Mas, uma vez que as R-SYS são mais rígidas e têm um menor momento de inércia, conseguimos, em sentido inverso, subir a 21 km/h em vez de a 20 km/h (considero um ganho menor do que a descer). Ganhamos quase 43 segundos. Ou seja, compensa o que se perdeu a descer. E quanto menor for a velocidade a subir maiores são os ganhos.
Moral da história: as R-SYS não podem se comparadas apenas pela aerodinâmica. Até podem desempenhar melhor do que outras com muito melhor aerodinâmica. Depende das condições: rolar sozinho ou em pelotão; percurso rolante ou montanhoso, etc.
De qualquer forma, eu não compraria as R-SYS apenas porque não as acho bonitas. Os raios, por serem em carbono, são bastante grossos; os cubos foram reduzidos a um tamanho mínimo, a cor dos aros não é do meu gosto. Mas acredito que, com o tempo, me venha a habituar a este aspecto esquisito se as outras marcas adoptarem as mesmas soluções construtivas...