eSPECIALista
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Olá,
Esta história conta a minha aventura entre Chaves e Faro; cidades que são ligadas pela mítica Estrada Nacional 2.
Depois do projecto "2B's" (http://www.intotheroad.net - em actualização) em 2011, a vontade de partir para mais uma aventura em duas rodas, crescia e as ideias não paravam de chegar ao meu imaginário, pequeno demais para guardar tamanha quantidade de sonhos. E um destes sonhos era o projecto "EN2" - percorrer a Estrada Nacional 2 na totalidade dos seus cerca de 750km - ligando a cidade de Chaves a Faro.
A oportunidade de realizar este sonho surgiu no planeamento das férias do ano de 2012. Um convite de uma semana de férias no Algarve, com os meus "sogros", abriu uma porta que logo aproveitei: "Por mim pode ser, mas vou para o Algarve, uma semana antes...de bicicleta"
Decisão tomada foi altura de preparar homem e máquina. O homem nasceu para este tipo de aventuras, por isso foi fácil como colocar um recém-nascido na água - ele vai nadar sem ninguém lhe ter ensinado. A máquina foi a minha Specialized Roubaix Pro (Shimano 103), baptizada de "Arianne 2", equipada com um suporte de espigão de selim, com uma mala Topeak TrunkBag EX (Strap Mount) (http://www.topeak.com/products/bags/trunkbagex_strap), de 8l.
A viagem teria início no dia 29 de Julho de 2012 e o meu plano seria chegar a Faro no dia 3 de Agosto de 2012. Ou seja, 6 dias para percorrer os cerca de 750km, entre Chaves e Faro.
Dia 1: Chaves -> Castro D'Aire [132km]
São cerca das 07:30 e já me encontro no km0 da EN2 e sinto no estômago aquele nervoso miudinho, natural de uma ocasião destas. Pela frente tenho 6 dias e 750km para vencer. Um dos meus maiores medos neste dia de partida, é o calor. Estamos numa altura do ano, em que frequentemente as temperaturas sobem e a zona do Alentejo é na qual, essas subidas no termómetro, se fazem sentir mais. Para combater e/ou atenuar esta situação, tenciono todos os dias, começar a pedalar bem cedo e fazer uma pausa no período de maio calor (12h30-14h), caso seja necessário.
Finalmente a partida e o nervoso miudinho aos pouco vai desaparecendo. Agora são apenas eu, a máquina e a EN2!
Os primeiros kms servem para aquecer os músculos, por isso mantenho um ritmo tranquilo e vou aproveitando para apreciar as belas paisagens que este início de viagem já me proporciona. Passo pela localidade de Vidago, conhecida pelas suas águas termais e pelo ex-libris da vila: Vidago-Palace Hotel e de onde subo até à localidade de Vila Pouca de Aguiar onde decido parar, para comer alguma coisa e descansar um pouco. São cerca das 09:00.
Depois do reforço volto à estrada e o sol aos poucos vai-se mostrando e as primeiras gotas de suor, dão o mote para o que será o resto do dia - muito calor!
Com quase metade dos kms do dia percorridos, chego à cidade de Vila Real, capital de Distrito. Para já sinto-me bem fisicamente. O espírito, esse continua em êxtase e pede muito mais.
[Cidade de Vila Real]
Ao sair da cidade de Vila Real em direcção ao Peso da Régua, avisto a construção do novo viaduto da A4, cujo tabuleiro é suspenso ao longo de três vãos na travessia do vale do Corgo. Com 2.796 metros de cumprimento, o viaduto vai ligar Parada de Cunhos a Folhadela, a Sul da cidade de Vila Real, e insere-se na Auto-Estrada Transmontana.
[Viaduto da A4 - Vale do rio Corgo]
São cerca das 12:00 e chego ao Peso da Régua e decido encontrar um sítio para uma refeição ligeira e repousar um pouco músculos. Com o calor a apertar cada vez mais, decido também reforçar a quantidade líquidos antes de retomar à estrada.
[Linha férrea do Douro no Peso da Régua]
Encontro um local, bem perto do rio com uma sombra fresca. O menu é uma "sandes" de presunto e um "Cola" bem gelada! Aproveito a pausa para recordar mentalmente o que ainda me resta do dia. Para este primeiro dia, tinha dois planos: o Plano A - tentar chegar a Viseu, totalizando cerca de 170km; Plano B - depois do Peso da Régua, ir pedalando e parar quando o corpo reclamasse o fim. Como estamos no primeiro dia e como me recordo que teria pela frente uma subida de 28km e uma ascensão de 900m , decido-me pelo plano B e enfrentar o resto de uma forma tranquila, sem pressas.
De volta à estrada, enfrento agora o "prémio de montanha" do dia, que dá pelo nome de Serra de Bigorne. Mas se a subida colocaria o Contador a suar (mas só um bocadinho), a paisagem faz-nos esquecer o esforço que aplico nos cranks. Ao longo da subida, faço as pausas necessárias para recuperar fôlego e à sombra tentar baixar um pouco a temperatura do corpo que com esta subida e o calor, vai no rede line!
Estou sensivelmente a meio da subida e chego à cidade de Lamego - considerada por alguns a capital portuguesa do estilo barroco e uma das cidades do país mais monumental. É também em Lamego que está localizado o Centro de Tropas de Operações Especiais.
[Lamego - Santuário da Nossa Senhora dos Remédios]
Depois de Lamego, o cansaço já acumulado, torna a subida ainda mais difícil e as pausas mais prolongadas. A Serra de Bigorne está a dar luta mas é na localidade com o mesmo nome - Bigorne - que atinjo a quota mais alta do dia de hoje, aos 972m. Contabilizo cerca de 115km e o plano B diz-me que preciso de encontrar local para ficar. Junto de um local que passeia pelas ruas quase desertas da aldeia, descubro que Castro D'Aire é o melhor destino para mim. São 15km a descer, segundo o simpático Bigornense.
É com um sentimento de enorme satisfação que chego rapidamente a Castro D'Aire e logo no início da localidade encontro um restaurante/residencial que apresenta boas condições para descansar e para o jantar.
Com a bicicleta bem guardada ao lado da cama e a ainda a digerir um belo frango no churrasco com batatas fritas, deixo que o sono venha e só desperte para mais um dia, desta aventura pela EN2.
"Até amanhã"
Esta história conta a minha aventura entre Chaves e Faro; cidades que são ligadas pela mítica Estrada Nacional 2.
Depois do projecto "2B's" (http://www.intotheroad.net - em actualização) em 2011, a vontade de partir para mais uma aventura em duas rodas, crescia e as ideias não paravam de chegar ao meu imaginário, pequeno demais para guardar tamanha quantidade de sonhos. E um destes sonhos era o projecto "EN2" - percorrer a Estrada Nacional 2 na totalidade dos seus cerca de 750km - ligando a cidade de Chaves a Faro.
A oportunidade de realizar este sonho surgiu no planeamento das férias do ano de 2012. Um convite de uma semana de férias no Algarve, com os meus "sogros", abriu uma porta que logo aproveitei: "Por mim pode ser, mas vou para o Algarve, uma semana antes...de bicicleta"
Decisão tomada foi altura de preparar homem e máquina. O homem nasceu para este tipo de aventuras, por isso foi fácil como colocar um recém-nascido na água - ele vai nadar sem ninguém lhe ter ensinado. A máquina foi a minha Specialized Roubaix Pro (Shimano 103), baptizada de "Arianne 2", equipada com um suporte de espigão de selim, com uma mala Topeak TrunkBag EX (Strap Mount) (http://www.topeak.com/products/bags/trunkbagex_strap), de 8l.
A viagem teria início no dia 29 de Julho de 2012 e o meu plano seria chegar a Faro no dia 3 de Agosto de 2012. Ou seja, 6 dias para percorrer os cerca de 750km, entre Chaves e Faro.
Dia 1: Chaves -> Castro D'Aire [132km]
São cerca das 07:30 e já me encontro no km0 da EN2 e sinto no estômago aquele nervoso miudinho, natural de uma ocasião destas. Pela frente tenho 6 dias e 750km para vencer. Um dos meus maiores medos neste dia de partida, é o calor. Estamos numa altura do ano, em que frequentemente as temperaturas sobem e a zona do Alentejo é na qual, essas subidas no termómetro, se fazem sentir mais. Para combater e/ou atenuar esta situação, tenciono todos os dias, começar a pedalar bem cedo e fazer uma pausa no período de maio calor (12h30-14h), caso seja necessário.
Finalmente a partida e o nervoso miudinho aos pouco vai desaparecendo. Agora são apenas eu, a máquina e a EN2!
Os primeiros kms servem para aquecer os músculos, por isso mantenho um ritmo tranquilo e vou aproveitando para apreciar as belas paisagens que este início de viagem já me proporciona. Passo pela localidade de Vidago, conhecida pelas suas águas termais e pelo ex-libris da vila: Vidago-Palace Hotel e de onde subo até à localidade de Vila Pouca de Aguiar onde decido parar, para comer alguma coisa e descansar um pouco. São cerca das 09:00.
Depois do reforço volto à estrada e o sol aos poucos vai-se mostrando e as primeiras gotas de suor, dão o mote para o que será o resto do dia - muito calor!
Com quase metade dos kms do dia percorridos, chego à cidade de Vila Real, capital de Distrito. Para já sinto-me bem fisicamente. O espírito, esse continua em êxtase e pede muito mais.
[Cidade de Vila Real]
Ao sair da cidade de Vila Real em direcção ao Peso da Régua, avisto a construção do novo viaduto da A4, cujo tabuleiro é suspenso ao longo de três vãos na travessia do vale do Corgo. Com 2.796 metros de cumprimento, o viaduto vai ligar Parada de Cunhos a Folhadela, a Sul da cidade de Vila Real, e insere-se na Auto-Estrada Transmontana.
[Viaduto da A4 - Vale do rio Corgo]
São cerca das 12:00 e chego ao Peso da Régua e decido encontrar um sítio para uma refeição ligeira e repousar um pouco músculos. Com o calor a apertar cada vez mais, decido também reforçar a quantidade líquidos antes de retomar à estrada.
[Linha férrea do Douro no Peso da Régua]
Encontro um local, bem perto do rio com uma sombra fresca. O menu é uma "sandes" de presunto e um "Cola" bem gelada! Aproveito a pausa para recordar mentalmente o que ainda me resta do dia. Para este primeiro dia, tinha dois planos: o Plano A - tentar chegar a Viseu, totalizando cerca de 170km; Plano B - depois do Peso da Régua, ir pedalando e parar quando o corpo reclamasse o fim. Como estamos no primeiro dia e como me recordo que teria pela frente uma subida de 28km e uma ascensão de 900m , decido-me pelo plano B e enfrentar o resto de uma forma tranquila, sem pressas.
De volta à estrada, enfrento agora o "prémio de montanha" do dia, que dá pelo nome de Serra de Bigorne. Mas se a subida colocaria o Contador a suar (mas só um bocadinho), a paisagem faz-nos esquecer o esforço que aplico nos cranks. Ao longo da subida, faço as pausas necessárias para recuperar fôlego e à sombra tentar baixar um pouco a temperatura do corpo que com esta subida e o calor, vai no rede line!
Estou sensivelmente a meio da subida e chego à cidade de Lamego - considerada por alguns a capital portuguesa do estilo barroco e uma das cidades do país mais monumental. É também em Lamego que está localizado o Centro de Tropas de Operações Especiais.
[Lamego - Santuário da Nossa Senhora dos Remédios]
Depois de Lamego, o cansaço já acumulado, torna a subida ainda mais difícil e as pausas mais prolongadas. A Serra de Bigorne está a dar luta mas é na localidade com o mesmo nome - Bigorne - que atinjo a quota mais alta do dia de hoje, aos 972m. Contabilizo cerca de 115km e o plano B diz-me que preciso de encontrar local para ficar. Junto de um local que passeia pelas ruas quase desertas da aldeia, descubro que Castro D'Aire é o melhor destino para mim. São 15km a descer, segundo o simpático Bigornense.
É com um sentimento de enorme satisfação que chego rapidamente a Castro D'Aire e logo no início da localidade encontro um restaurante/residencial que apresenta boas condições para descansar e para o jantar.
Com a bicicleta bem guardada ao lado da cama e a ainda a digerir um belo frango no churrasco com batatas fritas, deixo que o sono venha e só desperte para mais um dia, desta aventura pela EN2.
"Até amanhã"