André, os dias maiores convidam a isto mesmo e os objectivos e as ideias também vão palpitando e apontando noutros sentidos. Pois, eu até já tinha defendido e aconselhado o Romin (e não Toupe, que referi por lapso no post anterior) como sendo o selim com que me dei melhor até hoje (e já experimentei muitos). Continuo a achá-lo, principalmente em voltas até 3 horas. No entanto, em voltas maiores noto algum desconforto proveniente da sua rigidez e do seu minimalismo. Não causa grande desconforto durante a pedalada, só se for pelo facto de não permitir grandes variações de posição. O desconforto nota-se mais após a viagem. Vou continuar a apostar nele e ver se o considero realmente capaz para este registo de mais horas. Se concluir que não é, de todo, o selim indicado, lá recomeça o processo de procura de um substituto, embora já tenha mais ou menos uma ideia daquilo que gostaria de experimentar.
Quanto à capacidade de carga, esta volta ainda foi relativamente curta, pelo menos não senti grande necessidade de levar mais peças de vestuário e os alimentos iam nos bolsos, juntamente com telemóvel e máquina fotográfica. Escusado será dizer que iam cheios. Igualmente a rebentar pelas costuras ia a bolsa de selim apenas com alguma ferramenta, bomba e câmara de ar. Se quisesse levar um impermeável, uns manguitos, mais algum alimento ou o que quer que fosse já não tinha capacidade. Como pretendo fazer algumas aventuras de mais horas, irei sentir necessidade de mais capacidade de carga. A bolsa de selim da Bashô parece-me a opção que melhor encaixará nesta bicicleta e no conceito que pretendo. Há, de facto, esse pormenor de ter de a esvaziar quando pretendo alcançar o que está no fundo, mas, por outro lado, é uma bolsa versátil que pode encolher ou esticar mediante o que queremos transportar. Está em estudo. Entretanto descobri que tenho por aqui uma vizinha talentosa que faz umas malas de selim, alforges e afins muito engraçadas e exclusivas. Ainda ando a ponderar sobre a melhor opção.
Quanto à pedalada económica, até é um termo que li algures nos teus textos e que tenho encontrado recorrentemente na informação que vou devorando sobre esta coisa de pedalar para longe, do conceito randonneur, etc... Confesso que, apesar de mentalmente o meu paradigma ter vindo a mudar ao longo dos últimos anos, fisicamente ainda estava formatado para levar o corpo aos limites. Há já algum tempo que deixei de usar pulsómetro, o que foi um passo importantíssimo para aprender a guiar-me apenas pelos sinais do corpo. Mas tem sido difícil perder o hábito de dar o litro em cada subida ou de ir aos limites numa recta, mesmo sabendo que ainda tenho kms pela frente....depois acabo por pagar caro com alguma frequência. Tenho vindo a fazer um esforço consciente de não forçar o corpo e de tirar o pé do acelerador quando este dá sinal de alerta. Uma vez que esta seria uma volta mais longa do que o habitual para mim, esforcei-me por aplicar esta máxima de deixar as coisas fluirem através da tal regularidade e disciplina, até encontrar o tal ponto de caramelo e pondo em prática aquilo que tenho vindo a aprender contigo e com outros de espírito semelhante.
Posso afirmar que encontrei o meu ritmo de forma muito natural e que, resultado disso, nunca senti que estava a levar o corpo ao limite, sendo que a prova disso mesmo é que cheguei ao destino com a sensação de que tinha muito mais para dar, muito mais fresco do que em algumas voltas recentes de 70 ou 80 kms ao final das quais cheguei de rastos. E lá está, nunca senti que estava a entrar numa exasperante lentidão...aliás, em termos de velocidade média não fugi ao que é normal para mim, a grande diferença é que doseei melhor o esforço e mantive a velocidade constante, em vez de fazer os primeiros 80 kms a abrir e os restantes 30 ou 40 a arrastar-me em agonia.
Fernando, gosto muito desse C15 Cambium, principalmente por ser mais discreto e minimalista, mas tem a limitação de não ser passível de moldar à nossa anatomia, ao contrário dos selins em couro. Ainda assim, faz parte da minha shortlist. Aliás, posso dizer-te que, a trocar o Romin, será por algo dentro dos Brooks, Berthoud ou semelhante. Já tive a minha dose de Selle Italia, Prologo, San Marco, Fizik, e afins e só mesmo os Specialized me convenceram. Daqui só mesmo para um conceito totalmente diferente, pese embora um Brooks em couro não seja o selim que melhor encaixará esteticamente na Colnago, mas isso e as gramas é o que menos me preocupa.
Armando, daí eu ter referido que aquilo que para mim foi uma grande viagem, para alguns será uma volta ao bairro....o André insere-se obviamente nesse lote
Mas olha que também não podes falar muito, pois o meu moral ficou logo resfriado quando entro aqui e vejo que a vossa voltinha pascal foi um passeiozito de 140 kms..