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O meu lado B

duchene

Well-Known Member
Bonito, bonito!

A fotografia do curso do rio tirada do paredão da barragem é deliciosa e dá vontade de saltar já para lá! Para a estrada associada, leia-se! :cool:

A Colnago além de não enferrujar, está cada vez mais bonita. Só falta uma bolsa do género do Tool Roll da Rapha (consegues fazer uma em casa!), uns espaçadores cromados e umas rodas vitalícias a condizer...

Boas voltas e obrigado por partilhares!
 

Bruso

Well-Known Member
Finalmente mais umas fotos da Colnago:cool:

As fotos da envolvente também estão espetaculares. Como o Duchene também adorei a do curso do rio tirada da barragem.
 

Skyforger

Active Member
A estrada que se vislumbra na margem direita do rio Zêzere só dá acesso à barragem em si. A que percorri e que liga Constância à Barragem desenvolve-se ao longo da margem esquerda, embora numa cota mais alta, mas com vistas bastante interessantes sobre o rio. Ainda em torno de Castelo de Bode, há toda uma série de estradas secundárias em torno da albufeira bastante interessantes, aconselho a descoberta.

Quanto à Colnago, as fotos que surgem agora são iguais às que surgiram há uns meses atrás. Não lhe fiz qualquer alteração. Desliguei um pouco o interruptor que impulsiona a vontade de andar sempre a mexer em qualquer coisa e foquei-me apenas em usufruir da máquina. A única coisa nova na Colnago é mesmo o prazer que cada vez mais vou retirando dos kms nela percorridos. No entanto, a questão das rodas vitalícias e dos espaçadores não está esquecida...mas temos tempo. Uma alteração que ainda não fiz por clara inércia foi arranjar uns apertos rápidos mais leves e condizentes com a bicicleta, mas está nos planos a curto prazo. Quanto à bolsa de selim, não conheço a sugestão do André, mas vou investigar. Mas já agora, uma curiosidade em relação à bolsa que estou a usar neste momento. Trata-se de uma comprada na Decathlon por 5€ quando me reiniciei nestas lides das duas rodas a pedais, por volta de 2007. Desde então é a que uso, quer em btt quer em estrada, e não há forma de justificar a aquisição de uma nova :) A bolsa é simples, básica e resistente. Dá para câmara de ar, bomba, saca, ferramenta e alguma comida e vai servindo para o gasto. Já há algum tempo que penso em arranjar outra, mas mais por capricho do que propriamente por necessidade. Isto para concluir que, no meu caso, o ímpeto consumista vai ficando refreado pela real necessidade de mudança, daí as coisas comigo normalmente durarem até que realmente já não sirvam os seus intuitos.
 

Skyforger

Active Member
19-10-2014: o apelo da estrada...

Quase sem dar por isso, passaram-se quase dois meses desde a última vez que tinha saído para a estrada, numa bicicleta de estrada. A família, o trabalho, outras prioridades, outros prazeres, conduziram a um inesperado descanso da Colnago. Contudo, não estive totalmente afastado das bicicletas. A vontade em sair da estrada, em explorar o que está para além do alcatrão, em ter a liberdade de poder seguir por onde quero, fez-me pegar na bicicleta de BTT meia dúzia de vezes, para voltas curtas, porém de importância fulcral para manter o corpo e a mente no devido lugar.

Mas (há sempre um mas!), por muito que goste do apelo do pó e de andar sem rumo por caminhos florestais, é na estrada que me sinto "em casa", que sinto os meus limites serem postos à prova e que alcanço o verdadeiro prazer de andar de bicicleta e o de descobrir mais aquela subida, mais aquele troço, mais aquela sensação (nem sempre boa, entenda-se) que o nosso corpo nos reserva e que me faz aprender mais um pouco sobre mim e sobre isto de andar de bicicleta a cada volta. A vontade de sair para a estrada era muita e o fabuloso dia de sol e de calor outonal convidou a isso mesmo. Sem grandes planos traçados (como é meu apanágio) e com algumas limitações quanto à hora de chegar, saí com um único objectivo em mente: subir! E o que muitos tentam evitar a todo o custo, eu tenho de procurar a, pelo menos, 20 km de casa, fruto de viver numa área tendencialmente plana. E qual é a elevação digna de registo aqui mais à mão de semear e que não me canso de explorar? A Sicó, pois claro!

Com a manhã ainda fresca mas com o sol a prometer aquecer com o avançar da hora, rumo em direcção a Soure, mas faço-o pelos campos do Mondego, por estradas desertas que não me canso de visitar e que tenho a sorte de ter no meu "quintal". Chegado a Soure, o corpo estava já perfeitamente enquadrado com a máquina e a serra já estava em linha de vista. Como o objectivo passava sobretudo por subir, sem grandes preocupações de descobrir novas estradas, não inventei e a subida para Degracias foi a eleita. Bem ao meu jeito, é uma subida relativamente longa (pelo menos dentro dos parâmetros do que se encontra nesta região do país), com uma pendente constante mas tolerável e uma paisagem que ajuda a levar os pensamentos para outros lados. Não ajuda é a levar o vento e esse fez a sua aparição na segunda metade da subida, soprando de este e apimentando um pouco mais a ascensão. No topo, hora de contemplar as magníficas vistas que um dia luminoso proporcionava até ao oceano, avistando-se facilmente toda a faixa litoral entre a Figueira da Foz e a Marinha Grande. Impagável! Por estradas conhecidas, rumei à Srª da Estrela, um sítio mágico que me é familiar e que adoro visitar, contemplando a beleza impar da paisagem cársica que aqui se exibe em todo o seu esplendor. Descida até às margens do rio Anços e o Calvário estava ali à porta....lembram-se dessa subida? Trupe do Armando e malta da Marinha Grande e de Pombal :) ? As pernas acusavam já algum desgaste, mas ainda davam para mais. Olho para o relógio, vejo que o tempo já está apertado...pondero...e volto a ponderar...e deixo a racionalidade imperar. Passo às portas do Calvário, aceno-lhe um cumprimento e digo-lhe até outro dia...hoje a volta não podia passar por aquele pequeno pedaço de maravilhoso inferno! Subo até Pousadas Vedras, desço até Pombal e daí foi seguir até casa em piloto automático por estradas que percorro diariamente e que, fruto disso mesmo, fazem os quilómetros custar a passar. Chego a casa com 85 kms percorridos, com algumas mazelas num corpo que já não estava habituado aos vícios e formas das estrada, mas com o espírito em alta e uma vontade imensa de agendar viagens mais ambiciosas para breve....sem compromissos...!

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jpacheco

Well-Known Member
Gostei do que vi, e não moro propriamente muito longe daí... em que estradas andas-te? É uma zona que conheço pouco e gostava de explorar!! Obrigado pela partilha!
 

Bruso

Well-Known Member
A Colnago já devia ter saudades de apanhar um solinho!!

Excelente relato (este fórum está cada vez mais rico ao nível da prosa) e grandes fotografias. Uma foto que inclua uma Colnago como a tua e uma paisagem dessas merece logo ir para capa de uma revista (esta última foto está espetacular!!!)

Fico à espera desses projetos mais ambiciosos!!
 

duchene

Well-Known Member
Há dias de sol assim: Feitos à medida dos cromados da belíssima italiana.

A foto da capela da Senhora da Estrela está fantástica. É daquelas fotos que dá vontade de pedalar directo para lá!

Bem-vindo de volta!
 

Armando

New Member
Ricardito, Ricardito!!

Fizeste crescer-me agua na boca só ao falares na Marinha Grande, Degracias, Srª da Estrela e Calvario, esse grande amigo (O Nelson é que gosta muito dele!...e ja nem aparece por aqui a dizer nada!!...provavelmente ja vendeu a bike!!).

Gosto de saber que estás de volta e com vontade de pedalar mais e mais.
 

Skyforger

Active Member
Obrigado a todos pelos comentários! ;)

Vamos por partes...

jpacheco, em relação a itinerários, partindo do Carriço, onde moro, em direcção ao interior, a norte ou a sul é praticamente inevitável fugir à N109, estrada que simplesmente abomino. Procuro percorrer nesta o mínimo de distância possível e isso faz com que explore o complexo e interessante emaranhado de estradas e caminhos municipais num eixo entre a N109 e o IC2. Há muito por onde escolher, muito por onde explorar, basta estar disposto a isso. Daí chamar a essas estradas o meu quintal, principalmente a área entre o Louriçal, Soure, Alfarelos, estendendo-se até Montemor-o-Velho, Condeixa e Pombal nos seus extremos. Nesta volta, o traçado escolhido até Soure foi um misto de caminhos municipais de excelente piso, de uma envolvência acolhedora e de pouco trânsito, passando por lugares como Matas, Torneira, Serrião, Calvete, Saca Bolos, Alagoa, entre outros. Mas há muito mais para explorar nestas estradas que ladeiam e recortam os campos do Mondego. Chegado a Soure, segui pela N348, estrada que atravessa a Serra do Sicó em direcção ao interior, com inúmeras escapatórias ao longo do seu percurso que nos permitem aceder às entranhas da Serra, mas que, por si só, já é uma estrada suficientemente interessante para quem não pretende arriscar muito fora dela. Liga a Ansião e daí conduz-nos para o interior, em direcção a Ferreira do Zêzere. Em Alvorge, cruza-se com a N347, outra excelente sugestão para quem pretender explorar a região do Rabaçal e contornar a Sicó até Condeixa. No entanto, estas estradas não fizeram parte desta volta e fiquei-me mesmo na N348 em Degracias, localidade na qual inflito para caminhos de rara beleza e tranquilidade pelas entranhas da Serra que nos levam até à Senhora da Estrela (local de visita e paragem obrigatória) e daí para a Estrada de Anços, que serpenteia a Serra até Pombal. Quando quiseres explorar esta região é uma questão de combinarmos. Terei todo o gosto em servir de anfitrião.

Bruso, é verdade, a Colnago já implorava pela luz do dia e, principalmente, por este sol...não fosse ela começar a enferrujar :) Mas acredito que mais rapidamente enferruja o dono do que a bicicleta....;) Quanto a projectos mais ambiciosos, não passam de ideias e, por enquanto, as ideias e os sonhos são livres e gratuitos, podemos tê-las em quantidades apreciáveis. Há sempre aquela estrada para conhecer, aquele topo para alcançar e acredito que a seu tempo as coisas acontecem...de forma natural, sem pressões e imposições. Vamos andando e vamos vendo o que acontece.


desmo13, a bicicleta também me deixa doente...principalmente das pernas ;)

André, é verdade, o passado Domingo foi um dia de excelência para pedalar por, e passo a citar-te, estradas desertas e fascinantes ;) A Senhora da Estrela é, de facto, um local fantástico. Não sendo eu natural desta região, fiquei fascinado com o mesmo há uns anos, quando o descobri naquela encosta algo recôndita da Sicó. Passou a ser um local com um significado especial e ao qual gosto de voltar com alguma frequência....e se for de bicicleta tanto melhor. Aconselho vivamente uma visita, quer pela envolvência do local, quer pela arrebatadora paisagem a perder de vista que proporciona em direcção ao Atlântico, especialmente em dias de céu limpo como estes.

Armando, quando passo pelo Calvário lembro-me sempre de ti e do teu grupo. Primeiro porque foi através de um relato vosso aqui no fórum que descobri aquele rebuçado ali perdido na serra e depois porque acompanhei-vos na última ascensão...quer dizer, tentei acompanhar...porque na verdade, e já que falas nele, o Sérgio foi o meu companheiro de agonia até lá acima, onde vocês já estavam a relaxar há uns bons 5 minutos à nossa espera... :) Temos de fazer nova investida por estes lados, já que no Domingo só passei à porta e fiquei com o bichinho a roer. Quanto ao estar de volta, na verdade andei sempre por cá. Simplesmente há períodos nos quais o foco vira para outros lados, para outras prioridades e, quando nos apercebemos, passam dois ou três meses num ápice! Mas a vontade de pedalar e a paixão que nos move nesta coisa do ciclismo não esmoreceu.

Zeni7, estendo o convite que fiz ao jpacheco para vires até cá conhecer inloco estas e outras estradas e paisagens ;)
 

Skyforger

Active Member
26-10-2014: Serra de Alvaiázere

A serra de Alvaiázere, um imponente bloco calcário no extremo sudeste do maciço Sicó-Alvaiázere, é uma elevação que não consta dos livros da escola, que não faz parte do conhecimento geográfico mais comum e que, talvez por isso, reveste-se de um quase total desconhecimento sobre aquilo que esconde. A curiosidade que esta serra suscita já me tinha levado a colocá-la na lista-de-lugares-a-conhecer-e-coisas-a-fazer há coisa de 3 anos, isto quando, nas viagens ocasionais à terra que me viu crescer, comecei a habituar-me a avistá-la a escassos quilómetros quando passo de automóvel. Aquele bloco calcário atinge uns meros 608 metros de altitude, mas dada a morfologia tendencialmente plana da área envolvente, ganha contornos de imponência na paisagem. O plano foi sendo constantemente adiado, à espera de um alinhamento ideal entre predisposição e disponibilidade, sendo que o passado Domingo foi finalmente esse dia.

Aproveitando a mudança de horário, saltei da cama às 6h30 e já os primeiros raios de sol despontavam. De véspera, e uma vez que compromissos familiares exigiam que estivesse de regresso antes das 12h, decidi pôr em prática algo que ainda não me é ainda muito habitual, mas que o passará a ser, ou seja, ir de carro até um ponto que usarei como partida e chegada, evitando os aborrecidos e já muito percorridos quilómetros que faria só por fazer e que nada de novo me trariam, poupando em tempo e ganhando em prazer e em satisfação. Desta forma, torna-se a viagem bem mais interessante, isto para além de permitir alargar o raio de acção das aventuras. Pequeno almoço tomado, últimos pormenores verificados e sigo rumo a Pombal, onde montaria a minha "base logística".

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Ás 7h20 estava a dar as primeiras pedaladas e, apesar do calor que se previa para o dia, o amanhecer estava frio, mas nada que um inicio logo em ascensão não tratasse de atenuar. Subo a colina que alberga o castelo de Pombal e mergulho por estradas secundárias, desertas e de excelente piso, serpenteando pelas aldeias e lugarejos polvilhados pelo território, típico do povoamento disperso desta região. Primeiro pela M530, depois pelo CM1053, os quilómetros vão passando num sobe e desce constante, à medida que o corpo vai despertando. Chegado a Vila Cã, ainda sem alma viva pelas ruas, rumo a Abiul, terra de passado rico e distante, que foi sede de concelho entre 1167 e 1821, sendo agora uma das freguesias do concelho de Pombal. Em Abiul surge a primeira surpresa do dia. O trajecto que tinha delineado em casa e carregado para o GPS conduz-me para uma subida em calçada romana, atravessando o núcleo histórico da vila. Quando vi o que estava pela frente ainda ponderei procurar alternativa, mas resolvi arriscar. Ainda bem que o fiz. Foi muito bom atravessar aquele pedaço tão antigo de estrada e sentir a forma soberba como a Colnago se comporta neste tipo de terrenos mais ásperos.

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Passada Abiul, sigo a bom ritmo pela M501, que me levaria numa tendência descendente praticamente até ao sopé da serra de Alvaiázere, começando a mesma a surgir no horizonte e a fazer-me antever o que me esperava, pois o topo da serra, onde estão instaladas as antenas, a torre de vigia da GNR e o parque eólico vislumbram-se facilmente a muitos quilómetros de distância, dada a predominância de vegetação rasteira que caracteriza este tipo de terrenos calcários.

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Já na N350, uma estrada larga e de excelente piso que liga a M501 a Alvaiázere, contornando a serra com o mesmo nome, faço uma alteração ao percurso previamente delineado, face ao adiantar da hora e aos compromissos que tinha para esse dia. Não fui a Alvaiázere), conforme estava estipulado (poupando cerca de 10 km de viagem, entrando na serra pelo lado da vila, mas fi-lo pela vertente oposta, seguindo pelo CM1118 e atravessando, já em ligeira ascensão, as aldeias de Candal, Bouxinhas, Aldeia do Bofinho, instaladas na sopé da serra, chegando à aldeia da Mata, onde a subida começa realmente a doer. E o doer aqui é passar dos 130 m aos 608 m de altitude em 8 km de subida.

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A subida principal da serra de Alvaiázere começa após uma placa que dá as boas vindas aos pilotos que escolhem este local para se lançar em voos de asa delta, parapente e afins e começa de uma forma que impõe respeito, com um cotovelo de uma inclinação medonha! Aliás, é fácil descrever esta subida e, talvez seja na sua simplicidade que está o lado sádico da mesma. Basicamente estamos perante uma subida constituída por três cotovelos (dois agressivos e um mais suave), e quatro segmentos de recta, sendo o miolo principal da subida uma longa, penosa e castigadora recta de 2,5 km! A subida não é longa, nem sequer é das mais inclinadas que já fiz, mas acreditem que olhar cá de baixo e ver claramente uma recta sem fim que vamos ter de trepar é verdadeiro terror psicológico! Pedalando devagar e penosamente, arrasto-me por ali acima tentando não olhar para o que ainda falta trepar, abstraindo-me com a paisagem (deslumbrante) ou levando o pensamento para outros lados, mas o corpo sente-se, e de que maneira! A custo, muito a custo, chego ao segundo cotovelo (mais uma barbaridade!) e a estrada não dá tréguas…mais uns metros de inclinação bem acentuada e alcanço a entrada do parque eólico, onde surge o terceiro cotovelo, o mais suave e o que nos leva ao último esforço de subida, já mais suave, até ao almejado topo. Já lá em cima, a paisagem é arrebatadora e o esforço recompensado pelo sentimento de conquista e de objectivo superado. Retenho-me por lá alguns minutos, sozinho (aliás, desde a última aldeia que não me cruzava com alma viva), mas o relógio continua a rodar e tinha o caminho inverso para fazer.

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Esta subida tem a particularidade de ser um beco sem saída, ou seja, chegando lá acima, só há mesmo a hipótese de voltarmos pelo mesmo caminho, significando que iria descer aquilo que subi. E é na descida que a agressividade daquela recta de 2,5 km dá mais um ar de sua graça. Sem pedalar, sem assumir qualquer posição aerodinâmica e bem agarrado aos travões, atinjo os 89 km/h, a velocidade mais elevada que alguma vez atingi numa bicicleta! Chegou a ser assustador, confesso!

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Já refeito das emoções, novamente de volta à base da serra, sigo pela N356, também conhecida como Estrada do Nabão, rio que atravesso uns quilómetros mais à frente, entrando no concelho de Ourém e no distrito de Santarém. A vontade era seguir por aquela estrada e explorar o muito que a envolvente de Ourém e Fátima tem para explorar, mas impunha-se que apontasse novamente em direcção a noroeste, de regresso a Pombal. A M502 foi a eleita e revelou-se uma estrada muito interessante, bom piso e sem movimento. Volto a entrar nos domínios do distrito de Leiria e sigo para Santiago de Litém e, daí, a bom ritmo e sem grande história para contar, em direcção a Pombal. Bicicleta arrumada, com o sol veraneante a fazer das suas em pleno Outono, apresso-me a voltar a casa, de alma cheia e com uma grande dor de pernas! Nos 18 km que separam Pombal da minha casa, enquanto conduzia, pergunto-me “mas onde andam os milhares de ciclistas destes país? Não me havia cruzado com um único ao longo de 82 kms de viagem por estradas fantásticas!”. Chego à execrável, perigosa e ultra-movimentada N109, na qual faço apenas 500 m até cortar para casa, e cruzo-me com três ciclistas, cada um na sua vida. “Ok, entendi!”.

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paradawt

Moderador
Companheiro companheiro companheiro...

Excelente relato e com óptimas fotos a acompanhar. Muito obrigado! O que se passa convosco???? Andam todos a fazer grandes passeatas e eu quase sem tempo para pedalar :(

Muito bom, continua o bom trabalho.

Forte abraço.
 

duchene

Well-Known Member
Olha olha, o Daniel a dar uso à lindíssima C. Andaste quase à porta do nosso amigo Fogueteiro!

Arrancar a uma singela meia hora de viagem de carro do nosso habitual ponto de partida poupa até 120km de pedaladas o que permite desbravar cada vez mais coisas novas. Ainda bem que o fizeste nesta tua volta.

Escolheste bem o destino e as fotos no topo provam-o. Não é todos os dias que estamos a uma cota superior ao local de implantação de um aerogerador!

Ali, pelo menos pelo que o street view deixa antever, é uma zona interessante de recantos e pequenos troços especiais pelas inúmeras estradas que foram feitas no centro de pequenos vales. Não temos muito disso por cá e eu gosto particularmente desse aconchego paisagístico.

Continua a trazer-nos bons pedacinhos de caminho devidamente acompanhados pela belíssima italiana!
 

Skyforger

Active Member
paradawt, pelo que tenho acompanhado por aqui, também tens dado as tuas passeatas. E olha que estas minhas voltas têm sido muito comedidas em relação a números. Quer na passada semana, quer nesta, não ultrapassei os 85 km. Quando vejo por aqui malta que não consegue voltar a casa sem três dígitos no conta quilómetros, sinto-me um principiante.. :) Agora mais a sério, pouco me importa a distância percorrida. Importa sim o gozo e satisfação da viagem, que é como quem diz, privilegio a qualidade em detrimento da quantidade! Claro que a vontade era a de alargar um pouco mais o percurso, mas outras prioridades se levantam e há que encontrar um equilíbrio.

André, permite-me uma correcção: não é Daniel, é Ricardo :) . Também conheço (virtualmente, apenas) um Daniel que tem uma Colnago, talvez daí a confusão ;)

Sim, não andei muito longe do "quintal" do nosso amigo Fogueteiro. Aliás, andei precisamente numa espécie de fronteira entre o "meu quintal" e o dele, demarcada pelo IC3. Dessa estrada para Este entramos no Pinhal Interior, num intrincado complexo de Serras e montes que o Fogueteiro nos vai dando a conhecer. Do IC3 para Oeste, em direcção ao oceano, entramos numa área mais aplanada, recortada por vales mais suaves, tendo na Serra de Alvaiázere e na Sicó os grandes apontamentos em termos montanhosos, sendo esta a área que exploro habitualmente. A minha vontade de passar para lá do IC3 é muita e está nos planos, sendo que acredito que a do Fogueteiro em vir conhecer o "lado de cá" do IC3 também seja igualmente muita. :)

É verdade, apenas em duas ocasiões tinha optado por pegar no carro e relocalizar o ponto de partida para as minhas voltas. Normalmente saio sempre de casa. Mas começa a ser penoso percorrer as estradas num raio de 20 km em torno de casa, principalmente quando o objectivo é conhecer locais novos. Esta foi a terceira vez que tomei esta opção e estou convencido que o começarei a fazer com mais frequência. De facto, 20 ou 30 kms de carro para outro ponto, fazem toda a diferença no planeamento que conseguimos dar às nossas voltas e na abrangência das mesmas. O comboio também é uma opção a considerar, embora a linha do Oeste seja complicada em matéria de horários e destinos, mas já andei a estudar hipóteses.

O destino era meu conhecido à distância, agora foi uma questão de explorar as suas entranhas. E valeu tanto a pena! Aconselho a visita e, de facto, sentir a deslocação do ar resultante do aerogerador por cima das nossas cabeças não é coisa que se faça todos os dias :)

Sim, esta região apesar de ser tendencialmente plana, é enganadora quando a exploramos fora das estradas principais. É uma paisagem ondulada, recortada por inúmeros cursos de água, criando recantos paisagísticos realmente interessantes e acolhedores. Depois, devido ao povoamento disperso que por aqui prolifera, há inúmeras estradas e caminhos estreitos a apontar para todo o lado, pelo que as opções de trajecto são quase infinitas.

Estes relatos irão continuar a aparecer ao ritmo da vontade e da disponibilidade. ;) Mas olha, sei que também tens qualquer coisa para contar em relação ao passado Sábado...:rolleyes:
 

duchene

Well-Known Member
Ricardo, desculpa, estava a escrever aqui entre uns mails de resposta ao Daniel, que não tem nada a ver com as bicicletas e pronto. Deu asneira... ;)

É precisamente esse recorte e essa dispersão que faz com que existam estradinhas por todo o lado. Muito interessante em termos de hipóteses de variação, especialmente em voltas mais pequenas. À falta de um objectivo maior, há sempre o desafio de ir mapeando a zona a pedal.

Quanto à maluqueira de sábado, já devia ter escrito mais do que tenho até agora... Pelo menos as fotos já estão processadas e são bastantes. Nos próximos dias dou notícias... :rolleyes:
 
Ricardo, já tinha visto as fotos no fb, mas com este relato fica divinal. Estás a entrar directamente no meu top3 de users a não perder de vista os relatórios... Muito bom e parabéns , deixaste-me com imensa vontade de visitar esses recantos....
 

Zeni7

Active Member
Boas,

belo passeio e excelente relato. Estou também a ponderar começar a fazer uns passeios utilizando o carro ou outro transporte em parte do percurso. Na minha última volta só cheguei onde queria ter começado mais de três horas depois da partida (ainda por cima completamente desfeito), mas sou muito teimoso e custa-me pegar no carro para andar de bicicleta.
Já agora não acho que a 109 seja assim tão execrável, do que conheço parece-me uma estrada interessante para fazer uns quilómetros seguidos a "puxar", mas também me admira como é que há ciclistas que são capazes de fazer Domingo após Domingo estradas desse género, e não conhecerem outras muito mais interessantes.
 
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