Como digerir amêndoas, parte 1
À uns tempos que não conto aqui nenhum episódio em cima da bicicleta...De facto não têm sido muitos por diversos motivos mas este resolvi contar porque foi especial!
Dia de Páscoa é uma das festas anuais da familia, convívio com pessoas que só se vêm nestas ocasiões e para muitos é significado de comer bem. Quer dizer, muito e se possível bem regado! Ora bem, eu faço parte deste grupo e como tenho dentes fracos mais depressa entrem líquidos, do que sólidos e no fim desta equação normalmente o resultado é eu ficar alcoolicamente bem disposto.
Sabendo disto de antemão o Freitas à noite convida-me para pedalar na 2fª de manhã, só os dois! Eu encontrava-me no cinema e a transpirar como uma esponja quando é apertada, efeitos do alcool claro. Não quis dizer que não e apesar de saber que talvez no dia seguinte podia vir a sofrer destes excessos de sábado e de domingo não virei as costas ao desafio e aceitei. . .
Passado um pouco uma reviravolta na ideia de pedalar sozinhos. Diz ele do outro lado do tlf: "vamos com o meu grupo ao São Bento da porta aberta?"....Respondi com prontidão: "bora lá"! Continuava bêbado de certeza...
8H da manhã estava no local marcado à espera dele, cheio de frio e com um paladar estranho na boca que eu tentava disfarçar para comigo mesmo para não fazer estragos na roupa! O Freitas como é seu apanagio cumpriu o horário marcado, chegou às 8:15h e se demora-se mais uns minutos eu gelava ao frio...
Começamos a pedalar e ao longo de uns klm's fomos juntando o grupo. Já conhecia toda a gente porque já tinha ido andar uma vez com eles, diga-se que não gostei nada talvez pelo facto de nunca ter pedalado assim em grupo, num grupo virado para o "street racing" se é que me faço entender!
O grupo ficou completo ao passar por Guimarães e aí começou o trabalho de grupo com um andamento certinho até à Póvoa de Lanhoso por algumas estradas mais desertas e em alternativa à vulgar estrada nacional. Aqui começou a subir até encontrar-mos a N103, famosa estrada das Cerdeirinhas... A subida é longa mas com pouca inclinação e que permitiu irmos a pedalar sempre em bom ritmo até ao seu ponto mais alto.
De vez em quando ouvia-se "é esperar pelo Cunha..." Eu olhava para trás e ele estava sempre colado, só depois me fui apercebendo que o Cunha está sempre junto ao grupo e deve ter ganho aquela fama num dia menos bom, digo eu!
Ao chegar ao topo o ritmo começou a acelarar mais e os meus neurónios fizeram uma faísca, tal faísca que eu acelarei também até passar pelo cabeça de fila e deixar o grupo para trás uns metros, tendo sido completamente espesinhado com uma ultrapassagem do Leunam Siul a faltar uns metros para o topo. Este sr tem cá uma pedalada....dasss!!
Aos poucos o grupo juntou-se no inicio da descida para o Rio Caldo, em jeito de lambêr feridas ouvi logo um raspanete do Freitas. Segundo ele não devia ter atacado pois muitos já vinham com a corda na garganta e aquilo partiu o grupo todo! Não muito importado com as palavras dele ainda gozei um pouco e depois iniciamos a descida.
Muito jeito na descida me deram as lições dadas pelo Cancellara aquando dos passeios desorganizados aqui do canto. Já tinha feito a descida duas vezes, mas sempre à cautela, mas desta vez chorei até ao rio tal era a velocidade imposta!
Do rio Caldo até ao santuário foi rápido, fomos devagar e desta vez não vi nenhum sprint maluco na disputa de um lugar no podium...Já estava tudo com a cabeça na subida e em poupança de esforços! Chegados ao dito comemos, abastecemos água, uns foram cumprir suas promessas e outros, tiraram fotos!
Para os desconhecedores da espécie, eu e o Leunam Siul com equipamentos iguais e o Freitas de amarelo.
Arrancamos e devagar fizemos o início da subida de regresso! Ouvia algumas vozes a dizer "vamos fazer isto nas calmas e juntamos na fonte"...Hum, já foste pensei eu!
Um grupo desconhecido passou por nós logo no principio e não tardou nem um minuto a que ambos os grupos se partissem e se fossem estendo ao longo da estrada. Apartir daqui era cada um por si!
Rápidamente encontrei o meu ritmo e fui fazendo algumas ultrapassagens, sendo que não estava a perder muito de vista os mais fortes graças ao zoom dos meus olhos!
Na montanha se vê a lei do mais forte e essa lei foi ditada claramente pelo Luis Manuel e por outro Luis do nosso grupo. Eles são autenticas balas na subida tendo deixado qualquer elemento da concorrência para trás sem apelo nem agrado.
Enquanto que pude fui acompanhado a subida deles ao longe e por entre as curvas e contracurvas, mas houve um ponto em que ligaram o turbo extra e nunca mais ninguém os viu!
Chegado ao alto já se encontravam 4elementos, a lambêr as feridas contando como se sentiram na subida. Eu estava na boa, tinha-me corrido bem e não me sentia muito cansado apesar de ter vindo sempre quase no meu limite. Estava contente!
Iniciamos o regresso sem mais nenhuma paragem nem um momento em que se levantou pé à velocidade de cruzeiro imposta. Eu sentia-me bem e fui respondendo como podia aos ataques da malta. Tenho a certeza que não chegarei da Póvoa de Lanhoso a casa tão rápido num futuro recente!
Cheguei a casa com cerca de 110klm's feitos a uma média próxima de 27klm'h. Para amadores penso que seja bom!
Quando me sentei refleti sobre a volta e cheguei a uma conclusão: Adorei e vou ficar cliente de andar com este pessoal de quando em vez! Não estou habituado à falta de convívio que há na estrada quando se pedala em grupo, mas vou habituar-me
Ao Freitas em especial, obrigado pelo convite! Aos outros....Obrigado pela companhia!