Subida à serra do Larouco
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Depois de um interregno de muitos meses sem fazer uma volta de registo, andei bastante, mas tudo treinos nunca superiores a 100kms, mesmo assim com muitos km (milhares) nas perninhas.
Meti férias no emprego coloquei a mochila às costas e parti, fui onde á muito queria ir, sozinho eu a Massi e as estradas desertas, as subidas que me fazem feliz, as paisagens que me ficam marcadas na alma.
A liberdade total em locais onde ainda se respira e sente o que de melhor existe em Portugal o Portugal genuino o profundo onde só vai quem lá vive, ou se perde e eu perdi-me de amores por estas serras.
Para primeira volta escolhi um local muito especial (serra do Larouco).
Manhã cedinho, Massi dentro do carro e rumo à póvoa do Lanhoso, carro estacionado, café vespertino tomado, tudo pronto para partir à aventura.
Primeiros kms sempre a subir pela nº103, deixo o castelo de Lanhoso para trás, passo o local onde se sobe para o santuário de S. Mamede e pensei quando regressar vou subir la acima.
Comforme vou pedalando, vou me afastando do transito da confusão e cada vez as paisagens são mais do meu agrado, vou pedalando e observando a serra do Gerês à minha esquerda e o rio cavado lá no fundo sempre a acompanhar-me.
Caminho fora eis que começo a ver a barragem da Venda Nova e o rio Rabagão mas sem saber ainda hoje vou ter um encontro inesperado com o rio Cavado.
No entroncamento da venda Nova onde a placa diz Salto, Boticas, paro para me orientar e decidir por onde ir mapa na mão.
Está um senhor já de idade sentado à sombra da ramada numa casa com aspecto acolhedor eu quando parei não o vi, mas ele ao ver-me com o mapa na mão, veio ter comigo e muito amavel, daqueles pessoas que dá gosto conhecer cumprimenta-me e pergunta-me para onde quer ir?
Estou a pensar subir a Salto seguir a estrada 311 até Boticas circundar a barragem do alto rabagão, subir a serra do Larouco e regressar por Montalegre pela nº103 até à Povoa do lanhoso.
Se não fossem os meus 85 anos eu acompanahva-o, mas se fosse eu não ia por Boticas sobe muito, a subida da carreira da lebre é durissíma quando era novo passava lá de carro e até tinha medo, deixei de lá passar.
Segui o conselho despedi-me do sr. sempre muito simpatico, segui caminho pela nº103 em breve já tinha á minha frente a barragem do alto rabagão ou dos ( Pisões).
As paisagens cada vez mais agrestas e belas do lado direito aquele enorme lençol de agua da barragem com a serra do Barroso como pano de fundo,no topo com as eólicas que parecem gigantes e nas margens pequenas aldeias que parecem que entram pela agua dentro, mas estão longe, não as consigo ver bem, mas já me fazem sonhar com uma incursão á outra margem.no regresso talvez?
Vou seguindo caminho, as pernas vão bem, a Massi também, o calor é cada vez mais, mas sinto-me bem com uma vontade norme de começar a escalar o Larouco.
Viragem para Montalegre,entro na vila,subo ao castelo,umas fotos vou ao posto de turismo comprar uns pins e já são horas de saciar a fome.
Refeição ligeira um croisant misto e dois sumos de larananja, leio o jornal e está na hora de cumprir o meu objectivo, mal se saí de Montalegre é muito facil seguir em direcção á serra do Larouco está muito bem sinalizado é mesmo só seguir as placas de sinalização.
Montalegre nas costas à minha frente ergue-se aquele gigante o Larouco com 1525m, atrevesso a aldeia de Padornelos, depois só existem meia duzia de construções agricolas e é estrada deserta, vou olhando e vejo um risco na encosta do Larouco um rasgo como uma cicatriz é a estrada que eu tenho que subir, oiço campainhas no meio da vegetação, não vejo, mas sei que é o gado que anda a pastar com as suas campainhas.
Mas numa das retas da subida, vislumbro ao longe parte da subida e uma curva com gado deitado na estrada e quando lá chego, lá estão elas sossegadas deitadas na estrada as vacas barrosãs não se mexem, não têem medo apenas se limitam a olhar para mim e eu vou fazendo gincana pelo meio delas sem as perturbar sem fazer barulho aquele não é o meu mundo, eu sou apenas um intruso, uma sombra, eu vou subir ,descer ,partir e elas não, ficam ali naquele mundo mágico, eu apenas quero sentir um bocadinho daquela mundo e partir apenas com recordações e sem deixar pegadas.
E de repente uma nascente não parei, mas pensei na descida vou parar e encher os bidões e beber desta agua pura.
Conforme vou subindo as vistas vão-se alargando, de repente um barulho e uma perdiz levanta ao meu lado do meio da vegetação, fico de alma cheia, aos anos que não via uma perdiz no seu habitat, mas não são só perdizes que por lá habitam veêm-se muitas aves ao longo do caminho.
Quanto mais me aproximo do topo mais palavras de incentivo escritas no chão, muitos nomes, penso no sofrimento, no esforço que os ciclistas da volta a Portugal fizeram por aquela subida acima sem terem tempo de apreciar a paisagem de sentir a serra.
Eis-me chegado ao topo, um marco geodésico enorme e uma paisagem fantástica, fotos da praxe, sentei-me um bocado a absorver tudo o que via, a gravar memórias que me acompanharão para sempre.
Horas de descer, primeira paragem a fonte que tinha visto na subida, fiquei supreendido porque junto à fonte tinha uma placa que informa-va Fonte do Pipo nascente do rio Cavado.
Sabia que o Cavado nascia na serra do Larouco o que desconhecia é que a sua nascente fosse assim ao pé da estrada e eu pudesse beber agua da sua nascente,
Na descida tive que voltar a fazer gincana pelo meio das vacas que continuavam pachorrentas e estendidas na estrada, subi e desci o Larouco sem ver ninguém isolamento total.
Antes de chegar a Montalegre fiz um desvio para apanhar a Nº 103 mais a nortee vir por Boticas atrevessar a serra do Barroso e vir sair á venda Nova onde tinha estado com o Sr de manhã, ainda andei cerca de 10km na nº103 em direcção a Boticas mas o vento começou a soprar forte e via muitas nuvens escuras no horizonte a norte, começei a pensar no que me aconteceu no Marão, não conhecia a estrada e as subidas podiam ser como o sr. me tinha dito, ser apanhado de noite no meio de uma serra por um temporal, era tudo o que não queria que me acontecesse, tomei a decisão de dar meia volta e regressar pela nº 103.
Ao passar à Venda Nova lá estava o sr. sentado quando me viu esticou a mão e gritou boa viagem, eu pensei muito obrigado, foi uma boa viagem e o sr. faz parte dela, foi uma viagem a uma montanha mágica foi o meu regresso ao ciclismo puro.
Mas como é hábito nas minhas voltas existe sempre lugar ao improviso e não é que depois de passar a barragem da Venda Nova vejo a placa a dizer ponte da Misarela mal saio da nº 103 aquilo é uma descida abrupta, começo logo a pensar se para baixo é assim para cima vai ser a doer, chegado ao ponto onde uma pequena placa sinalizava a ponte tinha que meter por um carreiro em terra ainda fui um bocado mas a Massi não tinha tracção. voltei para trás e pensei já que estou aqui vou até ao fim da descida, fui até ao rio e mal começo a suibida uma placa indica 14% de inclinação foi sempre a penar até à nº103, só para terem uma ideia são 3400m de subida, no rio a altitude é de 306m na nº103 a altitude é de 582m, chegado à nº103 estava consoladinho podia vir para casa.
A serra do Barroso que me espere e a carreira da Lebre, por maior que seja a subida. o meu querer é muito maior.
2 dias depois regressei ao Barroso e já sei como é a carreira da Lebre e onde fica Alturas do Barroso, mas conto-vos como foi na próxima crónica. um abraço
Avelino
Link para as fotos:
https://picasaweb.google.com/linosam22/SerraDoLarouco?authuser=0&feat=directlink
Para aqueles que se interessam os dados da volta
Distância:184,9km
Tempo:7:43m
Velocidade:24,4km/h
Acumulado:5179m