S Ricardo Costa e Ciclistas do Pina Bike:
Saudações ciclistas em nome dos DUROS DO PEDAL.
Gosto de felicitar todas as eniciativas e actos que dão valor a este desporto que tanto gostamos.
Como outsiders fomos bem aceites pela vossa companhia pois estamos todos nestas aventuras pelo mesmo motivo e estamos grátos!!!
Em todas as saidas existem sempre escaramuças com um sabor a competição saudável pois quem não gostaria de marcar um golinho numa baliza qualquer caso fossemos fotebolistas ??? Mal podemos esperar que chegue o próximo Domingo não é???
Obrigado por mais um Domingo de loucura saudável!!!
Já está agendada para o ano!!!
Abraços a todos!!!
TO MONTEIRO
Clássica de Santarém: a crónica
A edição de 2010 da Clássica de Santarém confirmou as expectativas criadas neste início de temporada de grande motivação e empenho da maioria dos ciclistas, tendo reunido várias dezenas, entre habituais e estreantes. A jornada escalabitana ficou marcada pela intempérie – embora longe das previsões e das tempestades dos dias anteriores – e por diversos furos que causaram impasses e contratempos ao seu normal desenrolar. De qualquer modo, confirmou-se o elevado nível do pelotão que arrancou de Loures, bem demonstrado pela média final superior a 35 km/h (excluindo paragens).
Nos quilómetros finais, naturalmente, lutou-se pela melhor posição e os mais fortes do dia fizeram valer os seus méritos. Após a passagem por Alverca, um grupo com menos de 10 unidades digladiou-se sob chuva intensa pelos lugares cimeiros, mas a homenagem vai, em especial, para todos os bravos que cumpriram os 152 km do trajecto.
As contrariedades iniciaram-se logo... ao km zero! Cabo das mudanças partido na bicicleta do Duarte motivou insólita paragem para reparação na oficina do Pina, em S. Roque. Aqui, o Salvador tem o primeiro de dois furos num espaço de... 1 km. O segundo, no Tojal, obrigou a paragem forçada do pelotão, sob o céu negro ameaçador.
Cerca de 10 minutos depois, retoma-se o andamento, embalado a favor do vento pela variante de Vialonga, e já sob chuva intensa. Às tantas passamos pelos Duros do Pedal e reparo no semblante esmorecido do Tó Monteiro, a não augurar nada de bom... Soube-se ele e alguns dos seus homens não encontraram coragem para enfrentar as condições climatéricas que se punham cada vez mais adversas. Mas não foi decisão unânime no grupo de Algueirão – e ainda bem, pois os resistentes participaram com enorme galhardia e companheirismo na prova, cumprindo a sua totalidade. Pelos relatos que já tive oportunidade de ler, com o agrado dos próprios.
O ritmo animava à chegada ao final da Variante, mas logo se gritou por mais um furo: agora o Steven. Nova paragem prolongada, agora em Alverca, debaixo do viaduto, resguardados da chuva. Resolvido mais este percalço, o comboio pôs-se finalmente em cruzeiro, liderado até Vila Franca apenas por três a quatro elementos – em que me incluía. Os outros, foram o Jony e o estreante Fernando Duarte, que iniciava nesta altura um trabalho assíduo e de grande qualidade na frente do grande grupo. Devido à paragem em Alverca, o pelotão fraccionara-se e no grupo mais recuado procurava-se recuperar – desde logo, com esforço acrescido dos seus elementos. Situação que, infelizmente, é recorrente aquando de incidentes como furos ou outros.
Passou-se o empedrado com redobrada precaução e a ligação Ponte Marechal Carmona-Porto Alto, pela extensa recta do Cabo, foi cumprida a boa pedalada. No entanto, só em Samora Correia o pelotão voltou a ficar reagrupado. Ainda com o trabalho restringido aos mencionados. Entre Alverca e Samora Correia rolou-se à média de 35,3 km/h. Até Benavente continuei a partilhar a dianteira com o Jony e o Fernando Duarte, após o que fomos rendidos pelo até aí resguardado Capela. Quando entrou ao serviço, fê-lo ao seu estilo, mantendo-se à frente por largos períodos a velocidades a rondar os 40 km/h. Mas nunca deixou de contar com ajuda. Em Muge, a média desde Samora subiu para 38,3 km/h. De resto, houve um momento, na ligeira subida para Marinhais, que o Duarte fez uma fugaz mas intensa passagem pela cabeça do grupo, elevando a marcha para perto dos 50 km/h. E pela primeira vez ouviram-se dentes a ranger no pelotão!
Rolava-se a bom ritmo e em pelotão compacto – ainda que com escassa participação no esforço da sua condução – algo que caracterizou a primeira metade da tirada. Nas proximidades de Benfica do Ribatejo começaram, com surpresa, as escaramuças. O jovem Rodrigo (Cartaxo) lançou-as, mas sempre com pronta e eficaz reacção do pelotão. Foram duas ou três, sem aparente objectivo. Parecia, porém, estar a preparar-se a abordagem à subida das Portas do Sol, em Santarém.
Até que, mais uma vez, um furo (desta vez do Renato) criou mais uma neutralização. Após uma ligeira paragem em Almeirim, a maioria dos elementos do pelotão decidiu «passar» a subida sem sobressaltos. E lá se foi a «importância» que poderia ter subida mais exigente no contexto da jornada. Entre Muge e Almeirim (37,5 km/h). Mais uma vez resolvido o percalço técnico, os que permaneceram no local (eu, o Renato e o Jony) metemo-nos ao caminho em direcção a Santarém, reunindo na roda deste último um pequeno grupo composto ainda pelo Capela, Gil, Pina, Nuno Garcia, Vítor Pirilo e Ruben, que entrou em feroz perseguição - que se revelaria desnecessária. Motivo: os restantes aguardavam à saída de Santarém – já depois da subida! Não foi tanto pelo ritmo acima de 40 km/h que o Jony impôs desde Almeirim, mas principalmente porque ele atacou a subida com grande intensidade, realizando um trabalho fantástico no primeiro quilómetro da ascensão, abrindo depois para os «resistentes»: Renato, eu, Capela e Gil, que seguimos ao passo elevado do primeiro até ao alto. Foi um momento alto, de grande nível, mas que terá sido despropositado e cujas consequências não são escamoteáveis no rendimento posterior dos referidos cinco elementos que mais se esforçaram. Foi, digamos, um «castigo» vão. Mas que valeu pelas sensações de se ter subido a 5% de inclinação à média de 26 km/h! E de pulso: 176.
De novo em pelotão compacto, desceu-se a caminho do Vale de Santarém, agora com o vento de frente. O Ruben, quase obrigado a ir à frente, «deu as últimas» na curta ligação à subida. Que foi transposta em ritmo certo, partilhado entre mim e o Fernando Duarte. O pelotão passou incólume. Ou foi o que pareceu... Tal como o fez no sobe-e-desce do percurso até Azambuja – então com mais revezamento à frente do que em todo a trajecto que já fora cumprido. Começaram a surgir à cabeça elementos como o Carlos Cunha, o João Rodrigues, o Hugo Maçã, entre outros. Depois do Cartaxo, dos que mais trabalharam na primeira metade, apenas o Fernando Duarte e o Capela se mantiveram no activo. E durante muitos quilómetros, até Vila Franca, não se registaram alterações a esta toada. Média Santarém-Vila Franca: 36 km/h.
A passagem pela cidade de touros e toureiros marcou o final da harmonia no pelotão. Logo à saída do empedrado, sucederam-se os ataques. A maioria de chamados «dois e quinhentos», sempre com resposta fácil do pelotão, mas houve um que perdurou entre Alhandra e Alverca: do Fernando Duarte (FD) e do jovem Rodrigo, que já demonstravam boa cooperação e, acima de tudo, sinais de preponderância sobre os restantes. Em Alverca, o Capela (e creio do Carlos Cunha) abdicaram do troço final até Loures, não participando nos principais picos de intensidade da tirada: que, como se previa, ocorreram a partir da subida da Sagres. E entretanto começara a chover copiosamente!
O ataque mais forte voltou a pertencer ao duo FD/Rodrigo, que ganhou cerca de 50 metros à saída da rotunda do Cabo e se lançou desenfreado para o final. No seu encalço, apenas um quinteto: eu, Duarte, Renato, João Rodrigues e Hugo Maçã, este o único Ciclomix no pelotão principal, mas a dar muito bem conta do recado: ao seu nível! A perseguição afigurava-se difícil, embora o grupo estivesse a entender-se, reduzindo progressivamente a desvantagem para 20 metros... e baixar. Até que... o semáforo do cruzamento Vialonga-Quinta Piedade nos tramou: fechou, obrigando-nos a refrear o ritmo. Perdeu-se o que se recuperara com tanto esforço! Mas ainda havia tempo de voltar à carga. Só que, eis nova partida do trânsito: na rotunda do MARL houve que dar passagem a um carro. Desta vez, obrigando a uma desaceleração maior – no meu caso e no do Renato quase a parar. Este, aliás, furou e ficou logo aí... Má sorte para o jovem de Bucelas, que vestiu meritoriamente as cores do Pina Bike!
Em consequência deste incidente de percurso, a perseguição, já de sim complicada, tornou-se desde então impossível. Sem dúvida! Tanto mais, que o nosso grupo acabou por se desmembrar. O João Rodrigues passou melhor a rotunda e isolou-se em posição intermédia, mas com os fugitivos fora de alcance. O Duarte e o Maçã seguiam cerca de 100 metros atrás; e eu ainda mais alguns metros, forçado a recuperar. Só o concretizei à entrada da primeira rotunda do Tojal (empresa Costa e Baleia), à custa de muita e preciosa energia. Considero que a separação, embora involuntária, foi um erro estratégico. No entanto, àquele nível de adrenalina e com o caos de visibilidade gerado pela chuva torrencial, se compreenda perfeitamente...
Assim, ainda faço o topo do nó da CREL a puxar o trio, onde deixei as minhas últimas forças... aproveitáveis. O Duarte e o Maçã partiram e chegaram a alcançar o João à entrada do «carolo» de S. Roque, comigo distanciado cerca de 100 metros. Reunimo-nos novamente após a rotunda do Infantado quando eles desaceleraram, já o duo da frente cumprira o objectivo de chegar isolado à estação de serviço. A média de Alverca a Loures, sector decisivo: 34,5 km/h. O meu pulso médio: 170!
Poucos minutos depois chegavam os restantes, creio com um dos elementos dos Duros em vantagem. Logo atrás, o «grosso» dos Pinas! O chefe (Pina), o Evaristo e o Capitão. Os «cinzentos» em maioria! Quando regressava, cruzei-me ainda com o Nuno Garcia na rotunda do Infantado e pouco depois, em S. Roque, com um trio que incluía o desafortunado Renato, o Jony (que parou para ajudá-lo a reparar o furo) e, creio, o Vítor Pirilo.
Correndo o risco de «puxar a brasa à nossa sardinha» – e quem levará a mal? -, não restam dúvidas sobre o excelente desempenho colectivo do nosso grupo nesta clássica inaugural. Bastante promissor para a restante temporada!
Não posso deixar de reiterar a homenagem a TODOS os participantes nesta clássica, pelo respeito e dignificação da filosofia que se pretende deste género de eventos «especiais» da temporada. Cumprimento a todos os estreantes e em especial aos Duros do Pedal (Algueirão) pela sua presença que, apesar dos percalços já referidos, foi a todos os níveis elevadíssima!
Publicada por Ricardo Costa