Tens que ter força e continuar. O meu fez dois anos que faleceu em Maio. Como foi para o hospital e estávamos em pandemia as visitas não eram permitidas; não nos chegámos a despedir e é uma situação que ainda me persegue. Mas sinto que ele está presente e que tenho que continuar.
Eu ainda a consegui ir ver a minha mãe ao hospital, mas consegui porque tenho familiares a trabalhar lá e esses mesmo familiares pediram à administração e consegui. Mesmo assim... Aqui em casa foi no espaço de um ano perdi tudo, passou de uma casa cheia para uma completamente vazia e silenciosa. Tenho muitas vezes a tv ligada para fazer barulho de fundo.
É ter força para continuar e viver da melhor maneira possível e com a certeza que quem partiu tinha esse desejo, não ficar "agarrado" a momentos menos bons mas sim lembrar dos melhores momentos e dar tudo no dia a dia porque esta vida é efémera, é um piscar de olhos
Mas a mente é tramada para quem cá fica, apesar de ter a certeza que partiu com a certeza que tinha todo o amor do Neto e que tinha vivido uma vida cheia, para mim que cá fiquei não passa muitos dias sem que a minha mente e os meus sentidos não se lembrem da imagem da minha avô a cair das escadas abaixo 1s depois do sorriso no rosto de me ver chegar a casa e ao tentar vir ao meu encontro acabou por cair e após essa queda que a levou ao Hospital e acabou na sua morte 2 dias depois. Impressionante o detalhe com que estas coisas ficam gravadas no nosso subconsciente e as vezes que aparecem.
Esta vida são segundos, são momentos, é viver o que se pode e não perder tempo com merdas e dizer a quem merece que os amamos, não seja a última vez que o podemos fazer, mas ter a certeza que aconteça o que acontecer todos sabem isso, mas acima de tudo VIVER
A mente pode ser tramada às vezes, tenho gravado muitos bons momentos com a minha mãe e com a minha avó, mas parece que os últimos maus momentos de ambas que eu bem vi de perto ficaram ainda muito mais vincados. É como escrever a lápis e depois apagar, quanto mais carregamos no lápis a borracha custa apagar, affim ficaram esses ultimos momentos de ambas.
Neste ano tenho tentado aliviar a cabeça, mas tem momentos muito complicados e tenho a noção que o tempo vai atenuando, mas... custa! Como se não bastasse, há 2 anos que estou desempregado, constantemente a ir a entrevista e ver sempre um "não" como resposta ainda desanima mais. Pode ser que no dia de amanhã seja melhor.
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A volta ontem foi soft, não deu para fotos, apenas para aproveitar o ar fresco da manhã aqui no profundo alentejo. Foram cerca de 30km, onde os ultimos já foram sofriveis (é o que dá só pedalar na de BTT num circuito de XCO - cerca de 3 a 4 voltas de sábado a sabado). Tenho que tirar as teias de aranha da bike. 30km tiraram o pó mais leve.