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UCI WorldTour & ProSeries 2021

Bruso

Well-Known Member
O problema aqui é o programa olímpico. Portugal não tem uma estrutura organizada para gerir este programa. É cada modalidade por si. No fundo é tudo dinheiro. Quanto mais dinheiro investires mais atletas de alto nível terás.
Mais dinheiro = melhor infraestruturas, melhores treinadores, mais atletas profissionais.

A BBC lançou uma mini série muito interessante sobre o programa olímpico do UK após o descalabro dos JO 1996. O governo criou a lotaria nacional e criou um programa centralizado que geria o dinheiro que vinha da Lotaria para apoiar as modalidades. Todas as modalidades tinham que apresentar um plano de como iam usar o dinheiro e se não apresentassem resultados era-lhes retirado os fundos.
UK tem 66 milhões e fez top5 nas últimas 3 edições dos JO. No Brasil ficou à frente da China.

É preciso dinheiro e estrutura para gerir esse dinheiro. Não basta o governo gastar dinheiro em infraestruturas e dar dinheiro às federações e não exigir resultados.
 

Jazz

Well-Known Member
Só se for nas chefias, porque em Portugal trabalha-se tão bem ou melhor do que nos outros países.

Não falo só de desporto. A todos os níveis.
 

cconst

Well-Known Member
Eu acho que o problema é cultural. E financeiro.

As camadas jovens apenas têm visibilidade para os pais e familiares diretos. Logo não existem patrocínios para dar boas condições à formação. Seja ela em instalações e equipamentos seja ela em treinadores e preparadores. Na maioria da vezes os custos são totalmente suportados por mensalidades dos pais.

E o que aparece na TV é apenas "bola". Nem é andebol. Nem basket. Ou natação. Logo, o que chega aos miúdos e aos pais é "bola". É para esse caminho que todos são influenciados (mesmo que não dêm conta - por isso é que quase todos têm um clube... dos 3 "grandes") à procura do sonho.

Faz falta muita coisa:
- visibilidade (quiçá um canal no cabo dedicado às outra modalidades?! dessa forma os patrocínios talvez sejam mais simpáticos)
- ensino articulado com vertente desportiva (descobri recentemente isto do ensino articulado, em que um aluno pode substituir disciplinas não essenciais por disciplinas dedicadas à arte, como música ou dança. Porque não no desporto!?)
- benefícios fiscais para escolas privadas que ofereçam bolsas de mérito desportivas
- Isenção de propinas no superior para atletas que participem nos circuitos universitários

Talvez assim, trabalhando logo nas camadas mais jovens e incentivando o mérito desportivo através de bolsas/benefícios fiscais/... os miudos possam chegar a idade adulta com uma cultura desportiva e competitividade mais aproximada de outros países.
 

Jazz

Well-Known Member
Para isso também terias de criar as mesmas medidas para outras áreas.

Ciências, artes plásticas, música, etc..

Porque motivo um aluno do superior teria isenção de propinas por praticar uma modalidade, enquanto outro com destaque na área científica ou musical, não?
 

Cláudio

Well-Known Member
Para isso também terias de criar as mesmas medidas para outras áreas.

Ciências, artes plásticas, música, etc..

Porque motivo um aluno do superior teria isenção de propinas por praticar uma modalidade, enquanto outro com destaque na área científica ou musical, não?

Um atleta já tem imensas regalias que outros alunos de destaque das áreas científicas ou nas artes não têm
 

TiagoLopes

Well-Known Member
Estes jogos, nem cheiramos uma medalhita...

É Já amanha com o Jorge Fonseca;)

Devemos ser um dos países europeus que menos medalhas olímpicas conquistou até hoje. Isso diz muito sobre a nossa cultura desportiva.
Já nao sei se somos nós que somos assim ou se os nossos media que pensam que somos assim.. tao burros que só ligamos á bola... Its just sad :confused:
E6-MhhmXsAIRrVA


As medalhas dizem muito sobre os países...
Se repararem as medalhas estão associadas aos países com maior poderio económico.
E entre países pequenos como Portugal existe uma diferença enorme entre ter (infraestruturas e valências) ou não para a prática desportiva.
Durante anos e anos em Portugal apenas se construía um tipo de recinto desportivo (campo de futebol)!

Nestes indicadores também se vê o desenvolvimento dos países.
Embora seja verdade para 90% dos casos, lembro-me da Hungria que é semelhante em tamanho, PIB e tem um programa olímpico de Natação dos melhores do mundo, com medalhas e campeões olímpicos e mundiais constantemente.
 

cconst

Well-Known Member
Porque motivo um aluno do superior teria isenção de propinas por praticar uma modalidade, enquanto outro com destaque na área científica ou musical, não?
Quem tem destaque na área científica consegue ter acesso a outro tipo de programas, tal como bolsas de investigação (no superior) e em (alguns) colégios particulares, bolsas de mérito.

Além de que este tipo de ideias que sugeri não são perfeitas nem seriam para ser "para sempre". Seria para incentivar uma geração, introduzir mudanças de cultura. Até porque a prática desportiva continuada tem um efeito muito grande na saúde e consequentemente na despesa com a saúde de cada cidadão, podendo desviar parte do orçamento da saude para o da educação e/ou desporto.

Para as artes, já existe o ensino articulado a partir do 5º ano (se não estou em erro, apenas para dança e música). Porque não há-de haver para desporto?

Um atleta já tem imensas regalias que outros alunos de destaque das áreas científicas ou nas artes não têm
Não estou totalmente dentro do tema, mas no ensino superior é semelhante a um trabalhador estudante, não? Com acesso a épocas especiais, prazos alargados... Ainda assim, esse atleta tem que representar um clube qualquer que é financiado de alguma forma (muitas vezes, é o próprio atleta a pagar a mensalidade, ficando a cargo do clube inscrições em provas e deslocação para as mesmas).

Embora o que me referia não era para atletas de alta competição. Era para atletas a praticarem desporto na propria instituição: o chamado "desporto escolar", que no formato de que me lembro, aquilo era apenas "só para participar".

Muitas outras áreas têm problemas. Aqui estava a endereçar um: a fraca cultura desportiva cá neste cantinho da Europa. Possíveis soluções para outras áreas, posso contribuir... num outro forum.
 

Jazz

Well-Known Member
Um atleta já tem imensas regalias que outros alunos de destaque das áreas científicas ou nas artes não têm
Pois tem. Falo por conhecimento de causa, a minha área é na saúde e, para além da minha prática privada, também sou docente universitário da UP.

@cconst, percebo o que dizes, mas não é bem assim.

Na área científica as bolsas são residuais, para apoio na pré-graduação.

Na área das artes não há nada. O ensino articulado é apenas um ensino em que a música está integrada de outra forma. Não dá regalias nenhumas para entrada no ensino superior, propinas, etc..

Por outro lado, os atletas de alta competição entram em cursos com médias totalmente desajustadas. Conheço vários casos, alguns estudaram comigo.


Já para não falar dos alunos que entram porque têm residência nas ilhas e depois não voltam para lá (deviam ter de voltar, ou ressarcir o Estado se não o fizessem),ou de a Macau e nunca sequer lá foram, etc..

Enfim, é um tema imenso.

Um aluno que pratique desporto não gasta mais horas nessa actividade do que um que toca um instrumento, ou dança ballet, por exemplo.
 

qwerAC

Well-Known Member
Desde já aviso que vou ser polémico mas é a minha opinião. Em Portugal vive-se apenas para o futebol, os putos vão quase todos para o futebol, iniciando a chamada especialização precoce neste desporto. Isto contraindica o que defende a literatura, que aborda a necessidade de se priorizar o ecletismo, obrigando a criança a trabalhar diferentes qualidades físicas, a trabalhar diferentes comportamentos motores, elevando e diversificando assim o seu reportório físico-motor. Quem já viu alguns golos ou recepções de bola do Zlatan Ibrahimovic sabe que o facto de ter praticado taekwondo (penso eu que foi esta arte marcial) ajudou-o a ter uma excelente elasticidade e elevar o pé a alturas inantigiveis para outro atleta.
Para além da cultura de especialização precoce no futebol, surge ainda o papel miserável evidenciado pela educação física (culpa do ministério da educação em que os professores nada podem fazer). Temos uma disciplina de educação física que tem 3 horas semanais de prática, longe das referências definidas pela OMS para crianças e jovens. E este é o principal problema, os nossos jovens não praticam atividade física suficiente, não adquirem conhecimentos e habilidades motoras suficientes. O 1° ciclo em educação física é lecionado muitas vezes por professores sem qualquer conhecimento da disciplina. Este é o grande problema! Daí sermos uma merd@ enquanto país nos jogos olímpicos.
Outro problema (agora sim a polémica) é que os treinadores em Portugal (modalidades individuais) trabalham pouco e mal, o que leva os atletas a trabalharem pouco e mal. Nós sempre fomos uma nação que poucas medalhas trazia mas éramos sempre uma nação a ter em conta nas provas de fundo do atletismo. Até isso perdemos!
 

GuilhermeOliveira

Well-Known Member
Resumindo, querem mais medalhas, têm de pagar mais, mas isso é que não
Vamos voltar ao mesmo de sempre, queremos fato novo mas de borla


Já para mim, vejo a coisa de outra forma, ou se mantem é não se faz ondas, ou de não queremos pagar 100atletas, vão só 20, ou mesmo só 2
Não podemos é querer que 2 tragam 20 medalhas


Todos acham que se gasta muito dinheiro e a solução é cortar nos outros
 

Cláudio

Well-Known Member
Não é nada polémico e sinceramente (isto sim pode ser polémico) é típico em países altamente católicos. Já que se dá a religião de uma forma dogmática, ao invés de apresentar as várias existentes e deixarem as pessoas escolher, tal como se faz na Suécia por exemplo, isso acaba por ser transversal em todos os aspetos da sociedade e o desporto não foge a isso. O desporto dogmático é o futebol e o resto são migalhas.
Quanto aos treinadores das modalidades individuais trabalharam mal, concordo, apesar de estar a mudar o paradigma com as novas gerações que estão a entrar agora. Antigamente para seres um treinador de atletas bastava teres sido um atleta minimamente competente e passavas o que tinhas aprendido ao longo da carreira, bem ou mal. Agora creio que estão a entrar profissionais com muito mais mundo, mais conhecimento científico, muitas vezes sem terem sido atletas, o que não tem de ser um pré-requisito. Há cada vez treinadores mais novos, cheios de conhecimento e cheios de sede de fazer mais e melhor
 

Velhadas

Well-Known Member
Cada um tem a sua opiniao .. mas o gajo do triplo salto ( ou de qualquer outro naturalizado a pressao) para mim... nao conta... a cena de trocar de nação como quem troca um par de cuecas para mim nao conta...
se vais dizer que o Tsanko Arnaudov também não pode ser considerado Português aí eu vou ter de te explicar que ja o conheço desde os 12 anos e ele ja estava a viver em portugal fazia uns bons anos quando o conheci
 

Carolina

Well-Known Member
se vais dizer que o Tsanko Arnaudov também não pode ser considerado Português aí eu vou ter de te explicar que ja o conheço desde os 12 anos e ele ja estava a viver em portugal fazia uns bons anos quando o conheci

O problema deste tipo de situações é que é impossível legislar quem pode ou não obter naturalidade de forma justa para todos os casos. Quanto muito poder-se-ia impedir que os atletas mudem o país pelo qual competem.
 

Bruso

Well-Known Member
Eu acho que o problema é cultural. E financeiro.

As camadas jovens apenas têm visibilidade para os pais e familiares diretos. Logo não existem patrocínios para dar boas condições à formação. Seja ela em instalações e equipamentos seja ela em treinadores e preparadores. Na maioria da vezes os custos são totalmente suportados por mensalidades dos pais.

E o que aparece na TV é apenas "bola". Nem é andebol. Nem basket. Ou natação. Logo, o que chega aos miúdos e aos pais é "bola". É para esse caminho que todos são influenciados (mesmo que não dêm conta - por isso é que quase todos têm um clube... dos 3 "grandes") à procura do sonho.

Faz falta muita coisa:
- visibilidade (quiçá um canal no cabo dedicado às outra modalidades?! dessa forma os patrocínios talvez sejam mais simpáticos)
- ensino articulado com vertente desportiva (descobri recentemente isto do ensino articulado, em que um aluno pode substituir disciplinas não essenciais por disciplinas dedicadas à arte, como música ou dança. Porque não no desporto!?)
- benefícios fiscais para escolas privadas que ofereçam bolsas de mérito desportivas
- Isenção de propinas no superior para atletas que participem nos circuitos universitários

Talvez assim, trabalhando logo nas camadas mais jovens e incentivando o mérito desportivo através de bolsas/benefícios fiscais/... os miudos possam chegar a idade adulta com uma cultura desportiva e competitividade mais aproximada de outros países.
Tens muita coisa aqui que não considero ser um problema e vou usar o UK como comparação por causa do sucesso do programa olímpico e por cá viver.

Formação - todo o desporto aqui é pago. Desde miúdos de 3anos até os 18 anos. Ninguém pratica desporto grátis.
Infraestruturas - os parques locais são usados para a prática desportiva. Faz me impressão ver os miúdos a jogar futebol em zonas relvadas com declive mas é o que fazem. Não há balneários, vêm equipados de casa, jogam e vão para casa. Atenção que estou a falar de equipas de formação e não de jogar à bola com os amigos. Isto aplica se a futebol, rugby e cricket.

Benefícios fiscais - não pode passar por aí. O governo que use o dinheiro da Santa Casa da Misericórdia e crie um fundo para apoio direto às modalidades. De nada serve a um atleta ter mais tempo para treinar se não for bem guiado.

Teinadores (referido por outro) - conheço muitos que queriam tirar curso de treinador de futebol mas a federação não se importa em abrir cursos regularmente. É quando lhes dá na cabeça. Muitos acabaram por vir para o UK ou Irlanda para tirar o curso. Até o Rúben Amorim ainda está à espera que haja curso para ele. Se é assim no futebol imaginem nas outras modalidades.

Na minha opinião o problema de Portugal não está nos praticantes. Está nas estruturas organizativas que não têm capacidade para fazer os atletas evoluir. Não há cultura de exigência (será que é só no desporto?). O governo gasta milhões em infraestruturas mas depois deixa ao abandono - de que vale ter uma pista de Ciclismo se não tens treinadores e atletas? Não há mínimo planeamento. É construir por construir porque o dinheiro vem da União Europeia e assim dão de mamar aos amigos todos.

Somos um país de mar com 1001 piscinas - (Na Madeira existe uma piscina de competição em todos os concelhos) Como é possível não termos nadadores de mais valor? Como é possível não termos velejadores de top mundial? Canoista até temos um bom passado recente e o Pimenta é sempre candidato a uma medalha.
 

Velhadas

Well-Known Member
O problema deste tipo de situações é que é impossível legislar quem pode ou não obter naturalidade de forma justa para todos os casos. Quanto muito poder-se-ia impedir que os atletas mudem o país pelo qual competem.

Concordo com isso. Aliás acho que no futebol se representares uma pais a nivel de seleções já não podes representar outro. Isso nao acontece no atletismo. Num ano és marroquino no ano seginte és sueco.
Isso deturpa o conceito de emigrante nacionalizado e passa a atleta contratado.
 
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