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Acompanha-me nesta viagem...

Galdrapas

Member
Há uns 3 anos, num momento de de total disfuncionalidade, mas de consciência que as coisas não estavam a ir por um bom caminho, recorri à ajuda de uma médica, que naquele dia me disse algomais ou menos assim:

Sabes, a nossa vida é como uma viagem de comboio em que somos o maquinista. Vais ao comando, há pessoas que entram numa paragem e saiem na seguinte, outras que continuam a viagem contigo por mais tempo. Independentemente dos passageiros que te acompanhem e o tempo te acompanhem, é a tua viagem, és tu que vais ao comando.

Naquele momento conturbado de uma ruptura muito imapctante, em que sentia que as coisas faziam pouco sentido, aquela analogia, trouxe-me alguma paz de espirito.

O comboio segue sempre a viagem, não fica parado porque determinado passageiro saiu numa estação.

A viagem seguiu, por os caminhos que fui escolhendo, e hoje trouxe-me aui a este pequeno apeadeiro, remoto, longe dos grandes terminais de transporte e das grandes confusões. Aqui encontrei uma linha dessas que foi desactivada há décadas, esquecida, apeei, montei-me na bike e parto à descoberta.

Aqui, entre pessoas que partilham comigo o gosto por pedalar. Pessoas que sabem que a bicicleta é esse objecto de derradeira liberdade, que faz de nós melhores pessoas, que o que nos tira ao corpo, devolve-nos ao espírito.

Aqui é o sitio certo para, de quando em vez, vir deixar umas linhas de texto, a partilhar as minhas descobertas pessoais, e convidar-vos à reflexão.

Numa época em que vivemos tão acelerados e sem tempo para nada, vamos ver onde é que isto nos leva.

Até ao próximo post ;) boas pedaladas!
 

FilipeNasa

Active Member
SOIGNEUR
Há uns 3 anos, num momento de de total disfuncionalidade, mas de consciência que as coisas não estavam a ir por um bom caminho, recorri à ajuda de uma médica, que naquele dia me disse algomais ou menos assim:



Naquele momento conturbado de uma ruptura muito imapctante, em que sentia que as coisas faziam pouco sentido, aquela analogia, trouxe-me alguma paz de espirito.

O comboio segue sempre a viagem, não fica parado porque determinado passageiro saiu numa estação.

A viagem seguiu, por os caminhos que fui escolhendo, e hoje trouxe-me aui a este pequeno apeadeiro, remoto, longe dos grandes terminais de transporte e das grandes confusões. Aqui encontrei uma linha dessas que foi desactivada há décadas, esquecida, apeei, montei-me na bike e parto à descoberta.

Aqui, entre pessoas que partilham comigo o gosto por pedalar. Pessoas que sabem que a bicicleta é esse objecto de derradeira liberdade, que faz de nós melhores pessoas, que o que nos tira ao corpo, devolve-nos ao espírito.

Aqui é o sitio certo para, de quando em vez, vir deixar umas linhas de texto, a partilhar as minhas descobertas pessoais, e convidar-vos à reflexão.

Numa época em que vivemos tão acelerados e sem tempo para nada, vamos ver onde é que isto nos leva.

Até ao próximo post ;) boas pedaladas!
Boas, Galdrapas.
A primeira impressão que fica ao "ler-te" é de que muito terias tu escrever!!
"O comboio segue sempre a viagem", certo...mas há bagagem que nunca se perde totalmente. E, sabes? Ainda bem que não se perde! Se ainda não chegaste a essa conclusão, é porque ainda não está sanado. Mas acabamos sempre por chegar lá.
Cicatrizes! Quem não as tem?
 

joseruivo

Well-Known Member
SOIGNEUR
Boas, Galdrapas.
A primeira impressão que fica ao "ler-te" é de que muito terias tu escrever!!
"O comboio segue sempre a viagem", certo...mas há bagagem que nunca se perde totalmente. E, sabes? Ainda bem que não se perde! Se ainda não chegaste a essa conclusão, é porque ainda não está sanado. Mas acabamos sempre por chegar lá.
Cicatrizes! Quem não as tem?
Há bagagem que parece uma bola de chumbo presa ao pé. Porque não é bom perde-la??
 

Galdrapas

Member
@FilipeNasa sim, tenho muito para escrever e muitos temas de que falar, só me resta encontrar o tempo e a disciplina para o fazer.

A bagagem faz parte de quem somos.
Há uma analogia que gosto muito que é a da folha de papel, acabadinha de tirar da resma, lisa, perfeitinha. Pegas nela e amarrotas, por muito que desenroles e passes a folha a ferro, aquele amarrotanço já deixou marcas que não dão para "desfazer".

Se no meu primeiro post, deixei ficar a ideia de ressentimento, induzi em erro. Nem sempre me foi fácil aceitar isto.

@joseruivo acho que o Filipe se referia à bagagem no sentido da experiência que vamos acumulando com os acontecimentos que vão preenchendo as nossas vidas. Há acontecimentos que são traumáticos e que nos custam horrores, que desejamos superar e virar página, mas que deixam sempre marcas. Eu acho que tudo o que acontece, por muito mau que seja, permite-nos sempre tirar alguma aprendizagem e transportar essas conclusões para as etapas seguintes das nossas vidas.
 

Galdrapas

Member
O meu amigo- Jantamos hoje, 20h30?
Eu - Ok! Aí estarei.

A vontade não era muita, porque há coisas a ocorrer na minha vida que consomem tempo e energia, que me levam à reclusão e ao desleixo no que toca ao auto-cuidado. Mas! Tal como sei que os dias em que não nos apetece treinar, são aqueles em que é mais importante treinar, porque no fim nos sentimos melhor, porque provamos a nós próprios que somos capazes, que temos determinação, e porque por muito que esse treino se desvie do programado ganhámos no jogo do "aparecer", também aprendi, a dizer "Bora!"

Conheço muitas pessoas, mas com o passar dos anos, tornei-me mais exigente em relação às pessoas com quem quero passar o meu tempo.
Quero passar o tempo com pessoas de quem desfruto genuinamente da companhia, pessoas que me aportam conhecimento e experiência e estimulo.
Não vou dizer que tenho a sorte, porque deu trabalho, houve investimento da minha parte e claro, houve investimento da parte deles, em construir relações de amizade que vão de encontro a isto, que são recíprocas nesse sentimento de desfrutar da companhia.
Como diz uma amiga minha dos tempos de faculdade (que vejo uma vez a cada 3 anos, mas com quem falo 3 ou 4h seguidas quando fazemos aquela chamada do trimestre ): Para que a amizade se mantenha, é bom que vá e venha!

Às 20h30 lá estava. Já começa a ser quase um ritual, fomos ao sitio do costume, comer uma fracesinha, acompanhada de uma Estrella Galicia (não me julguem, não pretendo discutir cerveja, os gostos são subjectivos ).
O jantar soube-me lindamente, a conversa ainda melhor, aprendi umas coisas novas, e trocámos umas ideias e perspectivas interessantes sobre os resultados eleitorais de domingo. Sozinho, não chegava lá.

Enquanto jantava, ligou-me outro bom amigo, nem ouvi (sou daquelas pessoas que dá prioridade a onde está e com quem está e não ao telefone), a última vez que falámos disse-lhe "Tenho saudades tuas pá! Tenho que ir aí ter contigo." mas estava frio e chuva, e não fui, por inércia, por preguiça.

As amizades são importantes para mim.
Se mesmo consciente disto, porque é que é tão difícil de reservarmos tempo para estas pessoas?
Mesmo quando a vida acelera, quando "outros valores falam mais alto", quando entre trabalho e filhos a malta não tem tempo para nada, devia haver uma quota de horas mensais: Estas 12h (quantidade assim de repente, ao calhas) mensais são para cuidares de amizades que tanto estimas, porque é importante!

No meu aniversário do ano passado pensei: No próximo ano faço 40 anos, merece celebração. Vou organizar uma festa e reunir estas pessoas que eu gosto.
Depois comecei a contar pessoas e pensei: 4 ou 5h não me vão permitir passar tempo de qualidade com cada uma destas pessoas. Não!! Afinal não vou fazer uma festa. Vou reservar tempo e marcar com cada uma delas.
Entretanto já vamos em Março, e não por inércia (digo eu, a tentar convencer-me a mim mesmo), mas porque "outros valores falam mais alto", isto pouco aconteceu .

Mas hoje aconteceu! Foi muito bom! E voltou a vontade de executar este plano. Esta semana ainda vou fazer planos com o outro amigalhaço que me ligou.

No 2º trimestre do ano, conto-vos como vai o balanço, se correu melhor que o Q1 Por hoje só queria partilhar aqui isto, as conclusões deixo-as ao critério de cada um.

Boas pedaladas!
 

Galdrapas

Member
Sem querer escrever mais do mesmo, acho que isso é inevitável, porque escrevo sobre coisas que me levam às reflexões que partilho aqui.

A mais recente foi uma conversa com uma amiga, que tem toda uma "wish list" de enxoval: Conjuntos de pratos, talheres, copos, panelas, electrodomésticos Smeg, e por aí fora.
Ela está a preparar-se para um dia que tenha uma casa, que venha a constituir família, e dei por mim a pensar: não, isto não faz sentido, é começar a casa pelo recheio, é certo, é mais fácil comprar o recheio que uma casa, mas sem uma casa, que sentido faz isto?

"Eu não sou assim."

Ou será que sou? Bom, eu não tenho uma wish list de coisas materiais, mas desde que comecei a ganhar dinheiro, tenho procurado fazer algumas reservas para "o que possa vir".
Afinal de contas, não estou tão distante dela. A diferença entre mim e ela, é que ela sabe especificamente o que quer e está a preparar-se para isso, eu não tenho isso tão definido.

O que tenho de reserva dá-me opções:
- Entrada para uma casa
- Um carro
- Umas viagens do caraças
- Viver sem ter que me preocupar em ganhar dinheiro durante uns tempos
- Duas(?) bicicletas topo de gama
- Casamento
- Obras numa das casas que possa vir parar às minhas mãos através de heranças
- P**@s, vinho verde ( ok, ok, isto está a descambar )
- Cuidados de saúde por uma doença qualquer grave (oxalá que não!)

E isto foi o que me ocorreu enquanto pensava e escrevia sobre o tema.

Mas a questão de fundo (para mim) é: fazer planos e preparar-nos para uma visão nossa do nosso futuro VS viver a vida com o que vai acontecendo sem ser muito exaustivo nos planos?

Pessoalmente, nos últimos anos, tenho cada vez mais a sensação que o controlo é uma utopia. De um momento para o outro as circunstâncias mudam bruscamente e não temos outra opção que não adaptar-nos. Os planos e objectivos, tal como na bicicleta, ajudam-nos a manter o foco e a energia no treino/preparação, mas quando os objectivos não se realizam, normalmente o resultado é frustração.

Ultimamente tenho encontrado pessoas que defendem que isto é muito mais sobre tirar proveito de cada passo do(s) processo(s), em vez de tirar gozo apenas do objectivo final, e apesar de já ter tentado empregar esta filosofia, talvez por uma questão de educação/vivências, tem-se demonstrado não ser nada fácil.
 

Aslume

Well-Known Member
SOIGNEUR
Pessoalmente vivo um dia de cada vez. Única preocupação que tenho é não constituir dívidas. A partir daí tento construir as coisas com calma e ponderação, tendo sempre presente a frase de SUN TZU na arte da guerra " Pondere e Planeie Antes de Avançar"
 

SantosDaCasa

Well-Known Member
SOIGNEUR
Usa essa reserva no que te fizer feliz, mesmo que isso seja guardar para um evento inesperado.
Agora, como em tudo na vida, também não convém abusar. Podes usar bocadinhos da reserva em outras coisas que também te façam feliz.
 

pratoni

Well-Known Member
SOIGNEUR
Mas a questão de fundo (para mim) é: fazer planos e preparar-nos para uma visão nossa do nosso futuro VS viver a vida com o que vai acontecendo sem ser muito exaustivo nos planos?
Diria que temos de viver num misto das 2 abordagens porque senão, nem vivemos com medo do que pode acontecer, nem sobrevivemos caso aconteça realmente alguma coisa.

Pessoalmente, nos últimos anos, tenho cada vez mais a sensação que o controlo é uma utopia. De um momento para o outro as circunstâncias mudam bruscamente e não temos outra opção que não adaptar-nos. Os planos e objectivos, tal como na bicicleta, ajudam-nos a manter o foco e a energia no treino/preparação, mas quando os objectivos não se realizam, normalmente o resultado é frustração.
Li algures que um dos segredos para a felicidade, ou melhor, para não ficares sempre frustado mal acontece algum imprevisto é tentar perceber até onde podes controlar ou não os acontecimentos à tua volta. Se perceberes esses limites, consegues ter uma perspectiva mais saudável perante a vida e os seus acontecimentos.
 

FilipeNasa

Active Member
SOIGNEUR
Pessoalmente vivo um dia de cada vez
Ainda não inventaram outra forma de o fazer, certo? :)
Agora mais a sério, acho que ninguém é capaz de o fazer...pelo menos a grande maioria do tempo. E porque é que acho isso? Porque, se assim fosse, a sociedade colapsava rapidamente.
Podemos (e devemos) ter essa abordagem mais simplista em momentos que o merecem, por uma questão de correcta contemplação e absorção desses mesmos momentos. Isso sim, já acredito...e penso ser esse o teu ponto, Aslume ;)
 
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