O meu objetivo nunca foi nem é rebater qualquer crença. É simplesmente que as crenças sejam refletidas e não apenas uma imposição cultural. A única diferença para acharmos "ridículo" os deuses do vinho gregos e as 40 virgens à espera dos muçulmanos é a imposição cultural. Foi porque alguém disse que era assim desde pequenos e nós não somos seres preparados para que todo o nosso mundo desabe mais tarde se afinal descobrirmos que afinal não é bem assim uma coisa que acreditamos a vida toda. Portanto, evita-se sequer pensar nisso para nem sequer poder pôr em causa tudo aquilo que se acreditou toda a vida. E tudo por causa da forma dogmática com que foi imposta essa crença. Apenas isso... Crenças pensadas e não impostas.
Para finalizar este assunto que já é demasiado off-topic... Normalmente há uma mentira inocente que se conta às crianças, que é o pai Natal. Costuma demorar pouco tempo. No entanto, há crianças mais velhas que ainda acreditam, como com 8 ou 9 anos. Já assisti em turmas a discussão do pai Natal durante o Natal e, essas crianças mais velhas que ainda acreditam, tornam-se quase agressivas e altamente defensivas quando as outras crianças dizem que não existe, que são os pais, que as renas não podem voar, etc. A resposta das crianças que acreditam é altamente irracional como "cala-te, não sabes nada, estás a dizer isso para me irritar, é claro que existe". E isto porquê? Mesmo sendo uma crença de criança relativamente recente, o cérebro não está preparado deixar de acreditar e pensar numa coisa que tinha como certa, era uma gaveta fechada. Agora imaginem que isto acontecia apenas aos 40 anos, depois de acreditar toda a vida numa coisa... Era como se de repente nos dissessem que estávamos errados e os pássaros é que caminham e o chão que supostamente caminhamos é o céu e estamos sempre a voar. Não sei, um exemplo estapafúrdio. Iríamos-nos rir porque é ridiculo e, mesmo que fosse verdade, provavelmente não iríamos acreditar até ao fim das nossa vidas, pois é uma mudança drástica. É uma questão evolutiva. É o mesmo processo mental que acontece com os negacionistas originais do holocausto, que não conseguem acreditar numa realidade tão horrenda, ou os negacionistas atuais da pandemia ou das alterações climáticas, que não querem ver toda a sua realidade ser alterada e fecham todos os processos mentais para que nada mude.
Para terminar, quanto ao religião. Antes, o mundo era muito mais fechado e o que acontecia era que as crianças eram ensinadas que há um deus, Jesus, céu e inferno, toda essa história e ponto final. Depois o estado passou a ser laico e era opcional, mas os pais passaram todas essas crenças aos filhos, mas os filhos aos 30 anos lá conseguiam sair da aldeia, viam outras coisas, a maior parte das pessoas acreditava naquilo e passava. Hoje em dia, alguns pais tentam passar essa crença aos filhos, no entanto, o mundo é muito mais aberto e o nível de escolaridade também faz com que se pense mais, para além de ter possibilidade de contactar com pessoas de todas as realidades. Depois percebem que há centenas ou milhares de deuses distintos em todo o mundo, todos invenções do homem. "Porque aquele que nos ensinaram desde pequenos é que havia de estar correto? É um pouco arrogante isso. O meu colega indiano e o outro muçulmano também foram ensinados desde pequenos quanto a outras realidades. Eu é que estou certo e eles não? Eles estão certos e eu não? Alguém está certo?" Este é o pensamento de muitos jovens hoje em dia devido às globalização, onde há cada vez menos crentes. E, em última análise, é positivo. Porquê? Faz-nos pensar e refletir mais, o que nos torna melhores seres humanos, mais cultos, mais cientes e mais empáticos. A evolução faz-se através da reflexão e o pensamento dogmático e imposto só cria barreiras à evolução... Não será por acaso que nos países onde há mais crentes "a sério" se correlaciona com mais pobreza e sub desenvolvimento do país.
Reitero que respeito todas as crenças. Isto é apenas uma critica ao modo de ensinar a religião e os dogmas que se instauram nesse seio, que até se pode expandir ao ensino escolar, onde muitas vezes é tudo ensinado não de uma forma refletida e construtiva, mas de uma forma de cospe e cola. Felizmente estamos num país onde praticamente não há crentes acéfalos e fanáticos e somos claramente um país de "crentes" com aspas, onde se diz que se acredita por uma questão cultural, mas também importa mais é comer e beber e ninguém se chateia com isso.