No teor do lançamento do post deixei subentendido de que lado estou nesta questão das rodas-livre. Reafirmo o meu entendimento de que as provas de roda-livre são um acréscimo de interesse nos passeios de cicloturismo na medida em que, sendo cada um absolutamente livre de aderir ao desafio competitivo ou de prosseguir no seu próprio ritmo, elas não retiram aos passeios a sua componente de lazer e de confraternização e por outro lado podem trazer para esses mesmos passeios uma faixa de amantes das bicicletas que sendo-o, também gostam de, como já aqui alguém escreveu, testar as suas possibilidades.
Em 2009 participei em 10 dessas provas, apenas uma disputada em circuito fechado, sendo as restantes 9 disputadas em estrada aberta e em 5 delas sendo todo o esquema de segurança assegurado pela própria organização, sem participação de quaisquer elementos ou viaturas policiais. A segurança nestes 5 casos foi assegurada e bem por viaturas devidamente identificadas e portadoras de instalação sonora, por motas tripuladas por pessoas envergando coletes reflectores e por voluntários apeados (nos cruzamentos, entroncamentos e rotundas) envergando idênticos coletes. Em nenhum caso se verificou qualquer acidente ou situação de algum modo difícil, nem, que eu tenha conhecimento, houve escassez de auxiliares ou qualquer anormalidade merecedora de reclamação. Ou seja, este esquema (não sendo o ideal que seria a estrada fechada), funciona sem grande margem para reparos.
Na presente alteração pretendida pela FPC, numa primeira análise e salvo melhor interpretação, o articulado no que respeita à parte da segurança das rodas-livre define uma intenção, mas é muito pouco rigoroso no ponto 5 em que limita a desobediência ao conjunto de normas, à assunção de responsabilidades por parte do clube ou entidade organizadora em caso de acidente. Ora, perante isto, que mudança temos afinal em relação ao que tem sido habitual?...
Como se costuma dizer, afigura-se-me aqui que afinal a montanha pariu um rato...e, na minha opinião, ainda bem, fica aqui uma margem que pode impedir que as rodas-livre escasseiem ainda mais, porque a obrigatoriedade de um policiamento a sério, isto é, de transferir todo o esquema de segurança do voluntariado gratuito das organizações para as forças policiais implicaria custos financeiros insuportáveis para a grande maioria das pequenas colectividades que com o apoio das Associações de Cicloturismo promovem estes passeios que englobam as rodas-livre. E como todos sabemos e como também se costuma dizer, não há dinheiro, não há palhaço...ou mais prosaicamente, não havendo recursos financeiros, não há rodas-livre...