No constante duelo dos automobilistas contra os ciclistas, estes últimos são frequentemente estereotipados como seres irresponsáveis e uma ameaça geral nas ruas e estradas. A ladainha de queixas contra os ciclistas, que estão sempre passar nos vermelhos, que andam “aos montes”, que pedalam nos passeios…, deriva de vários comentários dos ases do volante. Mesmo quando os ciclistas ripostam com os maus hábitos de condução, que constantemente observam, e desatenção e negligência grosseira por parte dos automobilistas, os seus argumentos caem sempre em saco roto. É a condição de uma minoria.
Outros cidadãos exemplares que circulam em excesso de velocidade, que queimam o semáforo vermelho nas barbas de toda a gente, que cortam a passagem dos peões nas passadeiras, que estacionam o popó onde bem lhes apetece, esses são figurinhas a preservar. À velocidade que pedalo, especialmente quando diariamente uso a bicicleta na cidade, testemunho constantemente o mau comportamento de alguns cavalheiros e senhoras ao volante. Faz me questionar se os automobilistas são realmente conscientes atrás de um volante. Não, não o são. Ainda ontem desculpei uma senhora condutora que segurava o volante com um cigarro entre os dedos da mão, enquanto a outra encostava o telemóvel à orelha! Poderia lá a dita senhora dar-me prioridade que eu tinha. Nããã... Esta é apenas uma prova que os automobilistas não prestam a devida atenção ao que acontece à sua volta ou simplesmente não respeitam ninguém.
Pelo que sei, mais de 90% dos automobilistas não estão actualizados quanto às novas regras do CE. Na minha experiência, a maioria dos ciclistas também não respeita as regras. Quanto aos peões não há nenhum que as cumpra, que só atravesse a rua nas passadeiras, que só as atravesse no semáforo verde, que não deambule distraído pelas ciclovias.... Há que reconhecer que na estrada muitos ciclistas arriscam em demasia e não se comportam da melhor maneira. Para efectuar a mudança, ser respeitado primeiro é necessário cumprir, respeitar, afirmar uma posição do nosso ponto de vista e defendê-la, dando o exemplo. É a única forma de combater os estereótipos arraigados e mudar mentalidades sobre quem são "os ciclistas" e como eles se comportam.
