Como eu transporto um saco ridiculamente grande na parte traseira da minha bicicleta, sou sempre o último a chegar a qualquer lado e, aqui, não seria excepção.
No entanto não direi nada de muito novo a acrescentar ao que já foi unanimemente escrito e bem escrito ao longo dos últimos posts.
Por um lado, importa felicitar o Pedro Lobo pela mol humana que conduziu impecavelmente pela Serra da Freita. Aparte dos agrupamentos/neutralizações a espaços, a sensação de pedalar num grupo grande raramente existiu. O percurso era espraiado e permitiu que cada um, individualmente, ou em pequenos grupos, criasse uma pequena bolha e pudesse desfrutar dos magnífico cenários, subidas, descidas e estradas desertas e fascinantes que nos foram oferecidas de bandeja.
O percurso era divinal, na sua esmagadora maioria desconhecido para mim, e fez-me conhecer um dos núcleos que ainda me faltava desbravar na Serra da Freita, a encosta virada a Sul. As duas grandes subidas do dia deram que fazer, mas serviram também para perceber que não haverá inclinação que meta medo a uma Lynskey agora em versão carregada e pronta para light touring.
E poder pedalar nesses cenários em excelente companhia foi um bónus maravilhoso!
Não queria referir ninguém em especial, porque vou certamente esquecer-me de alguém importante, mas queria deixar um forte abraço a todos (e foram muitos…) os que, ao longo do dia, baixaram o ritmo e se foram acercando do tipo em cima da bicicleta estranha, para dois dedos de conversa. Alguns conhecidos de outras andanças, do fórum e também algumas caras novas com quem foi muito bom conversar. As minhas desculpas por não reconhecer todos à primeira, mas a minha memória fraca e distracção constante são lendárias.
Falou-se muito de bicicletas, claro, mas também de experiências de vida e de muitas outras coisas que, completadas com as magníficas paisagens, tornaram um dia bom num dia óptimo, em que a boa disposição foi uma constante.
Fui acossado o caminho todo sobre os misteriosos conteúdos da sacola preta, e no final ainda tive de oferecer gomas para que não me chateassem mais. As sandes de chouriço e queijo serrano, essas, foram sendo consumidas ao longo do percurso à mistura com bebidas gaseificadas frescas, oportunamente compradas nas paragens mais civilizadas…
O momento mais triste do dia surgiu em Tebilhão com a notícia de que o Paulo Lobo teria tido uma queda na Mizarela, já perto do final do percurso. Até hoje estava convicto que teria sido isso, uma infeliz queda. Infelizmente surgiu à pouco a revelação, pelo próprio, de que o acidente foi na verdade um acto criminoso, uma vez que se tratou não de uma queda mas sim de um atropelamento e fuga.
Independentemente de todas as considerações e acções que se possam tomar no apuramento do responsável, importa neste momento cuidar para que a recuperação do Paulo seja o mais rápida e tranquila possível. E é nesse sentido que vão os meus votos.
Remato dizendo que no Sábado se provou que o espírito dos PIF continua bem presente independentemente da escala com que se realizam. Um dia diferente, de puro convívio, sem pressas e sem vedetismos, onde os números são meros actores secundários e a partilha de experiências e "quintais" é o principal.
Bem hajas Pedro, e bem hajam todos os que ajudaram a compor um dia diferente na Serra da Freita!