Quem gere e projecta as cidades deveria estar mais por dentro das necessidades e dificuldades do utilizador da bicicleta. Oferecer equipamentos como vias específicas e exclusivas para bicicletas, ligando vários pontos da cidade e a cidades vizinhas. Vemos isso em todo o mundo civilizado, como melhoria substancial para a mobilidade e qualidade de vida dos cidadãos. Ora, a muitas dessas “vias dedicadas”, a que eu e muitos chamamos de ciclocoisas, não são propriamente úteis para quem pedala.
A ciclovia é uma via específica para a bicicleta, no entanto é segregada, construída em passeios desnivelados, separando as bicicletas dos carros mas mantendo a possibilidade de muito boa gente ir para lá correr, passear o cão, levar as criancinhas brincar com novos brinquedos a pilhas. A ciclofaixa é uma simples pintura na via, encostada a uma das bermas, demarcada ou não com pilaretes para impedir a intrusão dos automóveis. Há boas e péssimas ciclocoisas como opção de mobilidade ciclável mas sempre dentro de limites de segurança como a velocidade, onde o ciclista... utilizador da bicicleta, se sinta mais protegido do fluxo do trânsito.
Eu como ciclista e utilizador da bicicleta dou mais preferência ao ciclismo veicular. A meu ver, mesmo para que a bicicleta seja eficiente na mobilidade urbana é necessário que a mesma seja considerada um veículo, com o ciclista exigindo os seus direitos e cumprindo as suas obrigações, conforme prevê o Código de Estrada. Uma vez exigidas as ciclovias, tornou-se muito fácil, e até cómodo, para quem rege o município, tirar a bicicleta do seu espaço conquistado no trânsito como um veículo e colocá-la em cima de passeios, quase sempre partilhados, desnivelando a bicicleta e deixando as estradas supostamente exclusivas para os veículos motorizados. Como quase sempre as bicicletas atrapalham o trânsito, e existindo mesmo ali ao lado uma via pintada com uma tinta colorida, o “regulador” encontra ali um pretexto para tirar as bicicletas da rua. A bicicleta no passeio perde o respeito, a agilidade e a sua importância como um veículo eficiente na mobilidade urbana, transformando-se apenas numa opção de lazer, sujeitando-se ao direito dos peões em utilizar o seu espaço. Claro que existem ciclovias onde há mais vantagens do que desvantagens, mas a meu ver, nas raras que existem não é justificação suficiente para a segregação das bicicletas.
Uma vez colocando as rodas nas supostas ciclovias, é fundamental que todos saibam partilhar o espaço com precaução, velocidade moderada, e acima de tudo com uma atitude defensiva. Os acidentes com ciclistas que ocorrem com maior frequência acontecem nas ciclovias partilhadas, em passeios e parques, onde os automóveis não entram. Quando eu opto por aproveitar o caminho tranquilo e livre de uma via ciclável no passeio ou no parque, eu sei que estou a entrar num espaço comum. Se modelo o meu comportamento, espero de todos o mesmo modo de atenção e cuidado. Dependendo quase sempre do momento, e claro que também da bicicleta que esteja a usar, eu gosto de ser livre de poder escolher onde circular, até pela minha segurança, e não é por acaso que às vezes me sinta melhor pedalar na rua, no meio do
cardoom. Penso eu de que…
Foi preciso pedalar até ao concelho de Torre de Moncorvo para ver este sinal. Que eu saiba, Torre de Moncorvo é o único concelho do país com sinalização para a segurança dos ciclistas. São no total cerca de 70 sinais espalhados pelas estradas municipais e caminhos agrícolas, abrangendo todo o concelho e alertando os condutores para a existência de ciclistas e indicando a distância recomendada à sua passagem, conforme diz a lei. Deveriam outros municípios seguir este exemplo e fariam um melhor serviço à comunidade velocipedista e poupariam também muito dinheiro.