Apesar de ter pouco mais de 6 meses de andamento em estrada e menos de 1000Km feitos com a fininha, também me aventurei nesta maluquice, e posso dizer com grande orgulho "finisher".
Eu devo ter sido um dos que trabalhou para que o ritmo até à Lameira tivesse sido mais lento do que em anos anteriores, pois tive dificuldades em acompanhar o pelotão. De facto para quem não está muito habituado a estas andanças, o ritmo para mim era brutal.
Apesar de considerar que a organização esteve bem, pois seguramente não é fácil controlar um pelotão com mais de 400 bicicletas, fiquei desiludido no final, pois apesar de todo o meu sofrimento, e das palavras de incentivo de alguns ciclistas que já vinham a descer a Srª da Graça, ao chegar ao fim, perto das 15H00, já não se encontrava ninguém da organização a controlar tempos, sendo que pelo que me apercebi tenham acabado de desmontar a tenda e seguido caminho para Mondim de Basto.
Cheguei ao final juntamente com outro "maluco" que apesar das dores, meteu na cabeça que tinha de chegar lá acima, nem que fossem 8 da noite. Mas de facto não eram 8 da noite, ainda não eram 15H, e se a organização não queria esperar pelos últimos, pois de facto já era tarde, pelo menos podiam ter parado enquanto a gente fazia a derradeira subida, e perguntado se necessitávamos de alguma coisa, até porque estávamos bem identificados com o jersey da prova, coisa que muitos atletas que estavam a descer fizeram, tendo inclusive dado algumas palavras de apoio.
De resto quanto à prova, foi a primeira vez que fiz uma prova de estrada, nunca tinha pedalado naquela zona do pais, achei o percurso espectacular, mas para quem está habituado à Serra da Arrábida, sem dúvida que a Lameira com um vento brutal pela frente, feita a solo, sem qualquer roda para agarrar, e depois a Srª da Graça são de outro nível.
O meu grande objectivo era chegar ao fim, por isso tentei sempre controlar o esforço, sem entrar em grandes competições. Até Guimarães rolou-se bem, e tirando uma ou outra subida, com maior ou menor esforço lá consegui acompanhar o pelotão. A Subida por Guimarães deu para partir um bocado as pernas, mas o pior estava para vir.
Quando cheguei à Lameira, com medo de partir não tentei agarrar em nenhuma roda e preferi manter o meu ritmo, ciente de que iam ser cerca de 10 Km de sofrimento, o vento principalmente no final não ajudou nada, mas quando vi a placa de abastecimento a 1Km, pensei que o pior já estava, e de facto assim foi. A descida para Mondim foi tentar recuperar ao máximo, nesta descida ainda tive a companhia do carro vassoura e da ambulância que de vez em quando me ultrapassava e depois aguardavam mais à frente a minha passagem. A vista da Srª da Graça durante a descida era impressionante, e quanto mais descia, mais tinha de inclinar a cabeça para ver o topo do monumento.
Quando iniciei a subida, apesar de todo o esforço que já tinha despendido, sentia-me bem, e logo ali percebi que o topo não me ia escapar, coloquei um ritmo certo e cada vez que olhava para o lado, a vista era uma grande inspiração para arranjar ainda mais forças e não pensar sequer em desistir.
Ao terminar, apesar de não figurar na classificação final, fiquei com um claro sentimento de missão cumprida, para o ano espero estar presente, e espero que a organização possa esperar por mim.
Cumprimentos a todos
