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Marco Coelho: Campeão que desistiu do ciclismo - Correio da Feira

C.Rodrigues

New Member
Boas a todos amigos do pedal...

Deixo-vos aqui ficar uma noticia que saiu esta semana no Semanário Correio da Feira.
Trata-se de Marco Coelho, sagrou-se campeão nacional de sub-23 em 2010, que se viu obrigado a abandonar a modalidade por falta de apoio/equipa.

Eu não o conheço pessoalmente... apenas de vista, mas obviamente algum do pessoal aqui do forum, principalmente de Santa Maria da Feira, e S.J. Ver o deve conhecer...
É triste que por vezes grandes talentos tenham que terminar assim... mas o ciclismo profissional portugues está mesmo mau!


ciclismok.jpg



Eu fiz um scan em 4 partes, e depois a montagem das 4 partes em Photoshop... não sou nenhum perito, mas acho que ficou aceitavel... e que dá para ver e ler bem as 2 paginas do jornal.

Podem ler abrindo a imagem... mas aconcelho a guardala e depois ler no computador, coma ajuda da lupa no visualizador de imagens ;)
Pode demorar um pouco a abrir, visto que é uma imagem de 4mb!
Aki fica!

as2finalred.jpg



Versão em PDF para quem quiser sacar: http://www.2shared.com/document/2Kau-Kwp/Correio_da_Feira_-_Marco_Coelh.html


Um abraço e boas pedaladas!
 

Neutrolio

New Member
Boas,

Complementado o teu bom trabalho lembrei-me de o passar por um OCR online, http://www.onlineocr.net/default.aspx (o primeiro que encontrei). E, aqui vai:

24
(Correia da jfeira 1 8.JUN.201 2
Marco Coelho foi campeao nacional de Sub-23, em 2010, mas nao conseguiu dar o passo para Profissional
"Vivi momentos complicados porque custava-me a aceitar o que tinha acontecido"
Em 2010, sagrou-se campeao nacional de Sub-23, venceu a Volta a Terras de Santa Maria da Feira-Trofeu Fernando Mendes e participou, ao servico da seleccao nacional, numa Volta a Portugal. Marco Coelho parecia destinado ao sucesso mas uma con-juntura adversa de acontecimentos impediram-no de dar o salto para Profissional, o que precipitou o aban-dono do ciclismo. Ac Correio da Feira, o antigo ciclis-ta explica tudo, desde o momento do adeus ate aos dias de hoje, em que divide o tempo entre o trabalho e os estudos.
Rui Almeida Santo rui.santos@correiodatelra.pt
26 de Junho de 2010. Corn o Castelo de Santa Maria da Feira como pano de f undo, Marco Coe-lho sagrava-se camped() nacional do escalao de Sub-23, dando seguimento a uma temporada de sucesso, que teve na vitoria na Volta a Terras de Santa Maria-Trof eu Fernando Mendes e na participacao na Volta a Portugal, pela seleccao nacional Sub-23, outros pontos altos. Parecia tudo encaminhado para uma transicao natural ao estatuto de Profissional mas Marco Coelho, natural de S. Joao de Ver, acabou por aban-donar o ciclismo sem nunca o ter experimentado. A explicacao nao e simples. E ne-cessario recuar ao final do anode 2010, altura ern que foi conhecida a decisao da Liberty Seguros em suspender o projecto de criacao de uma equipa Profissional em Santa Maria da Feira. "Era urn projecto que yinha dar uma lufa-da de ar fresco ao ciclismo, mas acabou por afunda-lo mais. Se já vivia dias maus, ainda pior ficou. Veio acabar COM carreiras de pessoas que prometiam, no futu-ro, ter algumas qualidades e vu r a evoluir. Foi o meu caso e do Vitor Rodrigues, que é uma pessoa que admiro muito e que provou isso corn resultados". A decisao pecou por tardia e gerou uma verdadeira onda de choque na modalidade. De urn momento para o outro, dez ciclistas de topo - entre os guars Marco Coelho — ficavam sem equipa, abrindo uma epoca de saldos, muito criticada pelo antigo ciclista feirense: "Foi urn pouco falta de respeito pelos corredores e pelo esforco que fazemos ern cima de uma bici-cleta. Aproveitaram isso como os 'saldos' do ciclismo. Tinha uma equipa que me tinha feito uma proposta e, depois de se saber
que a Liberty nao ia correr, fez-me outra inferior em 60% ou mais. E bastante dinheiro". Marco Coelho nao aceitou as con-dicees que Ihe foram oferecidas e decidiu terminar ai a carreira. Os primeiros tempos fora do ciclismo nao foram facers, sobretudo, pela sua incompreensao sobre a forma como se despediu da modalidade: "Vivi momentos complicados. Custava-me a aceitar o que tinha acontecido. Pensava como é que eu, que fiz a epoca que fiz, que ganhei o que ganhei, e que poderia ter grandes condicOes para continuar no ciclismo, de repente, fiquei sem quase nada. Ou entao teria de me sujeitar a condicOes que, no meu entender, eram ridiculas". Nurna fase tao complicada, o apoio de amigos e familiares foi muito importante. Neste quadro, ha urn nome que sobressai, Manuel Cor-reia, que ainda hoje mantem uma relacao de grande amizade cam o seu ex-pupilo. Marco Coelho nao esquece o apoio do antigo treina-dor, que nunca o pressionou a to-mar qualquer tipo de decisao: "Sei que ele tinha bastante gosto em que eu corresse, mas nao me in-fluenciava a isso. Apenas me dizia para fazer aquilo que entendesse ser melhor. Se o admirava antes de acontecer o que me aconteceu, mais o passei a admirar depois disso". Quanta a familia, nunca falhou no apoio. 0 pai de Marco ate !he propOs confinuar a correr, comprometendo-se a auxilia-lo no que pudesse, mas a proposta acabou por ser rejeitada. "A nivel familiar, os meus pais sempre me deixaram a vontade para fazer o que quisesse. Tanto e que o meu pai chegou a propor-me: "Queres correr? Corre. Se tens gosto nos ajudamos-te". 56 que eu entendi que nao, porque se haveria al-
guem que teria de pagar pelos meus servicos nao era a minha familia, mas sim quem me contra-tava" — explica o antigo ciclista. Apesar da decepcao que viveu, Marco Coelho garante que, se pudesse voltar atras no tempo, repetia tudo de nova: "Voltava a enveredar pelo ciclismo, a fazer
as mesmas coisas, porque sei que tive grandes exitos a custa do ciclismo e aprendi muito com a modalidade. Fez-me crescer coma homem e enquanto desportista". Ainda assim, deixa urn reparo na hora oe despedida: "Houve pesso-as que. no fim, acabaram par me desiludir. Ja na formapao, posso
dizer que abdiquei de ordenados superiores em prol daquela insti-tuicao, daquela casa, da equipa da minha terra e que sempre me apoiou. E depois, quando fui eu a precisar da ajuda, houve pessoas que me viraram as costas, au que nao me deram o devido valor. E a parte ma que tiro do ciclismo
Manuel Correia, que orientou Marco Coelho nos Sub-23 da Liberty, elogia carac-teristica desportivas e humanas do seu antigo atleta
"E com muita magoa que ainda hoje lido corn essa situacao, mas foi uma coisa que nos ultrapassou"
Manuel Correia acompanhou de perto o processo que levou a sa-ida de Marco Coelho do mundo do ciclismo. 0 director desportivo da equipa de Sub-23 da Liberty Seguros-Santa Maria da Feira-Specialized - que iria orientar o plantel Profissional da Liberty em 2010 - considera que o seu antigo atleta nao foi feliz no momenta em que passou a Profissional. "lamas fazer uma equipa Profissional, ele estava inserido nela, e depois foi di-f icil arranjar colocacao para aqueles corredores na altura. Eram todos ciclistas de valor. Depois, dado o conjunto de equipas que passou a existir, infelizmente o Marco ficou de fora, tal coma Vitor Rodrigues,
uma das promessas do ciclismo portugues. E cam muita magoa que ainda hoje lido cam essa situacao, mas foi uma coisa que nos ultrapas-sou" — conta o tecnico. "Ainda assim, foi dada uma opor-tunidade ao Marco de competir, mais urn ano, coma Sub-23. Mas o Marco é uma pessoa cam ideais e objectivos muito definidos e, na altura, estabeleceu um valor para correr que estava range das nossas possibilidades. Dal ele nao ter con-tinuado no ciclismo" — prossegue o treinador, que considera ter-se perdido urn "sprinter de excelencia, e que ainda tinha uma grande mar-gem de progressao". Manuel Correia elogia ainda as
capacidades f isicas e humanas de Marco Coelho, que o tornavam num ciclista apetecivel no pelotao nacional: "Nao you dizer que seria urn fora de serie, mas seria urn corredor que interessava a qualquer equipa. Era urn corredor que, de urn momenta para o outro, ganhava uma corrida; que estava sempre nos lugares da frente; defendia-se muito bem na media montanha; e que fazia bom grupo. Era urn homem. Era uma pessoa corn quem podiamos ter uma conversa e confiar. Para mim, o lado humano é muito importante e o Marco é daquelas pessoas qua, ainda hoje, gosto que esteja no nosso meio e que faca parte da nossa familia".
Hoje, Marco Coelho divide o tempo entre a escola e o emprego, uma retina bem diferente da que tinha enquanto ciclista
"0 qu me custou mais foi estar fechado num local, sem ver o sol"
A carreira enquanto ciclista pro-fissional já la vai e Marco Coelho aposta na formacao para dar se-guimento a sua vida. Actualmente, divide o tempo entre a escola — esta a terminar o 12.° ano — e o emprego, na empresa Simoldes. Sobre a nova experiencia, o antigo ciclista tern uma visa° muito objec-tiva. "Nao desgosto. E trabalho e para ganharmos dinheiro, temos de trabalhar" — comeca par dizer, para depois explicar as diferencas entre o ciclismo o actual emprego: "E urn mundo totalmente diferente daquele que eu vinha. Os primeiros meses foram muito complicados, porque estou fechado oito horas num espaco, quando antes andava ao ar livre. 0 que me custou mais foi estar fechado num local, sem ver o sal. Antigamente, andava na rua, apanhava chuva e sal, via pes-soas, falava. E um meio totalmente diferente". No futuro. Marco Coelho conta, logo que termine o ensino secundario, tirar urn curso ligado as areas de Gestao au Contabilidade. Um regresso ao mundo do ciclismo nao este descartado, mas nunca como ciclista: modalidade posso regressar na parte de staff de uma equipa, agora, enquanto ciclista, ja nao me passa pela cabeca". Ainda assim, o actual momenta que a
Correia ba feint 25 18.JUN.2012
A
modalidade atravessa deixa-o pouco de pe atras quanta a esta ideia: "Vejo as momentos que o ci-clismo atravessa e sao mesmo mui-to maus. Estou fora da modalidade mas, estou em contacto cam as tecnicos e as amigos que là deixei, e par aquilo que me vao dizendo, esta mesmo muito mau". Hoje, pegar na bicicleta se para passear. "Agora nao tenho tido muito tempo, porque trabalho e estou a estudar ao mesmo tempo. Mas sempre que posso tento dar um passeiozinho e reunir-me cam as colegas que deixei no ciclismo. Sei que sou uma pessoa que ales consideram corn valor, e eu o mes-mo" — explica. Mesmo que a ligacao ao ciclismo tenha terminado, Marco Coelho mantem-se atento a modalidade e torce, par fora, pelos antigos companheiros: "Sinto-me orgulhoso quando vejo as meus amigos a apa-receram na televisao nas grandes voltas, a fazerem bons resultados. Penso que foi born ter trabalhado cam aquelas pessoas, ser amigo dales. Se poderia ser eu a estar ali? Nao sei. Para estarmos ali temos de ter qualidade e a estrelinha da soda do nosso lado. E eu acho que nao a tive, porque quando podia alcancar urn maior exito foi quando se acabou tudo".
 

C.Rodrigues

New Member
Obrigado Neutrolio
eu estava até a pensar fazer isso, mas fica sempre confuso, daí decidi passar directamente a noticia pra formato digital.
mas orbigado na mesma... ajuda sempre pessoal que tenha ligações mais lentas!
cumprimentos ;)
 

RTC

Moderador
Staff member
E como ele há outros, com anos de ciclismo e com excelentes resultados nos júniores e sub-23.
Mas é facil perceber isso com a falta de apoios que há nas equipas. Basta olhar para o número actual de equipas profissionais. Seria óbvio que não existisse lugar para tantos e bons atletas.
Eu costumo treinar com o Valter, ex-Bicicó que ainda bem há pouco tempo participou na última Volta a Portugal pela Selecção Nacional e também não arranjou equipa. Hoje trabalha na indústria dos moldes. Outros optam pelo BTT. Ele nem por isso.
E como ele há muitos outros que também não arranjaram equipa, principalmente ciclistas do Norte, onde estão concentrados em maior número.
 
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