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Estrada Nacional 2, Chaves a Faro, 21 a 24 de Abril de 2012

Ricky Rock

New Member
Depois de o 2º ter sido encortado, o 3º dia viria a revelar-se o de maior kilometragem para que se chegasse a Ferreira do Alentejo. Assim a saida de Vila de Rei foi antecipada para as 8h30. Depois de uma noite muito bem dormida, e do jantar do dia anterior apenas ter sido regado com água, para não haver estragos no dia seguinte, foi feita a partida dos 4 primeiros, Eu, o Carlos, o Filipe e o Jorge. O Malheiro iria passar na loja em Vila de Rei para tentar reparar a avaria e o Serrano ficava com ele. Recorde-se que o Serrano efectuou a Travessia numa bike de BTT com pneu de BTT.

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A chegada a Abrantes foi rapidissima, parece que o pessoal se esquecia que tinha 220km pela frente e já tinha nas pernas os dias anteriores com mais de 6000ac, e continuava com a tralha toda nas costas. Eu lá me fui poupando.
Em Abrantes passámos o Tejo e entrámos no Alentejo. Esta foi a etapa onde passámos por mais tipos de alcatrão diferentes, devido ás diversas passagens de Distrito em Distrito. É lamentável que em Portugal assim seja, e que uma mesma estrada não se encontre toda nas mesmas condições. Assim tivémos verdadeiros tapetes, mas também andámos em alcatrão que mais parecia um estradão de terra batida.

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Mais "Nitrato do Chile", espectacular

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Em Ponte de Sôr tinhamos que deixar de seguir na direcção do Sul, e necessitávamos contornar a Barragem de Montargil numa enorme recta, assim o vento que tinha estado lateral, ficou todo na nossa cara, e houve um verdadeiro trabalho de equipa que nos ia poupando uns aos outros para o levar de vencido. Até que aos km 450 parámos para a foto da praxe.

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A meio da sessão fotográfica dei conta da aproximação de um "Triciclo", pensei logo que seria uma bela boleia, mas como não estávamos prontos para arrancar, decidimos fazer sinais para que ele para-se. E resultou, deu tempo de arrumar a trouxa e apanhar uma bela boleia de mais de 9 km.

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Finalmente a Barragem, e de novo o rumo do Sul.

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Até que chegámos a Mora, onde seria a paragem rápida para o almoço deste dia.

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Ricky Rock

New Member
Em Mora soubémos que o Malheiro havia abandonado a Travessia e rumava a casa, assim o Serrano estava entregue só a si e á sua bicicleta propria para o mato. Lá partimos com a sensação que metade da kilometragem do dia já estava feita e ainda tinhamos muitas horas de luz para chegar a Ferreira do Alentejo. Aqui entrámos na paisagem Alenteja tipica, com grande rectas, mas sempre num sobe e desce constante em que o vento lateral não ajudava muito. O grupo de 4 por vezes partia-se em 2, e ficava com Jorge para irmos tirando fotos e acabávamos por ser apanhados.

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Chegádos a Montemor, optámos por esperar por os outros 2, e esta paragem deu-me para esticar os musculos e não só. Assim que arrancámos o esqueleto estava mais elástico, então foi partir como se não houvesse amanhã. A estrada era optima, e sem qualquer tipo de trânsito, a paisagem era deslumbrante e a cabeça fresca, senti-me "Free Like a Bird". Adoro o silêncio da estrada, o vento a bater no rosto, e todos os animais e vegetação que circundam a estrada parece que nos cumprimentam à sua passagem.

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Nas Alcáçovas optei por parar num tasco, carregar o GPS que dava sinais de fraqueza, recarregar as minhas baterias e esperar pelos restantes. Como fiquei ligeiramente desviado da EN2, quando passaram não me viram e seguiram a bom ritmo, esperei mais um pouco e passados uns minutos passa ainda o Carlos, também não me viu. Termino a 7uP, e arranco, no topo da primeira subida sou apanhado por um BTT'ista em esforço com o equipamento da Selecção Nacional, vejo que está cheio de pica e pergunto se vai para o Torrão, dáva-me jeito uma boleia assim para apanhar os outros, mas não vai, vira para o mato no entroncamente seguinte, e deixa-me com água na boca, ao fim de tanto km em estrada já iam uns no mato.
Mas com a adrenalina causada pelo companheiro do BTT, sinto forças para os ir buscar, e assim foi, passado uns minutos apanho Carlos, ia notóriamente em grande esforço, mas encorajo-o a acompanhar-me, ainda abrando o ritmo para ver se ele apanha o "comboio", mas não conseguiu acompanhar. Estava fresco, e decido seguir, os outros não poderiam estar muito longe!

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Passo pelo Torrão, e sei que o Serrano têm ali familia, penso nele e sei que é forte não se vai abaixo com facilidade. Mas dos outros 2 nem sinal. Continuo no seu encalço, saboreando cada metro daquela estrada, vejo a próxima terra aproximar-se, Odivelas, sei que a seguinte já era Ferreira do Alentejo, faltavam poucos km, e na subida para Odivelas encontro-os. O Filipe queixava-se do joelho, e o Jorge da "cabeça", por mim continuava com um pico em alta, a adrenalina de seguir no seu encalço ainda circulava, e decido seguir, para tentar fazer uma média superior a 30km/h de Alcáçovas a Ferreira! A estrada estava muito má neste troço, com algumas obras nas pontes , e o corpo era muito massacrado, ainda mais do que já estava, mas consegui.

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Chegado a Ferreira aguardo pelo Jorge que chega pouco depois e o Filipe que também não tarda muito. Decidem ir ás compras ao supermercado enquanto pesquiso se existe alguma alternativa para dormir que não fosse a que já tinhamos pensado e que se encontrava a 1 km de Ferreira no sentido de Beja. Está tudo cheio, nem residênciais nem quartos particulares, está tudo lotado devido as várias obras que circundam Ferreira. A única solução era rumar às "Picanheiras", e os sussurros na Vila não foram muito positivos. Quando lá chegámos descobrimos porquê!

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A "coisa" parecia tirada de um filme, um enorme edíficio à beira da Estrada Principal, com um enorme largo completamente degradado, e todo o edificio com um ar suspeito. Lá dentro tudo era "melhor", cores e azulejos nas paredes dos anos 80, portas sem puxadores, um longo corredor de acesso aos quartos sem qualquer tipo de iluminação, apenas com uma porta lá bem ao fundo a encadear quem entrava no corredor. Entrámos no quarto, limpo, mas desde 1983 a quando da inauguração do Complexo Turistico das Picanheiras, certamente não sofreu qualquer tipo de remodolação, quer dizer na parede havia um ar condicionado mais moderno, mas sem comando para o podermos ligar, mas também havia um antigo aquecedor ecrostado na parede e cheio de ferrugem. Na casa de banho o filme era o mesmo, prateleiras ferrugentas, e azulejos míticos. Não havia nada a fazer, era descansar e mais nada. Depois do banho chegou o Carlos.

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Além do desgaste normal, estava aborrecido pois nas obras das pontes tinha furado 2 vezes. Mas afinal chegou, e agora já se sentia o ar do Algarve, estava quase.

A opção para o jantar e devido ás "excelente" condições do "hotel", foi voltar a Ferreira do Alentejo de bike, e ir comer a um restaurante sugerido no supermercado.
Não se enganaram nada, um restaurante muito agradável e de pessoas muito simpáticas, "Restaurante o Salgadinho", onde me serviram meio quilo de Linguado da Costa de comer e chorar por mais. Até já sabiam que o pessoal das biclas quer é massa, então prepararam uma enorme travessa de massa para todos.

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Depois de muitas conversas e histórias, rumámos a pé até ao Hospicio, ops queria dizer Hotel.

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fuel100

New Member
Tenho vibrado com a leitura desta aventura. A Estrada Nacional nº 2, nos tempos de hoje, com A.E.; IP IC, etc, constitui um mito e um reflexo do Portugal profundo, de um Portugal que aos olhos de quem reside no litoral de maior concentração de actividades económicas e de população, é um Portugal preexistente e em vias de extinção. Eu próprio já escrevi algo sobre a nº 2, aqui no forum, já que existem troços que já percorri, aqui na zona de Coimbra (ainda no sábado fiz uma parte entre Góis e Penacova) e faz parte dos meus planos fazer o traçado total, não em 4, mas em 5 dias. Para tanto, tenho estado a recolher o máximo dos vossos dados.
Será possível incluir os dados do primeiro dia, bem assim, caso ainda se recordem, das horas de partida e chegada das etapas?
Parabéns pelo relato.
 

Ricky Rock

New Member
fuel100, os dados do 1º dia foram:

171km
7h58
3062ac

A partida foi sempre entre as 8h30 e as 9h da manhã, e nos 3 primeiros dias a chegada dos primeiros foi sempre por volta das 19h. Isto tudo é variável, depende do numero de fotos que tiras, e do que visitas pelo caminho, e também das condições climatéricas. Tenho a certeza que o 1º dia com outras condições, tinha influenciado todo o resto da travessia positivamente.
 

fuel100

New Member
Ok,obrigado pelos dados, agora estamos todos ansiosos por ver o último capítulo, isto é, a etapa Ferreira- Faro.
 

trepadores da Figueira

Well-Known Member
Olá pessoal não é preciso dizer nada porque o R R diz quase todo.
Pedro sempre pensei de apareceres, e nos fazeres companhia.
Eu o Serrano e Bruno no 2º Dia andamos muito kms perdidos Viseu / Vila de Rei, querer dizer não era bem perdidos não íamos era na estrada certa, e com isso tivemos que faz muitos mais kms , mas na boa.

A avaria que o Bruno Malheiro teve é que saltou uma mola da mane-te de mudanças e ele ate viu cair a dita mola ainda andou a ver se a encontrava, mas não a viu mais, como isto com o passar dos kms a bike não metia mudanças e mais tarde ficou sempre no carreto 11 e fazer o resto das subidas que restavam até á Sertã e depois até Vila de Rei oioioioioio ele ficou na aldeia dos Carvalhos , eu segui caminho mas tive que lhe pedir as luzes dele, ( muito obrigado Bruno ), ao fim de algum tempo ele arranjou uma boleia até á V de Rei mesmo a chegar a topo da subida senti um caro atrás de min era o boleia dele, e eu como não sabia o ke faltava para chegar aproveite e fiz os último1km para Vila de Rei de boleia.
Por isso o R R mencionou que no 3 dia partimos 4 para fazer mais 220kms.
 

fogueteiro

Active Member
Aos 6 participantes quero dar os meus parabéns.

Por mero acaso cruzei-me com 3 deles na Sertã, e pude conhecer mais 3 caras que não conhecia, deste fórum.

Como vos disse o meu sentimento de inveja (Saudável) era tanta que me apetecia ir buscar a bicicleta e acompanhar-vos.

Como já disse ao Carlos: Esta já ninguem vos tira.
 

paradawt

Moderador
Muito bom seus grandes malucos!

Grande passeio mesmo e obrigado pela total partilha. Gostei muito de ler!

Cumprimentos.
 

Ricky Rock

New Member
Depois de uma noite no chamado Hotel "Fantasma" de Ferreira do Alentejo, acordámos ansiosos com o prometido Pequeno Almoço que o mestre de cerimónias lá do sitio nos prometera.

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Afinal foi enfardar até rebentar, que o dia ia ser mais curto, mas ainda faltava ultrapassar a Serra do Caldeirão.

Lá dentro não poderia faltar o mítico mapa de Portugal que nos encantava na escola primária.

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Olhando assim para o mapa tem-se uma melhor precepção do que já tinhamos feito em 3 dias.

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A meio do pequeno almoço soubémos que o Serrano que havia ficado a pernoitar na casa da familia no Torrão, havia arrancado de madrugada e já não ia ter connosco ao "Hotel" como combinado.

O Carlos ainda teve direito a ajuda do mestre de cerimónias para afinar a bike, afinal o homem já tinha ajudado em umas 30 voltas a Portugal.

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E lá partimos para a 4ª e ultima etapa.

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Já só faltavam 138km, e era sempre para baixo, para o Sul claro, BORALÀAA!!!

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Para cima custava mais e tinha de ser feito a pé.

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Já estávamos em Aljustrel e já começava a cheirar a maresia, mas nem todos sentiam a brisa.

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Impulsionado pela Brisa do mar, (já à 3 dias que não a sentia) perdi o comboio nesta estação e tive que alargar um pouco o passo para não o perder na próxima, ficando o Jorge o Carlos e o Filipe juntos, cada um com os seus problemas "psicotrónicos".

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Assim fiz os ultimos km sempre sózinho, como que numa peregrinação pela N2 a saborear cada centimetro, cada curva e cada pormenor.

Em Castro Verde as rotundas são animadas com animais.

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Almodôvar, já não me lembro da ultima vez que aqui havia passado.

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E depois de Almodôvar começava umas das secções da N2 que jamais esquecerei, e que terei todo o gosto em repetir muito em breve, tão espectacular que é. Onde toda a estrada nos transporta para um passado recente, quando nas estradas só circulavam 4L, 127, Minis, corollas, carochas, etc, mas nenhum destes lá estavam agora, só mesmo a estrada o património dela e eu!

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Uma antevisão do que ai vinha, onde até os marcos estavam originais.

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As protecções da estrada, antigas claro está, e mais espectacular, estavam conservadas.

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A tranquilidade...

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Interrompida por isto, a fazer lembrar que afinal estava numa estrada "Nacional".

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Mais uma protecção das antigas, quem não se lembras destas a fazer lembrar as corridas de formula 1.

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E o Algarve, ...

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Aqui já embrenhado na Serra do Caldeirão, a viver cada curva...

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Uma antiga casa dos Cantoneiros, finalmente uma conservada, apesar de bem fechada.

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Nos Cavalos decidi fazer uma paregem rápida, o nome era estranho, a tasca mais estranha, não me queriam vender uma tota-tola, eu a ve-las na vitrine, mas a Sra. insistia que não havia, e ainda por cima o raio do cão teve que levar um chega para lá quando decidiu experimentar a lycra. Depois de um pouco de conversa percebi, a Sra. já havia sido assaltada várias vezes e evitava atender pessoas que não conhecia. Afinal e infelizmente a modernidade também havia chegado áquele troço de história que percorria.

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Ao km 700 e já avistando as "Torres" algarvias, optei por saber como se encontravam os outros. Liguei ao Carlos e soube que ainda estavam a sair de Amodôvar e vinham os 3 juntos. Liguei ao Serrano do qual não sabia nada desde manhãzinha e já estava a 8 km de Faro, 30km à minha frente. Encontrava-me precisamente no meio, entre ambo, e só tinha duas opções, ou esperava 1h e pouco na próxima tasca, ou ia seguindo continuando a apreciar todo e qualquer momento da estrada, e foi isso que acabei por fazer.

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Mais um mítica publicidade que nos entrava pelos olhos nas antigas estradas nacionais.

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Em São Brás de Alportel, a 8 km do final. Aqui terminava o espectacular troço que liga Almodôvar a São Brás de Alportel, e começava a sentir um misto de sensações, estava a terminar, estava a chegar ao final mais uma odisseia, mais uma jornada na companhia de amigos antigos e novos, mas que vivem e partilham connosco o mesmo prazer a mesma loucura e a mesma sensação de liberdade que estas travessias proporcionam.

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Faro e de novo a agitação, o reboliço, o stress de uma grande cidade.

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O último marco que encontrei da EN2, o marco 737.

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A nova placa de Faro uns metros mais à frente.

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Bem procurei e dei voltas mas do marco 738 e ultimo nem vestigios. Encontrei o pino 1 que sinaliza os 100 metros seguintes ao marco 738, andei por ruas de sentido proibido e voltei a passar no mesmo local, mas não encontrei o 738. É lamentável que uma estrada desta importânciae com a história que têm entre na Cidade de Faro e seja completamente esquecida e absorvida no reboliço citadino como se nunca tivesse existido, ou pior como se não ligasse o Sul ao Norte, ou o Norte ao Sul de Portugal. Será que este precioso património Nacional não merecia algo mais simbólico, ou mesmo simples como em Chaves onde colocaram o marco "0" no centro de uma rotunda!

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Esta foi uma travessia diferente, foi uma conquista em estrada muito saborosa. Para mim a 1ª em estrada, mas seguramente não a última. Foi uma viagem de sonho realizada num transporte de sonho.

Chegado a Faro, olhei para os horários dos autocarros e dos comboios e vi que tinha um comboio das 15h05 era dai a 15 minutos. Ligo de novo para o Serrano, e estava dentro do tal comboio, pergunto se tem uns sacos a mais para embalar a bicicleta mas já os tinha gasto. Procuro a todo o custo algo para a embalar rápidamente, numa oficina perto da estação dão-me uns sacos de papel, mas aquilo não servia, indicam-me uma mercearia ali atrás, estava em obras, mas a Sra. rápidamente me atende e vende-me uns sacos do lixo de 100litros, ainda meio aterdoado, explico para o que vão servir, e ela fica incrédula, "para levar a bicilceta no comboio têm de a meter dentro disto?" pergunta estupefacta. Explico que infelizmente vivemos num País do 3º mundo, onde a CP vê as bicicletas como o seu mais directo adversário, como tal acabou com os comboios regionais que ligavam a Lisboa e nos outros não permite o transporte de bicicletas, tentando a todo o custo evitar que as pessoas as transportem. Sigo para a estação e peço o bilhete para Lisboa, faltavam 5 minutos, a bicicleta numa mão, a caixa com sacos do lixo na outra, o homem olha para a bicicleta e para a minha cara de bandido ao fim de 4 dias a pedalar, com a roupa completamente transpirada, a barba por fazer, e sei lá mais o que, e diz, " O Sr. já não consegue apanhar este comboio", cada vez com menos oxigénio e com as órbitas a saltarem dos olhos, respondo, " porque? onde apanho o comboio, não é aqui ao lado? dê-me o bilhete rápidamente, o dinheiro não está ai?" Só balbociou mais o numero da linha e deu-me o bilhete. Monto-me nela, e sigo por ali fora desalmadamente, o segurança diz qualquer coisa, mas rápidamente respondo que o comboio vai arrancar e tenho que ir a pedalar, vira costas e faz de conta que não vê, um porreiraço. Numa porta do comboio estão vários revisores, tratava-se do Alfa Pendular, pergunto qual a carruagem nº3, olham-me de lado, mas indicam qual a carruagem, não dou tempo para dizerem mais nada, avanço, saco as duas rodas e salto com a bicla lá para dentro, as portas fecham-se, mas já lá estou dentro. Agora ali num corredor apertado, meto cada roda num saco, e mais um saco em cada lado do quadro, e está embalada. O Serrano estava na carruagem 4, quando chega o revisor diz-me que ali a bicicleta não vai bem e que posso mudar para a carruagem 4 onde existe espaço para as cadeiras de rodas e que a posso deixar lá.

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Encontro finalmente o Serrano neste dia. Está estafado mas muito satisfeito, para ele em bicicleta de BTT ainda foi mais duro, mais mítico, mais desafiante, mas adorou também cada cm da travessia.

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Ficamos um bocado na palheta, e depois cada um vai dormir para o seu canto, a viagem é feita a mais de 220km/h e rápidamente se chega à região de Lisboa.

O Jorge o Filipe e o Carlos chegam mais tarde a Faro, fizeram toda a etapa juntos, encontraram pessoal do Algarve em BTT pelo caminho que lhes fizeram companhia durante uns km, e terminam todos bem.

Um grande abraço para todos os que fizeram comigo esta saudável loucura, e para os outros que nos foram apoiando e incentivando, Bem Haja.

Os dados da 4ª e ultima etapa, Ferreira do Alentejo-Faro:
146km
5h29
1583ac
 

M1962

New Member
Olá

Parabéns a todos os participantes nesta aventura.

Foi com prazer que acompanhei o vosso relato, há coisas que não se explicam, a vossa aventura enquadra-se perfeitamente nesse lema.

Obrigado pela partilha, e pelas belas imagens que captaram.

Abraço.

Mário
 

fuel100

New Member
Parabens a todos e um imenso apetite aberto para sguir as pedaladas destes bravos.
Uma questão: O último marco da estrada tem o nº 738Km e o vosso total é de 708km. Esta discrepancia deve-se únicamente ao desvio na zona de Santa combadão, ou o traçado da estrada sofreu alterações com o decorrer do tempo.
 
O meu chapéu está tirado para este autêntico comboio de duros! Muitos parabéns a todos. Acho que o melhor elogio que vos posso dar é dizer que fiquei cheio de vontade de fazer o mesmo... Mas em autonomia, para mim, está fora de questão.

Em grande, rapazes :cool:
 

pcpm

Member
Parabens a todos os que participaram nesta aventura, adorei ler o relato desta travessia magnífica, a certa altura parecia que eu próprio ia em cima da bicicleta rumo ao Algarve.

Não perdi a esperança de um dia poder usufruir da companhia deste pessoal corajoso num destes passeios.
 

osicran

New Member
Esta já ninguém vos tira e por muitas que ainda venham a fazer, uma aventura assim é prá vida! Chapeau!!!
 

jnap

New Member
Muitos parabéns.
Esta é daquelas que deve ser guardadas para contar aos netos... :)

Gostaria imenso de ter participado nesta maluqueira, mas infelizmente tal não me foi possivel!
 

Ricky Rock

New Member
Parece que excedi o limite de capacidade de fotos para este mês e bbloqueram as mesmas, mas elas voltam a reaparecer no dia 21.
 

Ricky Rock

New Member
fuel100, essa diferença deve ser por essa alteração, que recomendo a todos os que queiram fazer a EN2 de bicicleta. Assim evitam o IP3, extremamente perigoso até para quem vai de carro.
 

fuel100

New Member
Mas olha que não é necessário passar no IP3. Dá para ir, de Santa Comba Dão à barragem da Aguieira, onde retomamos a nº2. Conheço o troço marginal ao Mondego (sem falar na travessia da própria barragem), que ainda é extenso e é uma mais valia paisagistica no trajeto. No troço indicado; o ponto B, corresponde à barragem e é onde acaba o desvio e se retoma a Nº2. O ponto C, corresponde a Góis. Este troço indicado são 57.70Km


Penso que o percurso que vocês fizeram foi este. O troço tem 51,50Km.
 
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