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Empenos

fogueteiro

Active Member
EMPENO (fisico)

A palavra que mais nos assusta ou não tenhamos, todos penso eu, já passado pela experiência de ter um. Mas por vezes este termo é muito ambrangente, sendo utilizado para caracterizar um cansaço normal de uma saída, daí eu não o utilizar muito.

Como é óbvio chego cansado a casa mas empenos verdadeiros só me lembro de 3, e que aconteceram já há muitos anos atrás quando eu não tinha a noção exacta de como me deveria precaver.

Eu divido os empenos (mesmo empenos) em duas categorias:

Os "famintos" - são os que nos atacam quando não nos alimentamos em condições e a fome ataca sem misericórdia.

Os "arrebentados" - São aqueles que apesar de nos alimentar e hidratar convinientemente, as pernas não podem mais.

O que é que voces acham deste assunto, e que experiências já viveram?
 

Mingus

Member
A mim já me aconteceu dos 2 tipos também. O "faminto" é desesperante, principalmente quando se passa por sítios onde cheira a comida :). O "arrebentado" é, para mim, pior pois fico os músculos muito duros e sensação de estarem inchados.

Este fim de semana aconteceu-me algo pior que um empeno. Estive todo o passeio com vontade de vomitar. Ando a tomar brufen e antibióticos há quase dois meses por causa de uma extracção do dente do siso que causou uma enorme infecção e que teima em não passar. A subir a agrela estive quase para parar porque já sentia espamos no esófago. Consegui chegar lá acima mas voltei logo para trás totalmente agoniado. Só consegui fazer 60kms e acho que foi a pior experiência que tive em cima da bicicleta.
 

clyde

New Member
Os meus empenos foram quase todos por arrebentamento..... :(
Ainda me lembro do tragico dia em que aceitei realizar um treino "Sózinho" com o GRANDE Prof. Carlos Cabrita! era eu um jovem iniciado nestas andanças, e ele (como sempre) um grande campeão, sempre em forma!! Foi uma volta de "terra", e para nunca dar parte fraca, lá me foi aguentando na roda, sem descolar o treino todo. Quando cheguei a casa, tremia que nem varas verdes, quase que deixei de ver, tava a ver que não chegava a casa!! .... mas consegui disfarçar a coisa, que ele nem se apercebeu ;)
Um grande abraço ao homem que me introduziu a paixão pelas bikes, e me ensinou muito do que sou, e sei hoje!! Prof. Carlos Cabrita!
 

Burning Dogma

New Member
Os de arrebentamento já tive alguns, faminto tive um e foi o dia que mais sofri em cima da bicicleta. Foi um treino que durou muito mais do que eu contava inicialmente e a minha preparação ainda não era suficiente para aquele esforço. Foi um martírio para chegar a casa, completamente vazio, agoniado e sem força. É daquelas alturas em que o sofrimento deixa de ser prazeroso para ser apenas isso, sofrimento. Lembro-me que na altura ainda tinha a tripla montada e o prato 30 foi o que me permitiu chegar lentamente a casa pois com o 39 não chegava a pedalar de certeza. Há empenos que já tive e já me esqueci deles mas este nunca mais irei esquecer.
 

salpicão

Member
Boas,
o verdadeiro e único empeno que levei foi o do cansaço, após 90 km cheguei ao inicio da súbida da Senhora da Graça e digo que sofri muito para chegar ao alto do monte farinha...mas cheguei...
sou novato e quando dou o litro chego cansado, mas penso que isso é o normal...
Abraço.
 

RJLA

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Bem, eu acrescentaria um outro empeno que é o pós-esforço. Já me aconteceu em algumas situações chegar relativamente bem a casa, almoçar bem e algumas horas depois começar a sentir o corpo de tal forma partido que pareço ter sido atropelado...mas esse ainda é o empeno que se suporta melhor, basta não levantar muito o rabo do sofá :)
Quanto aos outros, já os experienciei e realmente o "faminto" é o pior. É muito mau sentir o corpo a entrar em total fraqueza e sentirmos as forças todas a ir embora quando ainda estamos longe de casa. A partir daí as coisas tornam-se realmente penosas e passa a ser apenas sofrimento. Uma paragem num café para ingerir umas calorias pode atenuar a situação, mas uma vez em fraqueza dificilmente conseguimos que o corpo recupere devidamente para chegarmos a casa sem sofrimento.
Por cansaço também já tive alguns, daqueles em que doseamos mal o esforço e a partir de um certo ponto as pernas parecem não querer mais. Tive um recentemente numa volta longa e posso dizer que fiz 30km realmente penosos, a tentar gerir muito bem o esforço e a sentir as pernas a rebentar. Enfim, vamos aprendendo com os erros e com determinação tudo se ultrapassa. Caso contrário há sempre um telemóvel à mão para alguem nos vir recolher, mas até hoje nunca foi necessário. Mesmo quando fiquei a pé a 10km de casa por avaria mecânica optei por fazê-los a pé...Antes quebrar que ceder :)
 

trepadores da Figueira

Well-Known Member
Pois que me lembro só tive 2 Empenos um de uma volta de 90kms bem rolante mas sempre a altas velocidade a trás de um tipo que a rolar é um autentico Fabian Cancellara que temos aqui na zona e só tinha levado agua e nada para comer nos últimos 20kms já nem a estrada via.

E outro foi numa das minhas voltas de 3 dígitos queria ver o que rendia se fosse sempre a dar Gás, por fim grande dor de pernas meu deus mas deu para chegar a casa.
 

plx

New Member
Eu tive um por não me ter alimentado bem.
A ida fez-se muito bem, mas depois quando foi para vir tava a 50 km de casa e estava progressivamente a ficar sem forças, tive de fazer os últimos quilómetros a pé pq já não conseguia dar aos pedais.
 

fmm

Member
Já tive alguns empenos. A maior parte por fadiga em que antes de chegar a casa tenho de fazer uma subida com cerca de 2 kms. Por vezes as pernas vêm tão estouradas que as parvas das cãibras tendem a aparecer e é um suplício chegar ao destino.
Por desidratação não sei se lhe poderei chamar empeno mas recordo-me que quando ainda fazia btt, numa maratona em Cuba em com temperaturas na ordem dos 40º quando parei sentia arrepios como nunca tinha sentido e tinha os pelos todos em pé.

Abraço

Filipe
 

J.P.

New Member
Empeno de esforço - Já tive alguns em voltas mais duras (não necessáriamente mais longas). Controla-se ou evita-se com alguma facilidade fazendo a gestão correcta do esforço VS Kms que faltam para chegar a casa, sempre com cuidado á alimentação e hidratação.

Empeno pós-esforço - Também já tive bastantes. Fáceis de resolver: descansar bem (nalguns casos cheguei a adormecer a seguir a uma refeição). De salientar que em quase todos cheguei bem a casa... a "pancada" surgiu depois.

Empeno de alimentação -Só tive um...esta semana. Foi a pior coisa que já me aconteceu desde que ando de bike. Só fiz 60 km e nos últimos 30 km estava tão debelitado que apesar de não me doer nada parecia que a bike pesava 10 Kg...20 Kg... 30 kg... Devo acrescentar que quando me apercebi do que estava a acontecer (+- Km 25) comecei a comer e beber...mas não me serviu de nada. Já tive muitas aventuras e dificuldades de bike mas nada que se compara-se a esta situação. Quando consegui chegar a casa tomei banho, não consegui comer porque estava enjoado e fiquei tão prostrado que durante 2 horas tive de ficar deitado sem me conseguir mexer (não estou a exagerar). O estranho disto é que nesse dia me tinha alimentado bem e comecei com os sintomas só com +- 25 Km... que normalmente é o que preciso para aquecer e começar a andar bem e confortável.
 
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fogueteiro

Active Member
eu tmbém já aprendi, à custa de sofrimento como voces, que quando entramos no patamar da fome já não há muito mais a fazer. Mesmo comendo as forças desapareceram porque o organismo não teve tempo de processar os alimentos. Daí ser importantíssimo comer e beber antes de virem os sintomas.

Aconteceu comigo, há uns 20 e tal anos. Fui fazer uma voltinha que hoje é banal. Saí de minha casa, fui a Estarreja e depois subi para Oliveira de Azemeis. Nesta VIla eu estava tão fraco, tão fraco, que me deitei numa paragem de autocarro. Não tinha dinheiro nenhum, e já não me lembro como cheguei a casa. Foi terrível!! Quando cheguei a casa atirei-me às batatas cozidas do almoço, sem molho e frias... foram as melhores batatas que até hoje comi.

Um empeno que tive, mas desta vez "arrebentado" foi igualmente há 20 e tal anos, nos inícios da minha "carreira cicloturistica". Fui fazer a voltinha da Barragem de Crestuma/Lever, com saída da casa dos meus pais, perto de Espinho. A barragem tinha acabado de ser inaugurada e eu já tinha um fraquinho por aquelas construções, por isso não me importei com mais nada. Não sabia eu que depois teria que fazer uma subida para a qual não estava minimamente preparado. A determinada altura estava tão "arrebentado" que se não parasse caía para o lado. Tive então uma ideia: Esvaziar um pneu e pedir boleia, fingindo que tinha tido um furo. E tive sorte de haver uma "alma" que me socorreu com uma pick-up e que me trouxe até aos Carvalhos (para quem conhece). Deixei o homem ir embora e depois enchi o pneu e lá fui eu, porque até casa era sempre a descer.
 

Figueiredo

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Tive então uma ideia: Esvaziar um pneu e pedir boleia, fingindo que tinha tido um furo. E tive sorte de haver uma "alma" que me socorreu com uma pick-up e que me trouxe até aos Carvalhos (para quem conhece). Deixei o homem ir embora e depois enchi o pneu e lá fui eu, porque até casa era sempre a descer.

;););) Arriscas-te um bocado!! Se ninguém parasse eu queria ver aí então voltavas para a casa a pé e com a bicla ás costas:p:p
 

fogueteiro

Active Member
Teria que chamar o papá e depois levar um "bate barba" por cima. Na verdade por vezes fazemos coisas que depois nem acreditamos.;):D:D

Mas são estas coisas que me fazem gostar deste desporto...:D:D
 

RJLA

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J.P., tem atenção ao que te aconteceu...de uma forma tão intensa e tendo em conta que te tinhas alimentado bem antes de sair, não era suposto ficares debilitado dessa forma. Já tive duas ou três situações em que a fraqueza me fintou e por mais comida que ingerisse a seguir a sentir os sintomas já dificilmente os atenuava. Agora ao ponto de chegar a casa e ficar deitado duas horas sem me mexer nunca me aconteceu e é estranho acontecer com apenas 25km percorridos. Eu não sou médico nem percebo nada do assunto, mas se puderes contar o que aconteceu a um médico não perdes nada.

fogueteiro, essa de esvaziar o pneu é hilariante! Como disse atrás, até hoje tenho por máxima "antes partir do que ceder", e apesar de por várias vezes já me ter dado vontade de chamar o carro vassoura para me recolher no asfalto todo empenado, sempre arranjei forças para chegar a casa pelos meus próprios meios. Mas deverá haver sempre uma primeira vez...:)
 

J.P.

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RJLA - Pois de normal aquilo não teve nada. Fiquei tão esgotado que nem me conseguia mexer. Só comecei a recuperar 3 horas depois. foi um cagaço daqueles. Não vou valorizar muito o que aconteceu porque pode ter sido uma infinidade de coisas (tensão...hipoglicémia...baixamento brusco de sais minerais...etc...etc...) Se voltar a acontecer com esta intensidade e sem motivo aparente terei que procurar ajuda (médico).
Eu atribuo aquele cansaço á alimentação porque comecei desde o inicio a sentir uma fome enorme. Pode alguma coisa no meu metabolismo ter falhado naquele dia, provavelmente nunca vou saber...espero nunca vir a saber pq é sinal que não me voltou a acontecer.

Este episódio serviu para repensar as minhas opções. Por norma (e acho que por orgulho) atinjo sempre os objectivos a que me proponho, por isso nunca telefono para me irem buscar quando por exemplo anoitece, começa a chover, furo, fico cansado, etc. Ando quase sempre sózinho, gosto de longas distâncias e obrigo-me a planear as minhas voltas de forma a que sejam um desafio superável, ou seja procuro fazer uma gestão acertada da minha condição fisica, mental, meteorologia, percurso, etc. Quando isto me aconteceu só estava a 30 km de casa e achei, que apesar da dificuldade que estava a sentir, deveria regressar pelos meus meios (a pedalar) em vez de telefonar a pedir para me irem buscar. Mais tarde enquanto estava deitado achei que tinha "esticado demais a corda" e que podia ter "ficado pelo caminho"...os ultimos 20 km foram feitos com um sofrimento enorme, de noite...e para ajudar começou a chuviscar...
Disciplina e perseverânça sim...estupidez não.
 

fogueteiro

Active Member
fogueteiro, essa de esvaziar o pneu é hilariante...

Sabes que naquele tempo o meu orgulho era infantil.;););)

Na verdade eu senti-me tão esgotado, tão esgotado, e olhando para o trajecto que me faltava aos altos e baixos, desisti completamente, ajudado pelo facto de já ser quase escuro.
 
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