V Audace 2Cycling - 2° Audace da Mobilidade
O Audace começou no Terreiro do Paço, uma vez que estava inserido no programa da Bicla Fest / Lisboa Ciclável, organizado pela FPCUB. (É no mínimo irónico o nome e o local escolhidos, tendo em conta que a zona de ligação entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré tem o pior pavê de Lisboa e arredores. Aquilo é tudo menos ciclável...)
Adiante!
Cheguei perto das 8h30, éramos 14! Ena, tantos! Assim que cheguei entreguei a caderneta, tirou-se uma foto que ainda não partilharam, e avisaram que este ia ser o último Audace do ano! Isto significa que a minha agenda de repente ficou muito mais livre lol (já não tenho desculpa para ir a Espinho
)
Quem ficou encarregue de marcar o percurso e fazer de guia estava doentem ou algo do género, e não conseguiu ir, portanto pediram-nos para irmos todos juntos, porque havia malta que não tinha o percurso.
Lá seguimos pelo maldito pavê e fomos em direcção a Algés. O grupo ia junto, num ritmo calminho. Em Algés viramos para dentro em direcção a Monsanto. Assim que começou a subida o grupo lá se começou a desfazer. Acabei por ficar mais para trás com outro senhor, mas foi tranquilo porque o grupo estava à nossa espera no final da subida, em Montes Claros.
Atravessámos Monsanto para ir ter a Sete-Rios e aqui houve a primeira falha do percurso, na minha opinião. Quem conhece Monsanto sabe que em frente ao Anfiteatro Keil do Amaral há uma vista fantástica sobre a cidade, o Tejo, do Cristo Rei até à Arrábida. Não percebo como se passa ao lado disto…
A parte seguinte do percurso foi muito… estranha, para não dizer outra coisa… Eu compreendo que, sendo o Audace organizado pela 2Cycling, se queira passar em frente à loja, especialmente quando tiveram de fazer cumprir a obrigação de começar no Terreiro do Paço. O problema é que atravessámos a zona toda de Sete-Rios-Laranjeiras-Colégio Militar-Carnide, mas não passámos em frente à loja! Passámos na rua ao lado, nem dava para ver a loja…
O grupo seguia junto e já havia malta a mandar bocas por causa dos semáforos. Realmente, para quem não é de Lisboa e está habituado a andar em zonas mais tranquilas, apanhar semáforos a cada 100 metros é bastante chato. Até já eu estava saturada daquele pára-arranca. Há muitas maneiras de sair de Lisboa, aquela era só uma das piores. É que nem sequer havia nada para ver, só prédios e mais prédios…
Assim que passamos a Pontinha, chegou finalmente a altura de sair definitivamente de Lisboa por Famões… Nada como
2 quilómetros com várias secções acima dos 10% e com o final a bater nos 20%.
Lá fiz a subida com dificuldade e paramos mais à frente, junto a um cruzamento, à espera que todos terminassem. Por esta altura já um grupo de três campeões nos tinha abandonado. Nunca mais os voltámos a ver.
Assim que todos se reuniram seguimos caminho e fomos novamente brindados com uns belos
300 metros a média de 11% com zonas a bater nos 14%.
E vocês agora pensam, “epa, subiste tanto, essa porcaria era tão inclinada, isso aí de cima devia ter uma vista brutal!”... mentira. Eram casas e prédios… Tanto sofrimento e nenhuma recompensa
Passamos Caneças e continuamos a descer durante bastante tempo. Por volta do quilómetro 39 estava o primeiro Posto de Controlo, aproveitamos para reunir mais uma vez o grupo, encher bidons e comer alguma fruta.
Entretanto já tinha metido conversa com o senhor que ficava sempre para trás comigo! Era de Espinho, 71 anos!!! Não tinha uma CULnago como o Ti’Américo, mas tinha uma Valdemiro! Estávamos a conversar sobre as paredes e ele disse-me logo que as tinha feito a pé. Não tinha idade para se meter em aventuras. Ele fazia parte do grupo que ia organizar o próximo Audace, o tal em Espinho, mas confirmou-me que realmente ia ser cancelado a pedido da FPCUB.
Quando terminou a descida iniciou-se uma subida longa, mas com pendente muito baixa, que nos levou até S.Miguel de Alpiança. O grupo seguia junto e num ritmo calmo, acessível a todos. O vento não estava muito simpático pela zona saloia, mas como ninguém ia com pressa também não afectou muito.
Mudamos de direcção para começar a viagem de regresso e imediatamente reconheci a estrada em que estava. Já passei ali muitas vezes a sair da Malveira. Pensei que iamos lá passar, porque não tinha visto o percurso com particular atenção, mas muito antes de lá chegar cortamos à direita… Vá, quem é que adivinha o que aconteceu a seguir?
Mais uma bela subida de
2 kms com várias rampas. Abrimos logo com uma secção de 400 metros. O meu amigo de Espinho desmontou logo, eu lá fui a sofrer e depois aguardei por ele na zona seguinte. No final a subida voltou a apertar, mas nesta altura já nada me surpreendia…
A subida seguinte já foi normal, fizemos bem, cadência ali certinha e ainda deu para ir a trocar umas palavras. Nesta zona, pela primeira vez, a vista era minimamente decente com Sintra ao longe. O grupo esperava por nós mais à frente, eu já conhecia a paisagem e o meu amigo também não fez questão de parar.
Voltamos a reunir com o grupo e iniciamos a descida em direcção a A-dos-Cãos. Uma descida longa, perto de 7 kms, mas achei-a talvez um pouco perigosa. O piso não era o melhor, havia sujidade nas curvas e ganhava-se velocidade com imensa facilidade. Era preciso ir com cuidado.
Terminada a descida, passamos A-dos-Cãos e viramos em direcção a A-dos-Calvos, por uma estrada secundária. O grupo ia junto e, do lado esquerdo, avistava-se uma bela duma rampa. Já havia malta com medo, mas afinal o percurso era para a direita. Ouviram-se suspiros de alívio que só duraram até darmos a curva seguinte e levantarmos a cabeça LOL Só ouço um dizer “o que vale é que já estou habituado a elas!”
Esta subida foi um autêntico martírio. Eu já estava muito pouco contente com o percurso, mas aquilo deixou-me mesmo furiosa.
A subida é por patamares, no final da primeira rampa já estava de rastos, mas o problema foi quando cheguei à segunda dose… Ainda estou a pensar como é que não fiz aquela porcaria a pé. Fui aos esses, não dava de outra maneira. Mesmo assim a cadência ia nos 45-50 rpm
Terminado o sofrimento da segunda rampa deu para recuperar um bocadinho até começar novamente o sofrimento. Assim que começa nova rampa fui às mudanças na esperança de ainda haver ali mais qualquer coisa e, para meu espanto, reparo que ainda tinha dois andamentos… Já ia tão cansada que me esqueci que no final da primeira rampa tinha passado para o prato de 25 e depois não o tirei. Fiz a segunda rampa numa andamento demasiado pesado sem necessidade… (que parva!!!!
). Mas pronto, lá terminei o resto da subida com muito sofrimento e no topo estava o segundo e último Posto de Controlo.
(Continua...)