Deixo aqui um relato de uma volta que dei no último fim de semana. Já há algum tempo que sou leitor deste espaço, embora sem participar, na verdade até já participei numa ou outra volta que aqui foi relatada. Como gosto de ler os relatos dos outros, e me senti motivado por muito do que fui encontrado por cá, chegou agora a minha vez de colaborar. Espero que, nem que seja só de vez em quando, continue a ter motivos para vir deixar aqui qualquer coisa.
Sábado foi dia da primeira volta a doer do ano. Embora tenha sido abordado para algumas voltas em pelotão não era dia para isso, não podia ser. Levantei-me para pedalar com a malta do costume, mas, lá no fundo ecoava uma voz que não se conformava com isso. Indecisão, partida sempre adiada, fui tomar um café e, de repente, já era tarde...estava decidido iria sozinho.
O destino foi a Ponte da Panchorra, local que vi sinalizado, numa volta anterior, e me despertou curiosidade. Agora tinha que arranjar maneira de lá chegar. Parti de carro até Freixo - Marco de Canaveses, junto à antiga cidade romana de Tongobriga. Na verdade durante todo o dia vi placas a indicar "Rota do Românico", poderá ser um bom mote para futuras voltas.
Depois de ler uma crónica, do ciclista André Carvalho, percebi que há diversas formas de subir a serra do Montemuro, precisava de uma para chegar ao meu destino. Assim, resolvi que iria cruzar o Douro em Porto Antigo, depois seguiria pelo menos até Caldas de Aregos pela N108, onde procuraria um caminho para o topo. O resto iria depender do que fosse acontecendo.
Ao início da manhã o frio e o nevoeiro eram intensos, parei logo, em Manhuncelos, para café e conversa. Ao ver um carro de apoio ao cicloturismo, parado à porta do bar, soube que assunto não ia faltar.
Ganhei coragem e rumei a Paços de Gaiolo, antecipando o momento em que, após uma curva já conhecida, iria saudar o Douro.
Chegado à N108 desci a Porto Antigo num belo troço sobre o rio. Mais uma paragem, que aproveitei para colher e comer laranjas.
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Atravessei, continuando à beira rio, cruzando o Cabrum (adoro o nome) até Caldas de Aregos. Desta vez este local não me atraiu como outra vez que lá tinha passado.
Continuei, agora mais atento para tentar encontrar o caminho para a serra, por aquela vertente. Foi fácil, em Anreade encontrei uma indicação para Ponte da Panchorra, a partir daí foi só seguir.
Despeço-me do rio, contemplo-o agora de cima.
Esforço, subida dura, íngreme, longa e permanente. Voltam o nevoeiro e o frio. Paro para comer e aquecer.
Com novas energias volto ao pedal, subitamente estou sobre as nuvens. Não, não era caso de estar mais animado, estava literalmente acima das nuvens.
Lá em cima é outro mundo: não há carros, nem ruídos, o espaço é amplo e agreste, só pedalo e vejo.
Perco-me, pensava estar perto do destino mas pedalo interminavelmente pela montanha vendo que, após a próxima curva, há apenas silêncio, vento e horizontes amplos. Óptimo.
Encontro o caminho, rumo à ponte que hoje era o destino. Sítio bonito com um senão: no regresso esperava por mim trecho de subida em paralelo enlameado, com uma inclinação assustadora. Após patinar monte acima lá deu para prosseguir.
Passo em Gralheira e desço até Carvalhosa. Apanho a N321 para subir acima dos 1200 metros, nas Portas do Montemuro.
Lá em cima paro, perguntam-me se não sinto incómodo por o ar ser tão forte. Sorrio e penso que foi por isso que vim.
Dali foi só descer até Cinfães e rever o Douro na Barragem do Carrapatelo.
Paro uns minutos a ver a barragem e ganhar alento para as última dificuldades. Subo de novo à N108. Faço nela alguns quilómetros, até Penha Longa onde apanho o acesso local, que me traz de volta ao ponte de partida.
Excelente volta a reforçar o desejo de conhecer a fundo as subidas ao gigante Montemuro.
Boas pedaladas
Sábado foi dia da primeira volta a doer do ano. Embora tenha sido abordado para algumas voltas em pelotão não era dia para isso, não podia ser. Levantei-me para pedalar com a malta do costume, mas, lá no fundo ecoava uma voz que não se conformava com isso. Indecisão, partida sempre adiada, fui tomar um café e, de repente, já era tarde...estava decidido iria sozinho.
O destino foi a Ponte da Panchorra, local que vi sinalizado, numa volta anterior, e me despertou curiosidade. Agora tinha que arranjar maneira de lá chegar. Parti de carro até Freixo - Marco de Canaveses, junto à antiga cidade romana de Tongobriga. Na verdade durante todo o dia vi placas a indicar "Rota do Românico", poderá ser um bom mote para futuras voltas.
Depois de ler uma crónica, do ciclista André Carvalho, percebi que há diversas formas de subir a serra do Montemuro, precisava de uma para chegar ao meu destino. Assim, resolvi que iria cruzar o Douro em Porto Antigo, depois seguiria pelo menos até Caldas de Aregos pela N108, onde procuraria um caminho para o topo. O resto iria depender do que fosse acontecendo.
Ao início da manhã o frio e o nevoeiro eram intensos, parei logo, em Manhuncelos, para café e conversa. Ao ver um carro de apoio ao cicloturismo, parado à porta do bar, soube que assunto não ia faltar.
Ganhei coragem e rumei a Paços de Gaiolo, antecipando o momento em que, após uma curva já conhecida, iria saudar o Douro.
Chegado à N108 desci a Porto Antigo num belo troço sobre o rio. Mais uma paragem, que aproveitei para colher e comer laranjas.
Atravessei, continuando à beira rio, cruzando o Cabrum (adoro o nome) até Caldas de Aregos. Desta vez este local não me atraiu como outra vez que lá tinha passado.
Continuei, agora mais atento para tentar encontrar o caminho para a serra, por aquela vertente. Foi fácil, em Anreade encontrei uma indicação para Ponte da Panchorra, a partir daí foi só seguir.
Despeço-me do rio, contemplo-o agora de cima.
Esforço, subida dura, íngreme, longa e permanente. Voltam o nevoeiro e o frio. Paro para comer e aquecer.
Com novas energias volto ao pedal, subitamente estou sobre as nuvens. Não, não era caso de estar mais animado, estava literalmente acima das nuvens.
Lá em cima é outro mundo: não há carros, nem ruídos, o espaço é amplo e agreste, só pedalo e vejo.
Perco-me, pensava estar perto do destino mas pedalo interminavelmente pela montanha vendo que, após a próxima curva, há apenas silêncio, vento e horizontes amplos. Óptimo.
Encontro o caminho, rumo à ponte que hoje era o destino. Sítio bonito com um senão: no regresso esperava por mim trecho de subida em paralelo enlameado, com uma inclinação assustadora. Após patinar monte acima lá deu para prosseguir.
Lá em cima paro, perguntam-me se não sinto incómodo por o ar ser tão forte. Sorrio e penso que foi por isso que vim.
Dali foi só descer até Cinfães e rever o Douro na Barragem do Carrapatelo.
Paro uns minutos a ver a barragem e ganhar alento para as última dificuldades. Subo de novo à N108. Faço nela alguns quilómetros, até Penha Longa onde apanho o acesso local, que me traz de volta ao ponte de partida.
Excelente volta a reforçar o desejo de conhecer a fundo as subidas ao gigante Montemuro.
Boas pedaladas