Nunca gostei de ver o campeonato do mundo, sempre achei o conceito "estúpido". Dar o título de melhor do mundo a um gajo que vence uma corrida de um dia, que por vezes tem menos dificuldade que uma etapa do Tour, sempre me pareceu uma coisa injusta. Se há um ranking, que teoricamente permite avaliar qual o ciclista que melhor desempenho teve ao longo de todo o ano, sempre achei que quem chegasse ao final da época (aos mundiais) na líderança do ranking deveria ser o campeão do mundo. Aí sim, estaríamos a entregar a camisola de campeão do ano àquele que de facto foi o melhor no cômputo geral desse ano. Isto talvez até trouxesse motivos de interesse extra em algumas provas, e se os critérios de pontuação fossem bem feitos, permitiria a sprinters e trepadores concorrerem pelo mesmo objetivo, enquanto hoje em dia é a UCI, ao decidir o percurso, que determina que tipo de ciclista será o próximo campeão.
Dito isto, este ano os mundiais foram uma agradável surpresa. Pela primeira vez assisti com interesse à prova e esta pareceu de facto ser uma coisa à parte, mais dura que qualquer clássica ou etapa de alta montanha, bem disputada, com emoção até final, e com um justo vencedor.
Parabéns ao Valverde, para sprintar nos últimos 200 metros e ganhar é preciso chegar com os da frente a esses últimos 200 metros, e ele estava lá.