Olá, sou o The Caped Crusader (e para já fica assim. quem reconhecer o meu 'alias', que é lendário, saberá quem é o interlocutor) e a minha vida em cima de duas rodas movidas a pedal resume-se mais ou menos a isto (preparem-se que a coisa vai demorar):
Para começar, nasci em Dezembro de 1973, portanto um ano muitíssimo bom, ano de 'Sabbath Bloody Sabbath', 'Houses of The Holy', 'Dark Side of The Moon' e 'Queen' entre outros. E, claro, obviamente nasci antes do 25 de Abril. Pimba, tomem lá e embrulhem.
Nasci em Paredes, Vale do Sousa, e pedalei desde criança, aliás, como quase todos os putos da minha geração.
Tive várias bicicletas, todas de aço, como manda a lei, e aos 14 anos mudei de vida, fui estudar para o Porto e fiz uma paula no pedalar, até aos 34 anos, ou seja 2008, em que, vítima de uma vida demasiado sedentária e a viver e trabalhar em Lisboa, decidi comprar uma bicicleta para me forçar a fazer algum exercício físico. Nessa altura comprei uma bicicleta da Decathlon que passado menos de um ano encontrou novo dono. Pouco tempo porque entretanto numa visita a uma Bikezone (Odivelas) vi uma Kona Paddy Wagon (single speed/fixed gear) usada, à venda na loja, que me despertou a curiosidade.
A partir daí montei várias fixed gear (umas 3), juntei-me à Camisola Amarela em 2019 quando a coisa (a revolução ciclística, entenda-se) estava a começar, e como sócio/estafeta pedalei por Lisboa como poucos pedalaram, a entregar encomendas ou a disfrutar simplesmente do prazer que é andar de bicicleta, que segundo o Hemingway, é como voar (e é mesmo).
Depois disso, voltei a redescobrir as estradeiras, e tive algumas jeitosas, uma Cannondale Road Race 3.0 em Alu com Dura-Ace dos anos 90 (a antepassada das CAAD, fiz o Tróia-Sagres com ela, com uma mochila às costas), uma Benotto Modelo 3000 em aço Columbus SL com Campag Record, uma Eddy Merckx Corsa Team Motorola em Columbus SL (que montei period correct com Dura-Ace 7400), uma Mercier Service des Courses com Shimano Dura-Ace 7200, uma Berma Strada (marca italiana meio refundida) em Campag 'já-não-me-lembro', e também tive umas de pista, uma francesa Louis Tonda dos anos 70 e depois uma LOOK KG 233P (Pista) dos anos 90, e que adorei ter e andei a fazer estragos em Lisboa com ela (nobrakes), em magnífico aço Columbus Nemo (Nivachrom) e que agora pertence a um gajo Finlandês (
https://www.flickr.com/photos/70932415@N02/sets/72157633439864986/).
Pelo meio disto tive outras bicicletas e montei outras tantas, umas mais citadinas, outras menos, vendi, comprei, troquei e ofereci, até descobrir sozinho o mundo das Tourers. Então comprei no ebay uma Inglesa Bob Jackson dos anos 50, só que coitada, estava uma misturada de Shimano com Campag. Desmontei-a toda e voltei a montar, e por acaso ainda a tenho hoje, tem uns cranks triplos Campag Record que ao que sei, já não existem muitos. A bicla até foi fotografada, tipo centerfold, para um jornal gratuito que era distribuido em Lisboa, chamado Pedal, não sei se chegaram a conhecer.
Foi mais ou menos nessa altura que descobri outras maravilhas deste mundo, como os selins Brooks, uma coisa chamada guarda-lamas, luzes de dínamo, e os pneus acima de 28C. Foi então que o mundo das estradeiras puras morreu para mim. Porque a bicicleta é muito mais do que essa merda, e do que o MTB, já agora. Muito, muito mais. Não há fronteiras.
Infelizmente a minha vida não me permitia fazer brevets e coisas do género, como o Ruipr (gajo que tenho o prazer de conhecer e respeitar), mas lá fui dando umas voltinhas por aí e tal, até que a vida me vez sair de Lisboa e ir para o Alentejo litoral em 2013 (Zambujeira do Mar). Nessa bela zona descobri muita coisa e muitos quilómetros fiz. Também fiz e desfiz várias bicicletas, arranjei no ebay uma LOOK em aço dos anos 90, com suporte para cantilevers, e montei uma espécie de híbrida Light tourer/Ciclocross e andei a descobrir a minha nova zona. Entretanto vendi a LOOK de pista e com isso acabaram-se as fixed gear para mim, e a Eddy Merckx Corsa Motorola Dura-Ace 7400 deu lugar a uma Eddy Merckx MXL Force 22. Depois disso a LOOK Todo-o-terreno deu lugar a uma Singular Osprey que ainda mantenho hoje e goto muito, montada para ser uma Fast Tourer.
Entretanto mudei-me do Alentejo para o Algarve (Lagos) e no horizonte próximo, pretendo comprar uma espécie de do-it-all ou allrounder como lhe chamam os estado-unidenses, ou seja, uma bicicleta que me permita ter rodas 700 ou 27.5 (travões de disco, portanto), braze-ons para tudo e mais alguma coisa (racks, guarda-lamas, terceira garrafa), que seja em aço, obviamente (declaração de interesses: odeio plásticos e derivados), capacidade para pneus até 45C ou 2.1, e que me sirva para fazer umas viagens aqui pelos arredores (e talvez até Sevilha ou Granada), e depois, logo se vê.
É isto.